quarta-feira, 16 de junho de 2010

Educação Infantil com Nota Baixa

A educação infantil brasileira merece nota 3,4, numa escala de zero a dez. A conclusão é da pesquisa "Educação Infantil no Brasil: avaliação qualitativa e quantitativa", realizada pela Fundação Carlos Chagas em parceria com o Ministério da Educação e o Banco Interamericano de Desenvolvimento, cujos resultados serão apresentados hoje e amanhã.

Obtido com exclusividade pelo jornal O Estado de S. Paulo, o estudo mediu a qualidade da creche (de 0 a 3 anos) e da pré-escola (4 e 5 anos) em seis capitais de todas as regiões do País: Belém, Campo Grande, Florianópolis, Fortaleza, Rio de Janeiro e Teresina. A nota 3,4 demonstra que a qualidade do ensino infantil tem nível básico (de 3 a 5) - os outros estágios eram: inadequado (1 a 3), adequado (5 a 7), bom (7 a 8,5) e excelente (8,5 a 10).

Foram avaliados 43 aspectos divididos nas seguintes áreas: espaço e mobiliário (média 3,1); rotinas de cuidado pessoal (4,1); linguagem e raciocínio (3,7); atividades (2.3); interação (5,6); estrutura do programa (2,5) e pais e equipe das escolas (3,6). É a primeira vez que se tem acesso a tópicos aprofundados das condições do ensino infantil no País.

O aspecto que recebeu a nota mais baixa (1,6) está dentro da área de atividades e avalia a disponibilidade de materiais para aulas de ciências, como coleções de objetos naturais e livros e jogos temáticos. Já o que recebeu a nota mais alta, 6,7, pertence ao quesito interação e analisa se as relações entre adultos e crianças são empáticas.

Para Marcelo Alfaro, especialista em educação do BID no Brasil, os resultados baixos não surpreendem. Segundo ele, a área mais problemática é a chamada "fundamentalização" do ensino infantil (abordagem semelhante à do ensino fundamental). "Isso é observável, por exemplo, na disposição das carteiras nas salas de crianças de 4 e 5 anos", afirma. "É essencial construir uma identidade própria para a nossa educação infantil." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Lugar de Ensinar ou Educar?

Pensar sobre a função da escola na sociedade é tarefa, hoje, repleta de dificuldades. Para muitos ela é fundamental, para outros pode ser substituída pela educação doméstica. Não há consenso, inclusive, se seu objetivo é ensinar ou educar, porque existe diferença entre o ensino e a educação. Ou não?

Certa vez, desenvolvendo palestra num seminário que abordava a educação dos sentimentos, utizei o termo educador no lugar de professor, como aliás é de meu hábito. Uma professora solicitou a palavra e contestou: "Não sou educadora, sou professora. Formei-me para dar aula de língua portuguesa. Sou uma profissional do ensino".

"Mas não deixa de ser, mesmo assim, educadora", pensei com meus botões (assim diziam nossos avós). Isso porque ela está em sala de aula lidando com pessoas em determinado estágio de desenvolvimento, e na medida em que interage com os outros, na posição de ensinar algo, ela é uma educadora, pois seu ensino e principalmente sua interação, têm significativa influência sobre a personalidade em formação dos seus alunos.

Segundo essa professora a escola é lugar de ensinar, e não de educar.

Em outra ocasião, nova palestra, descobri que entre as professoras presentes catorze delas eram pedagogas, tinham formação superior. Propus que elas definissem, de forma simples, sem preocupação acadêmica, o termo "pedagogia", para melhor entendimento de todos. Depois de cinco minutos de meio silêncio, nenhuma delas conseguiu explicar o que é pedagogia. Dei a definição, que foi considerada satisfatória, e solicitei que dissessem o que era, para elas, educação. Foi decepcionante. Não tinham a mínima noção do que estavam fazendo na escola enquanto professoras. Falta de consciência? Má formação universitária? Inexistência de vocação profissional? Ou um pouco de tudo isso e algo mais?

Como vamos debater a escola, sua missão, seus objetivos, se nem sabemos porque estamos professores e o que é educação?

