Asas da imortalidade
Por que as altas autoridades públicas não resolvem os males que atingem a sociedade humana, tais como a miséria, a injustiça social, a homofobia, a corrupção, a criminalidade, o feminicídio, a violência, o preconceito? É que falta a eles uma visão de vida que vá além do nascer, viver e morrer, ou seja, enquanto forem materialistas, tudo farão para viver bem o aqui e agora, olhando apenas para si mesmos e seus interesses, pois o mais importante é conseguir gozar do bom e do melhor, mesmo que isso signifique prejuízo para os outros. Agem pelo bem próprio e de familiares e amigos que rezem pela sua própria cartilha, desprezando o bem público, o bem coletivo, ainda mais quando se trata de olhar para os que vivem na periferia da sociedade, normalmente tratados como desiguais, mesmo inferiores, embora saibamos que perante a lei todos somos iguais, todos temos os mesmos direitos. Mas, que importa a lei? O que prevalece é a política dos interesses individuais e de grupos, pois falta-lhes, a essas autoridades públicas, sentimento, falta-lhes visão espiritualizada sobre o ser humano e a vida.
É aqui que o Espiritismo faz grande diferença, pois um dos seus pilares essenciais é a imortalidade da alma, considerando o ser humano um ser espiritual, preexistente ao nascimento e sobrevivente à morte. Esse princípio, demonstrado pelos fatos observados, estudados e corroborados pelas comunicações mediúnicas dos chamados mortos, se contrapõem às ideais materialistas, levando o ser humano a uma outra ordem de ideias. Esse é o primeiro e essencial ponto que deve ser abordado pela educação, pois é através dela, na formação das novas gerações, que levaremos a uma mudança gradativa nos conceitos sobre a vida e nas ações que fazemos na sociedade.
Podemos vislumbrar a grande diferença entre as ideias materialistas e as ideias espiritualistas, imaginando uma pessoa que recebe notícia de que está com uma doença incurável e que, mais dia, menos dia, irá sucumbir a essa moléstia, irreversível pela medicina. Se essa pessoa for materialista, não pensará duas vezes em procurar gozar tudo o que puder enquanto tiver forças para isso, pois sabe que irá morrer em breve tempo; não poupará esforços em tudo experimentar enquanto tiver um sopro de vida. Ou então irá entregar-se ao desânimo, à tristeza e depressão, considerando ser inútil continuar a viver e ser um fardo para si mesmo e para os outros, o que equivale a cometer suicídio.
Contudo, se essa pessoa for espiritualista, se tiver abraçado o princípio da imortalidade da alma como apresentado pelo Espiritismo, dirá para consigo: tudo bem, se essa é a vontade de Deus, que é soberana, tenho que me resignar e aproveitar o tempo que me resta da melhor maneira possível, dispondo minhas forças para semear o maior bem possível, pois sei que a vida continua depois da morte, pois não sou o corpo biológico, e que tudo o que faço me será levado em conta no retorno ao mundo espiritual. Não há porque agasalhar a revolta ou a tristeza, pois sei que estou neste mundo apenas de passagem, pois a verdadeira vida é a do Espírito, que colherá cem por um de acordo com o que estiver aqui semeando.
A educação espiritualista haverá de transformar os homens e a humanidade para melhor, disso não temos nenhuma dúvida. Enquanto mantivermos a educação materialista, continuaremos a assistir todos os males atingirem a sociedade humana, pois as gerações passam mas as novas gerações darão continuidade, como estão dando, a esses mesmos males, por isso que a corrupção, a violência, a injustiça e outros flagelos continuam, muitas vezes parecendo ainda piores.
Devemos reconhecer que o Espiritismo é, na sua essência, doutrina de educação do ser humano, considerando o mesmo uma alma imortal criada por Deus e destinada a alcançar a perfeição intelectual e moral. Como nos dizem os Espíritos Superiores na magistral obra O Livro dos Espíritos, o que precisamos fazer é destruir o egoísmo, e isso somente pode acontecer com a aplicação da educação moral, através dessa visão imortalista que tão bem estudamos e compreendemos com a Doutrina Espírita.
Muito mais que uma religião de práticas exteriores, o Espiritismo é ciência e filosofia de amplas consequências morais, e que tem na educação o seu grande instrumento, olhando não apenas para o hoje, mas para o amanhã, para o futuro, na inabalável confiança que a Terra, um dia, pertencerá aos brandos e pacíficos, como anunciou o guia e modelo da humanidade, nosso Mestre Jesus, o Cristo de Deus.
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