Diplomas, certificados e educação

Ao abrir a agenda, que ainda uso a de papel junto com a digital, deparei-me com uma frase que me fez pensar: “Escolaridade e inteligência não são a mesma coisa”. Não sei quem a pensou e escreveu, pois não traz identificação de autoria, mas como nomes não são o mais importante, e sim o conteúdo, vamos refletir sobre esse enunciado, que traz em si uma grande verdade.

Sabemos com os ensinos dos Espíritos, conforme os encontramos na primeira obra do edifício doutrinário do Espiritismo, ou seja, O Livro dos Espíritos, que o Espírito é o princípio inteligente do universo, e que desde o ato da criação divina possui em potência, em germe, a inteligência, que vai desenvolvendo gradativamente através das experiências encarnatórias, através de estudos e vivências, provas e expiações, assim como no cumprimento paulatino de missões. Diante disso precisamos perguntar: ter formação escolar é demonstrar ser inteligente? A experiência nos mostra que não é bem assim.

Conhecemos pessoas que possuem ampla diplomação escolar, inclusive no ensino superior, e que têm muita dificuldade em pensar, raciocinar, deixando-se levar com certa facilidade por ideias errôneas, por sistemas sem base racional, sendo facilmente enganadas por pessoas inescrupulosas que não medem esforços em ludibriar os incautos, mesmo aquelas pessoas que apresentam boa formação acadêmica.

E como conseguiram essa boa formação acadêmica se não são tão inteligentes como isso daria a entender? É fácil a resposta: no atual sistema de ensino o memorizar, o copiar e colar, o obter ajuda externa em lugar do esforço próprio, é quase que uma instituição, facilitando o “passar de ano”, a “colação de grau”. Não estamos generalizando, dizendo que todos os estudantes se utilizam desses expedientes, e que todos os professores se acomodam aos mesmos. Longe disso, estamos apenas fazendo uma constatação que é de conhecimento geral, pois existem muitos bons professores, assim como muitos bons estudantes, e que honram o sistema de ensino e a própria educação no que ela verdadeiramente é.

Não basta conhecer, memorizar e exibir um certificado de formação. Quantos péssimos profissionais não os temos na sociedade, apesar de certificados em cursos técnicos e universitários? Então temos que escolaridade, de fato, nem sempre representa a inteligência, pois não são a mesma coisa.

Com relação ao Espiritismo é a mesma coisa. Allan Kardec já nos chamava a atenção quanto a ser um verdadeiro espírita, o que implica na existência do falso espírita, aquela pessoa que até conhece os princípios doutrinários, ou pelo menos os principais, mas não os aplica a si e à sua convivência com as outras pessoas. Pode dizer que já leu e estudou as obras da codificação espírita, que frequenta e exerce atividades no centro espírita, mas isso não é sinônimo de desenvolvimento do senso moral, de que sabe utilizar da lógica e do bom senso.

Quantas pessoas que se dizem espíritas não estão a falar bobagens em nome do Espiritismo? Quantos pseudo espíritas não estão defendendo ideias até mesmo contrárias ao Espiritismo através das redes sociais? Quantos “defensores” do Espiritismo não agasalham ideias radicais, até mesmo fanáticas, de ordem política, em flagrante contradição com a Doutrina Espírita? Demonstram, não há dúvida, conhecimento, exibindo seus diplomas, sua formação acadêmica, como se isso desse aval para falar em nome do Espiritismo, quando do verdadeiro espírita devemos ter demonstração de humildade.

Certa vez, após assistir uma palestra numa instituição espírita, fomos conversar com a palestrante, questionando fraternalmente uma das suas falas, no que, sentindo-se ferida em seu amor próprio, não admitindo que fosse contrariada em seu pensamento, levantou o tom de voz e afirmou que não admitia ser questionada, pois ela era doutora e, portanto, entendida naquele assunto, era a pessoa mais qualificada para fazer o entendimento espírita daquele tema. Não era verdade, pois havia sim proferido uma fala sem respaldo no Espiritismo: era uma opinião pessoal, sem a devida base doutrinária. Mas ela era doutora…

Nem sempre a escolaridade pode ser tomada como sinônimo de pessoa inteligente. Assim também entre os espíritas. Escolaridade e educação também são coisas diferentes, mas isso é assunto para outra oportunidade.

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