Por não sabermos a diferença entre ensinar e educar, entre ensino e educação, entre instrução e formação, é que fizemos da escola um lugar onde a vida social não tem vez, porque o tempo está tomado por aulas de matemática, língua portuguesa, história, geografia, ciências, educação física, etc.

Há, inclusive, pedagogos, doutores e mestres em educação que consideram a discussão em torno da educação em valores e da formação em cidadania e ética uma perda de tempo, pois isso seria papel da família e não da escola. Um argumento apresentado é que a criança e o jovem passam mais tempo no lar do que na escola. Mas esses mesmos especialistas concordam que o ideal para a escola é o trabalho em tempo integral, num período de seis a oito horas diárias de estudos e atividades complementares. Não há coerência entre os dois pensamentos. Se a família deve educar para valores e ética, como tirar o tempo da família para colocá-lo na escola, que somente deve ensinar conteúdos curriculares de disciplinas fechadas em si próprias?

E quem já provou, por a+b:

1. Que a escola que ensina não é também a escola que educa?

2. Que o professor que ensina não é também, ou não deveria ser, um educador?

3. Que a escola nada tem a ver com a família?

4. Que a formação em valores não pode ser feita ao mesmo tempo que a instrução em conteúdos curriculares?

E tomei coragem para afirmar, em outra palestra, que eu não era um professor. Fui imediatamente interrompido pela platéia que, indignada, disse que quem ensina é professor, e, portanto, como estava ali a ensinar algo, não podia deixar de ser um professor. E arremataram: "Mas o senhor é mais que um professor, é um educador, porque trabalha a essência das coisas e do ser humano".

Será que eles sentiram a grandiosidade e profundeza do que disseram?

Pensemos nisso.

terça-feira, 25 de maio de 2010

A Intenção é Boa, Mas ...

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou uma lei que determina a instalação de bibliotecas em todas as instituições de ensino do país, incluindo públicas e privadas. De acordo com o texto, publicado no "Diário Oficial" da União nesta terça-feira (25), cada biblioteca deve ter, no mínimo, um título para cada aluno matriculado.

A organização, a manutenção e o funcionamento desses novos espaços devem ser definidos pelas instituições.

Ainda segundo a publicação oficial, as bibliotecas escolares devem contar com "coleção de livros, materiais videográficos e documentos registrados em qualquer suporte destinados a consulta, pesquisa, estudo ou leitura". O prazo máximo para a instalação dessas bibliotecas é de dez anos.

Bem, os dados oficias indicam que mais de 20% dos municípios brasileiros não possuem uma biblioteca púbica. Agora, como essa lei vai ser implementada? Temos bibliotecários em número suficiente? As escolas possuem espaço físico adequado? Os professores estão habilitados e habituados a trabalhar com a literatura?

A ideia é boa e merece apoio, mas entre a ideia e sua prática há um abismo de diferença. Será que essa lei vai "pegar"?

Pensemos nisso.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Avaliação de Professores

Notícia saída do forno promete agitar o magistério:

O Ministério da Educação (MEC) instituiu o Exame Nacional de Ingresso na Carreira Docente. O ministério pretende realizar a primeira prova em 2011. Na primeira edição, poderão participar educadores dos primeiros anos do ensino fundamental (1º ao 5º ano) e da educação infantil.

Segundo portaria publicada no Diário Oficial da União, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) ficará responsável pela prova, que será constituída de uma avaliação de conhecimentos, competências e habilidades.

Uma consulta pública sobre o exame está aberta e terá duração de 45 dias, no site do Inep.

A seleção será parecida com o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O professor fará a prova e poderá usar a nota para ingressar em qualquer uma das redes de ensino que aderirem ao programa.

De acordo com a portaria, os objetivos da prova são subsidiar a contratação de docentes para a educação básica dos estados e dos municípios e conferir parâmetros para auto-avaliação dos futuros docentes, com vistas à continuidade da formação e à inserção no mundo do trabalho.

Além disso, o exame pretende oferecer um diagnóstico dos conhecimentos dos futuros professores para subsidiar políticas públicas de formação continuada e criar um indicador qualitativo que poderá ser incorporado à avaliação de políticas públicas de formação inicial dos docentes.

Secretarias de Educação interessadas em usar os resultados do exame terão de formalizar adesão junto ao Inep. A forma de utilização para a contratação de docentes será definida por cada secretaria.

