Que Professor é Esse?

De Ceilândia, Distrito Federal, chega notícia do suposto incitamento à agressão contra um aluno feita por uma professora. O caso está sob investigação, mas o depoimento das crianças, na faixa etária de 5 anos, revela que a professora teria castigado o aluno segurando seus braços para trás e pedindo para as demais crianças darem tapas em seu rosto. Não estamos aqui para fazer julgamento, mas para fazer um questionamento: que formação estamos dando para os nossos professores?

A revista Nova Escola deste mês de outubro traz como reportagem de capa a matéria "Efeito dominó: por que cursos de pedagogia ruins formam professores despreparados para ensinar os alunos", com revelações muito importantes e que explicam, pelo menos em parte, as aberrações encontradas nas salas de aula das escolas.

Apesar do Ministério da Educação (MEC) incluir nas ações do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) - aliás são 47 ações - a criação do Sistema Nacional de Formação de Professores, inclusive já colocando em prática a Universidade Aberta do Brasil, ofertando, em parceria com as universidades federais, o ensino a distância, a situação ainda vai de mal a pior com o professorado da educação básica, que inclui da creche até o ensino médio.

Os depoimentos das professoras recém-formadas em faculdades de pedagogia entrevistadas na reportagem são reveladores:

"Não aprendi os conteúdos de matemática nem como alfabetizar".
"Ao longo do curso, tive pouquíssimas aulas sobre educação infantil".
"A escola que encontrei não me foi apresentada durante a faculdade".

Contundentes também são os depoimentos das professoras que estão fazendo cursos de capacitação oferecidos pelas secretarias de educação:

"Fiz vários cursos teóricos que não tinham nenhuma relação com a sala de aula".
"É difícil aprofundar as discussões se a formação reúne públicos diferentes".

Temos no país aproximadamente 1.562 cursos superiores de formação de professores com 281 mil alunos, sendo que 24% deles formam a classe dos desistentes (evasão). 49% dos formandos avaliam que o curso não os preparou para a realidade da sala de aula, o que é um índice assustador.

Em pesquisa realizada pela Fundação Carlos Chagas junto a esses cursos superiores constatou-se que as faculdades de pedagogia dão pouco valor à prática e às modalidades de ensino; não há clareza sobre os conhecimentos básicos para a formação do professor; os estágios são apenas para observação e sem orientação adequada; a palavra "escola" quase não aparece nos currículos e, para agravar, os concursos públicos para o magistério pouco testam o "quê" e "como" ensinar.

Tudo isso com relação ao conhecimento científico da educação e sua prática pedagógica. Devo falar alguma coisa com relação à preparação humana, emocional, psicológica do professor?

É bom pensarmos seriamente sobre tudo isso e refazermos o caminho da educação, porque outras notícias vão invadir a mídia, e não serão nada agradáveis.

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