Cartas Marcadas

A atual crise financeira mundial capitaneada pelos Estados Unidos não é um problema apenas dos governos ou dos bancos, é também um problema a ser repartido com cada empresário e investidor em ações.

Durante os últimos cinco anos, principalmente, todos ganharam muito em operações de risco e com taxas elevadas, e ao mesmo tempo, seja através de investimentos em novos empreendimentos ou em despesas supérfluas, gastaram muito. Resultado final: crise.

Os americanos emprestaram rios de dinheiro a todo mundo que queria comprar a casa própria ou queria um empréstimo pessoal. Gastaram somas bilionárias para sustentar a máquina da guerra. Criaram a maior dívida interna já vista. Resultado: quebradeira geral.

Os países produtores de petróleo, não satisfeitos com a imensa riqueza que detém, especularam o máximo que puderam, jogando o preço do barril de petróleo nas alturas. Ganharam muito dinheiro às custas do endividamento externo dos outros. Resultado: inadimplência de muitos países, que perderam investimentos e somaram mais alguns milhões de dólares em sua dívida externa.

Agora as multinacionais anunciam redução ou paralisação dos seus investimentos nos países emergentes ou em desenvolvimento, enquanto autoridades econômicas mundiais vão à televisão para fazer pronunciamentos sombrios, como se não soubessem que essas declarações desestabilizam os mercados de ações, ou seja, quem está endividado tenta reverter o jogo com cartas marcadas, num movimento bem articulado onde muitos saem perdendo, mas outros - leia-se eles - saem ganhando.

Até agora ninguém disse onde foram parar 4 trilhões de dólares injetados pelos governos no mercado financeiro. Esse é o valor calculado das perdas nos últimos trinta dias, e as bolsas de valores continuam no vermelho. Também ninguém disse que a recessão vai chegar nos paraísos fiscais como as Ilhas Caymann, a Suiça ou Hong Kong.

O homem, egoísta e materialista, radicado no capitalismo do lucro sobre o lucro, só tem sentimento para o dinheiro, pouco se importando com desemprego, fome mundial e outras coisas mais que atingem os outros. Tanto isso é verdade que para socorrer os bancos particulares apareceu muito dinheiro. Agora, para socorrer os desesperados sem emprego, sem teto, sem comida, sem saúde ... que dificuldade! Nem apelo da ONU (Organização das Nações Unidas) é capaz de sensibilizar.

E o que dizer da prima pobre chamada Educação? Coitada, vai assistir os investimentos minguarem, mesmo sendo considerada prioritária, essencial. É a hipocrisia do discurso que nunca se alinha com as ações.

Essa crise vai passar, como tantas outras já passaram. Será que vamos, desta vez, extrair dela as lições necessárias para humanizar o nosso viver?

Pensemos nisso!

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