Comentários a esta notícia são muito bem-vindos.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Dinheiro e Qualidade

Acaba de ser publicado resultado de pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que é órgão do Ministério da Educação (MEC), revelando que a quantidade de recursos destinados à educação não garante qualidade no ensino. A pesquisa comparou os gastos estaduais em cada aluno da rede pública anualmente e os resultados do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). A conclusão é que o dinheiro explica apenas 50% dos resultados de desempenho de uma escola. O restante depende de boa gestão, projetos pedagógicos consistentes e envolvimento da direção, professores, funcionários e pais.

Na análise dos resultados fica claro que o dinheiro é fator diferencial para municípios mais pobres, que efetivamente melhoram o ensino a partir da aplicação de volume maior de recursos financeiros, mas esse diferencial fica quase nulo em municípios mais ricos, onde o que mais vale é boa gestão, projeto pedagógico e envolvimento.

Onde a qualidade do ensino é satisfatória, a pesquisa revela a existência de fragilidades no sistema educacional. Escolas localizadas em bairros de periferia têm Ideb mais baixo que escolas situadas em bairros nobres, ou seja, continua existindo a discriminação social.

Promete o MEC, junto com o Unicef, divulgar no segundo semestre o resultado de pesquisa feita nas escolas que obtiveram o melhor desempenho no Ideb em 2007, em comparação com 2005, com o objetivo de descobrir os caminhos que levaram essas escolas a se destacarem na qualidade do ensino.

Enquanto aguardamos, pensemos seriamente na tríade apontada pela pesquisa, muito importante para colher bons resultados escolares:

> Boa Gestão.
> Projeto Pedagógico Consistente.
> Envolvimento (direção, professores, funcionários, pais).

O dinheiro, naturalmente, é importante, mas se não é bem utilizado e acompanhado pelos outros 50% da receita (a tríade acima), não resolve as questões da educação e do ensino.

Nos próximos textos vamos conversar sobre cada um desses três fatores.

Enquanto aguardamos, qual será a influência da educação moral nesse processo?

Pensemos nisso!

terça-feira, 4 de maio de 2010

Miopia da Mídia

Dê uma passada nos principais sites de notícias, sejam eles portais independentes ou vinculados a mídias impressas (jornais e revistas), e clique em "educação" - isso é, quando existe esse link no menu -, e você, caro leitor, verificará que a maioria considera que educação é sinônimo de vestibular. São notícias e mais notícias ligadas a vestibulares e faculdades, e quase nada com relação ao ensino médio, ensino fundamental e educação infantil.

É triste observar que a mídia possui a mesma miopia do Ministério da Educação, que relega o ensino básico para as esferas estadual e municipal, numa distorção histórica que provoca inúmeros malefícios para o desenvolvimento do ser e da nação.

Bem, reclamar da mídia é um pouco sem propósito, afinal ela considera que ensino fundamental só dá notícia quando um aluno agride um professor e vice-versa. Lamentável distorção de valores originada no descaso que temos com relação a educação moral do homem, com sua formação do caráter e seu desenvolvimento do senso moral.

Por enquanto, valores, virtudes, senso moral, ética e outras questões pertinentes à formação integral do ser estão fora dos bancos escolares. E os problemas sociais se agravam, e o governo estadual do Rio de Janeiro implanta as Unidades de Polícia Pacificadora nos morros (favelas e comunidades) como se transferir a criminalidade de um lugar para outro fosse solução.

A solução para os nossos problemas - individuais e coletivos - está na polícia ou na educação?

Pensemos nisso!

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Hipocrisia e Corrupção

Em pouco tempo o Prouni está mostrando uma faceta do ensino superior que poucos ousam comentar: a hipocrisia. O programa foi criado para financiar estudantes originários de famílias de baixa renda para estudar em faculdades particulares. Além de pagar a mensalidade do curso, o estudante pode ter direito a uma renda mensal, hoje estipulada em R$ 300,00. A ideia pode ser boa, mas acontece que são as próprias instituições particulares de ensino superior que indicam os alunos bolsistas, e, assim, está aberta a porta para a corrupção e falsificação dos dados comprobatórios. É o que mostrou reportagem do programa Fantástico, da TV Globo, exibido ontem, 2 de maio. Hipocritamente, alunos, pais, coordenador e reitor fizeram alegações fora de propósito. Felizmente eles perceberam que estavam em erro e solicitaram ao Ministério da Educação o desligamento dos alunos do programa. Menos mal, podemos dizer, mas durante o tempo em que o esquema funcionou, lesaram muitas pessoas e os cofres públicos, e isso não pode ficar sem punição.

Segundo o MEC, existe fiscalização e punição, tanto que até o momento 17 instituições particulares de ensino superior foram descredenciadas do Prouni, com mais de 1.200 estudantes respondendo processos. O universo de estudantes sem direito a bolsa é até pequeno, mas o número de instituições punidas é alarmante.

Moralizar o ensino superior não é tarefa fácil, porque isso é dependente da moralização das pessoas que fazem as universidades e centros universitários. E se o processo de moralização do ser não começar na base da educação, fica muito, muito difícil.

Então, diante dos fatos, podemos perguntar: quando o MEC vai abraçar a educação moral e priorizar o ensino básico?

Pensemos nisso!

terça-feira, 6 de abril de 2010

Pulseira do Sexo

Pulseiras coloridas de silicone estão enfeitando os braços de nossas crianças e adolescentes. Custando apenas alguns centavos, são vendidas às centenas em bancas e pequenas lojas diariamente. Aparentemente apenas um enfeite como qualquer outro, uma moda que depois será substituída por outra. Não é bem assim.

Há aproximadamente dois anos essas pulseiras foram batizadas, na Inglaterra, com códigos sexuais. Cada cor significa uma ação sexual que o usuário aceitaria fazer, caso a pulseira seja arrebentada por alguém. Vai desde um simples "selinho" até chegar ao extremo do ato sexual. É por isso que são conhecidas como pulseiras do sexo.

O funcionamento é simples. A criança, ou adolescente, está na rua, ou na escola, e alguém se aproxima e arrebenta a pulseira, com um forte puxão. Esse alguém pode ser um colega ou uma pessoa adulta. Arrebentada a pulseira, isso significa que seu portador está obrigado a fazer a ação sexual com a pessoa. Se você é pai ou mãe, pode imaginar seu filho ou filha sendo obrigado, a, por exemplo, dar um beijo de língua num estranho, e adulto?

A situação é muito séria, já tendo ocorrido caso, aqui no Brasil, de uma adolescente de 13 anos ser constrangida a ter relacionamento sexual, pois a outra pessoa, um jovem de 19 anos, tê-la, fisicamente, obrigado a cumprir o ritual previsto pela cor da pulseira que carregava no braço.

Muitos pais e responsáveis estão totalmente desligados da existência e significado dessas pulseiras, e muitos jovens alegam que as utilizam apenas porque são bonitas, dão um bom visual. Tanto os pais e responsáveis, quanto os jovens, estão em situação de risco ao manterem essas posturas.

Algumas escolas estão confiscando as pulseiras dos alunos e somente devolvendo-as aos responsáveis, quando se estabelece uma conversação séria a respeito. Igualmente temos notícia de escolas fazendo alertas aos pais e alunos através de circulares, reuniões e palestras.

Por que toda essa movimentação? Porque pedófilos estão se aproveitando dessa situação, inclusive em redes sociais na internet, para aliciar crianças e adolescentes e marcar encontros, aparentemente inocentes, mas onde se aproveitarão da fragilidade física e emocional delas para concretizar o objetivo do abuso sexual.

Deve haver, por parte dos pais e responsáveis diálogo sério com seus filhos a respeito dessas pulseiras e suas possíveis consequências, conscientizando-os dos riscos que assumem, e das preocupações em que colocam os familiares. Pode ser bonito, pode estar na moda, mas ...

E os professores não podem ser indiferentes, procurando, nas aulas, alertar os jovens para esse comportamento de risco, o que dá ensejo para discussões sérias sobre a sensualidade aberta, o uso do corpo como objeto de desejo e prazer, pois somos seres humanos e não existimos apenas para viver com base nos instintos sem controle.

Fica aqui este alerta.

Está mais do que na hora de encararmos com seriedade a orientação sexual de nossos filhos e alunos.

Pensemos nisso!

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Orientação da Sexualidade

Nova polêmica educacional está no ar: a inserção no ensino fundamental, a partir dos 7 anos de idade dos alunos, da disciplina educação da sexualidade. Os grupos pró e contra, tanto de professores quanto de pais já estão em formação, e experiências já realizadas por alguns países nesse campo estão em discussão.

É uma questão importante. A sexualidade faz parte da vida humana e os jovens estão cada vez mais precocemente iniciando a vida sexual. E isso traz consequências que necessitam ser discutidas.

A orientação sexual ou educação da sexualidade não pode ficar fora da escola, é o que pensamos, mas temos aqui algumas graves considerações: quais serão as diretrizes? a abordagem terá cunho apenas de saúde? e os valores íntimos sobre sexualidade do professor que vai ministrar as aulas? a disciplina será informativa ou formativa? e as convicções religiosas que interferem na vida sexual?

Educação da sexualidade com um professor que defende o aborto, que incentiva a relação sexual aberta, que se veste sensualmente, que confunde o amor com o sexo, terá consequências desastrosas numa sociedade que está às voltas com doenças sexualmente transmissíveis, gravidez na adolescência, estupros. Se a professora considera normal ter relacionamento sexual fora do casamento, o que caracteriza o adultério, que orientação passará aos alunos?

Embora a maioria dos pedagogos e especialistas da saúde não abordem a temática, a verdade é que a orientação da sexualidade está intimamente atrelada aos valores morais do educador. Não há como separar uma coisa da outra.

Contou-nos um professor que, procurado por uma adolescente que havia engravidado numa relação fortuita e pensando em praticar o aborto, a orientava no sentido de preservar a vida dela e do futuro filho, quando aproximou-se uma professora e, ficando ciente do caso, deu a seguinte orientação: "Você é muito jovem, tem muito que viver e gozar, tira logo essa coisa e não seja burra da próxima vez". E perguntamos: e se essa professora for a orientadora da sexualidade na escola?

A verdade é que o tema sexualidade é tabu na escola. Não faz parte do currículo e os professores evitam falar do assunto com os alunos mesmo em conversas informais. Mas o assunto sexo está presente nas conversações íntimas e nos bate-papos na sala dos professores, afinal o sexo faz parte do cotidiano dos adultos. E temos professores preconceituoso, outros fechados em dogmas religiosos, outros fechados no poder masculino, outros submissos, outros tantos execessivamente abertos às experiências sexuais, e assim por diante. É um universo de visões, preferências e condutas.

O início da discussão sobre o tema e sua possível inserção no currículo escolar é um bom sinal. Sinal que estamos preocupados com o que está acontecendo no mundo infanto-juvenil. Temos muito o que discutir, e essa discussão será realmente produtiva quando levarmos em consideração a diversidade cognitiva-emocional dos alunos numa sala de aula, a formação moral dos educadores e a participação dos pais no processo de orientação sexual.

A sexualidade responsável e que não agride nem a si mesmo nem ao outro é o ideal a ser alcançado. Não somos coisas descartáveis, somos seres humanos. Não somos máquina instintiva sem controle, somos dotados de razão, bom senso e força de vontade.

Sexo é energia que, sem o conduto do amor, desequilibra a saúde e brutaliza o ser. Será que pedagogos, professores e profissionais da saúde possuem esse entendimento?

Pensemos nisso!

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Porque Devo Fazer Minha Parte

Nem sempre percebemos a importância da ação individual no contexto coletivo. Acreditamos que somos tão insignificantes no meio da multidão, que esquecemos que a não presença dos indivíduos torna impossível a existência da multidão.

A montanha só existe porque milhões de grãos de areia, terra e outros minerais se aglomeram, compactam e tornam possível a maravilha que se ergue ao céu.

O mar só existe porque milhões de gotas de água se confundem num todo, dando origem à riqueza diversificada das profundezas oceânicas.

Assim também a sociedade humana, formada por milhões de indivíduos.

Fazer a minha parte é fundamental em todos os setores da vida e, especialmente, fundamental na questão do equilíbrio e preservação do meio ambiente.

Parece não ter nenhum efeito jogar o copo descartável no chão, ou despejar o lixo na beira de um córrego, afinal é apenas um copo, um único saco de lixo. Tem muito efeito, sim. Porque não sou apenas eu que faço isso, são milhares de pessoas, todos os dias, e tudo que se acumula, que vai se juntando, forma algo grandioso: toneladas de lixo nas ruas, bueiros entupidos, rios assoreados, enchentes.

Cortar a árvore existente no quintal ou no jardim, pois suas folhas dão muito trabalho, todos os dias, para serem varridas e recolhidas, parece um ato isolado que a ninguém afeta. Engano! Eu corto, o vizinho corta, o condomínio da esquina corta: eis o efeito dominó desequilibrando o sistema ecológico que sustenta a vida no planeta.

Devo fazer minha parte porque a sustentabilidade da vida não depende apenas dos outros ou dos órgãos públicos, depende também de mim, das minhas ações, da minha consciência sobre o planeta e a vida.

E posso começar não sujando mais as ruas e cultivando flores e plantas em minha casa, nas janelas e em todos os espaços que recebam luz natural. Posso também adotar uma praça pública, ajudando a conservá-la e, em conjunto com a administração pública, arborizando-a.

Fazer a minha parte é fundamental para combater o efeito estufa e toda espécie de poluição.

Posso combater o desperdício de água aprendendo a tomar banho em apenas cinco minutos, desligando o chuveiro enquanto faço a higiene corporal, só ligando-o novamente para o enxague.

Procuro, todos os dias, fazer minha parte. Você está se esforçando em fazer a sua parte?

Pensemos nisso!

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Desenvolvimento da Educação

Desde o ano 2000 o Brasil faz parte do compromisso Educação para Todos, assinado por mais de 160 países com a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura). O compromisso prevê o cumprimento de seis metas incluindo a universalização do ensino fundamental, a redução da taxa de analfabetismo e a melhoria da qualidade de ensino. Segundo relatório atualizado da Unesco, o Brasil está muito mal: ocupa a 88ª posição no Índice de Desenvolvimento Educacional (IDE). Milhares de crianças e jovens estão à margem do processo educacional nas escolas brasileiras.

Não é de espantar. O governo federal dedica verbas vultosas para a construção civil, para a copa do mundo de futebol e para o ano olímpico no Rio de Janeiro, e não para a educação. Para esta gasta verbas em propaganda rádio-televisiva para dizer, através de artistas conhecidos do público, que a educação é o melhor legado para os filhos, carimbando a propagando com o selo do compromisso Educação para Todos. Será este um caso de propaganda enganosa?

Continua o velho discurso da instrução, do ensino como sinônimos de educação. Ir bem na escola e ter os deveres escolares subsidiados pelos pais parece ser tudo de bom na educação, o que não é verdade. Isso não forma o homem ético que estamos procurando, desejando e solicitando. Não forma o homem moral, tão em falta em nossa sociedade.

Fala-se muito na corrupção e na alta carga de impostos que o brasileiro paga. O quadro não muda há décadas. Por que? É fácil a resposta: e o caixa dois? Reduzir impostos é tirar da administração pública verbas vultosas que hoje são desviadas para interesses individuais, de grupo e político-partidárias. A manutenção da corrupção é incentivada. Isso não é trabalhado pela educação, não é discutido na escola, até porque parte do professorado está envolvido nessa malha corruptora do caráter, da consciência.

Não há chance de mudarmos o quadro atual enquanto não houver foco prioritário sobre a educação, a verdadeira educação, que deve propiciar o desenvolvimento do ser integral e levá-lo ao fortalecimento do senso moral.

Insistimos na espiritualização e humanização da educação e, por consequência, da escola e do ensino.

O homem não pode ser medido pelo seu valor de produção econômica, pelo somatório de suas pós-graduações, ou por qualquer outra coisa que não seja o seu caráter, o seu eu, sua singularidade. Somente os valores internalizados desdobrados nas ações cotidianas coletivas podem medir quem somos, podem falar de cada pessoa.

O desenvolvimento da educação passa necessariamente pela visão integral do ser e da vida, modificando as metas propostas para os indivíduos e a sociedade, que passam ao patamar da espiritualidade do ser e da vida.

Temos uma década do compromisso Educação para Todos, e a triste constatação brasileira é que tudo continua como sempre foi.

Pensemos nisso!

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Direitos Humanos

Assistimos recentemente a tragédia humana ocorrida no Haiti por conta do terremoto que atingiu sua capital, e percebemos a mobilização internacional para socorro e resgate da população fortemente impactada. Equipes especializadas de socorro, mantimentos, remédios, água mineral, roupas, equipamentos foram deslocados com rapidez, num exemplo de solidariedade, deixando em segundo plano as questões políticas, culturais e religiosas.

Passado o impacto e contabilizando-se as vítimas, mais de cem mil mortos nos dados oficiais da Organização das Nações Unidas, talvez chegando a duzentos mil como informa o governo haitiano, organiza-se a reconstrução da capital Porto Príncipe, e da estrutura do país. Milhões de dólares já estão alocados para essa nova etapa da solidariedade internacional.

É uma mobilização que merece aplausos, entretanto, infelizmente ela só aconteceu após a tragédia, que estava anunciada há muito tempo.

O Haiti é o país mais pobre das Américas. 80% de sua população vive abaixo da linha da miséria. O nível de desemprego é da ordem de 90% de seus habitantes. O país está situado numa região de ocorrência frequente de terremotos, maremotos e furacões. Durante quatro décadas conheceu uma guerra civil desumana, até que a intervenção da Força de Paz da ONU conseguiu restaurar a democracia política. Um quadro de tragédia anunciada.

E apesar desse anúncio antecipado, quase nada foi feito. Há anos a Força de Paz realiza trabalho humanitário de ajuda, embora essa não seja sua principal função, e reportagens nas mais diversas mídias denunciam o estado lamentável do povo. Mesmo assim os direitos humanos continuaram a ser desrespeitados, e a ajuda internacional ficou muito longe de verdadeira e espontânea solidariedade.

Tudo isso mostra que o discurso não está antenado com as ações. Ainda somos movidos pelos acontecimentos trágicos, não sabemos realizar a profilaxia da prevenção, que agoniza nos gabinetes políticos e arrasta-se nas reuniões dos organismos internacionais que deveriam promover a solidariedade.

Como podemos assistir, insensíveis, às tragédias anunciadas? Vários países africanos, por exemplo, estão agonizando. Populações sofrem com a miséria, as doenças, a falta de água potável, a guerra civil, enfim, com condições precárias de sobrevivência, e os países mais ricos ficam discutindo a economia internacional, em encontros onde se gastam milhões de dólares com luxo, segurança e outras coisas. Tudo inútil, terminando com a assinatura de um protocolo de intenções que não define com clareza as metas a serem alcançadas, e nem estabelece prazos.

Enquanto isso, a cada dia, milhares de crianças, jovens e adultos, homens e mulheres, morrem por falta de assistência, de emprego, de dignidade para viver.

Até quando a sociedade civil, através de verdadeiros missionários dos direitos humanos, terá de organizar serviços para fazer o que os governos deveriam fazer? Exemplo do que estamos falando está personificado em Zilda Arnse e sua Pastoral da Criança. Ela nos deixou na tragédia do Haiti, mas sua vigorosa e humanitária obra aí está, salvando mães e seus filhos da desnutrição, da miséria, da indignidade de viver para assistir a chegada prematura da morte. Talvez essa obra humanitária erguida por uma alma vibrante de amor não precisasse existir, e Zilda Arns pudesse canalizar sua força para outras tarefas. Isso poderia ocorrer se as autoridades públicas parassem de brincar com os direitos humanos.

O direito de viver com dignidade é o primeiro e básico direito humano. E isso independe da nacionalidade, da cor da pele, da religião professada, da escolha sexual, da faixa etária, da condição social, mas depende da vontade humana, de querer realizar o que há décadas está no papel.

A hipocrisia é incompatível com a solidariedade.

Os direitos humanos são incompatíveis com o preconceito e a discriminação, o egoísmo e o orgulho.

Antes que uma próxima tragédia aconteça, façamos os esforços necessários para que a vida humana seja preservada e os bens e serviços sejam igualmente distribuídos a favor de homens e mulheres, crianças e adultos, em todas as regiões do mundo.

Pensemos nisso!

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Temos o Maior Índice de Repetência

Em sua edição de 20 de janeiro, o jornal Zero Hora publicou a seguinte reportagem:

"A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) divulgou ontem um relatório com números preocupantes para o Brasil. O índice de repetência no Ensino Fundamental atinge 18,7%. É o maior da América Latina e do Caribe, onde a média chega a 4,4%.

O alto índice de abandono nos primeiros anos de educação também alimenta a fragilidade do sistema educacional do Brasil. Um grupo de 13,8% dos brasileiros larga os estudos já no primeiro ano do ensino básico. Nesse quesito, o país só é melhor do que a Nicarágua (26,2%) na região.

Apesar disso, o Brasil está no grupo de países intermediários em relação ao cumprimento de metas sobre acesso e qualidade de ensino estabelecidos pela organização. O país ocupa a 88ª posição em um ranking de 128 países.

Em 2000, mais de 160 países assinaram o compromisso Educação para Todos, que previa o cumprimento de seis metas incluindo a universalização do Ensino Fundamental, a redução da taxa de analfabetismo e a melhoria da qualidade do ensino. Para isso, foi criado o Índice de Desenvolvimento de Educação para Todos (IDE).

A Noruega lidera o ranking da Unesco. Ela e mais 60 países estão no grupo daqueles que já cumpriram ou estão perto de atingir todos os objetivos firmados no compromisso. Trinta e seis estão no grupo “intermediário” e 30 são classificados com IDE baixo.

Entre as quatro principais metas estabelecidas pela Unesco, o Brasil tem um bom desempenho na alfabetização, no acesso ao ensino fundamental e na igualdade de gênero. Porém, o desempenho é baixo em relação ao percentual de alunos que conseguem passar do 5º ano do Ensino Fundamental".

Bem, apesar dos esforços das autoridades públicas nos últimos tempos, continuamos em situação muito delicada na educação que, aliás, continua não sendo prioridade, embora reconheçamos que muita coisa boa está acontecendo nas escolas. É que poderia estar acontecendo muito mais, e já termos atingido as metas do Todos pela Educação.

Por falar nisso, o governo federal está veiculando pela televisão publicidade sobre esse compromisso, colocando artistas para falar do quanto apóiam a educação e acompanham seus filhos na escola, o que mostra que continuamos a confundir a instrução com a educação, a aquisição do saber e desenvolvimento de habilidades com a formação moral e o desenvolvimento integral do ser.

Até quando vamos assistir repetência e abandono?

Até quando vamos insistir numa educação rígida, formatada e não interativa?

Pensemos nisso e iniciemos a renovação da escola.

Educadores da Humanidade



É com prazer e alegria que informo a todos os meus leitores o lançamento do livro Educadores da Humanidade, de minha autoria.

Educadores da Humanidade, histórias e pensamentos sobre a essência da educação, um livro para fazer você sonhar, se encantar e renovar sua prática educacional na família e na escola.

Traz a vida, obra, bibliografia e pensamento de educadores que fizeram mudanças na história da humanidade:

Celestin Freinet
Comênio
Jean-Jacques Rousseau
Jean Piaget
Jiddu Krishnamurti
Johan Heinrich Pestalozzi
Leo Buscaglia
Maria Montessori
Paulo Freire
Pierre Weil
Rudolf Steiner
Sathya Sai baba

E ao final de cada capítulo, você irá saborear uma entrevista inédita, com base nos escritos deixados pelo educador.

Educadores da Humanidade, lançamento em E-book ao preço de R$ 9,90.

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terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Educação, Ecologia e Direitos Humanos

Aos meus amigos e amigas que acompanham o blog Análise & Crítica, estou de volta, após um merecido tempo de descanso.

Os artigos, notícias e outros eventos relacionados ao conteúdo do blog voltam ao normal a partir desta data, mas com uma novidade: agora os textos vão abordar, além da área educação, também as áreas ecologia e direitos humanos.

Fique ligado!

Um grande abraço e até a próxima postagem.

Vídeo - O Jovem e a Dinâmica Educacional

O vídeo sobre educação espírita O Jovem e a Dinâmica Educacional aborda a importância da participação do jovem no processo ensino-aprendizag...