A alma da educação

Você já parou para pensar sobre o que é mais importante na educação? Qual é o centro do processo educacional? Pensar sobre isso é da máxima importância, pois trata-se de saber qual é a essência da educação e para onde devem convergir todos os esforços em educar. E a quem educamos? Ao ser humano, é a resposta positiva. Que é o ser humano? Uma alma em desenvolvimento, afirmamos. Nossa afirmação pode parecer estranha para alguns educadores, mas devemos lembrar que todos aspiramos por algo maior do que nós, todos possuímos potencialidades que vão além dos cinco sentidos corporais.

Todas as religiões, sejam ocidentais ou orientais, sejam cristãs ou não, proclamam a existência da alma enquanto criação divina, superior. A Psicologia surgiu para estudá-la (psico = alma + logia = estudo), mas é fato que com o tempo se distanciou da sua finalidade, o que precisa retomar com urgência. Assim, seja você religioso ou não, o fato é que a alma é objeto de consideração e estudo tanto do ponto de vista religioso quanto científico. Veja-se, por exemplo, a Física Quântica e a Psicologia Transpessoal, que partem da existência da alma, estudando-a.

Por que a alma está fora das cogitações da educação? Por que a espiritualidade do ser humano está fora do processo educacional realizado pelas escolas?

A existência da alma é a alma da educação, e isso já foi enunciado por diversos pensadores, filósofos e educadores ao longo da história humana.

Acontece que há uma geral confusão entre alma, espiritualidade, religiosidade e doutrina religiosa. Não defendemos esta ou aquela doutrina religiosa, nem tão pouco que elas sejam ensinadas nas escolas, a não ser do ponto de vista facultativo de acordo com os interesses dos alunos e dos pais. O que defendemos é a humanização do ser humano, o desenvolvimento de valores ético-morais calcados na religiosidade, ou seja, no ato da fé transcendente, fé que deve ser raciocinada, levando a criança e o jovem ao encontro com sua espiritualidade, sua essência, o eu profundo enquanto alma que é.

Desse ponto de vista propomos uma revolução educacional, e estamos bem cientes disso. A escola não deixaria de ser laica, pois continuaria desvinculada de qualquer doutrina religiosa – exceção feita às escolas declaradamente confessionais -, mas trabalharia o desenvolvimento da religiosidade ou espiritualidade.

Então teríamos uma escola preocupada com a essência da educação: o ser humano, Temas e atividades ligados à empatia, solidariedade, humanização, ética, cooperação, sustentabilidade e outros regeriam o processo educacional centrado nos aspectos da aprendizagem, exatamente o contrário do que hoje acontece, pois atualmente o processo está centrado na ensinagem, onde o professor é tudo e o aluno é nada.

Na medida em que desconsideramos a realidade da alma, afundamos a educação cada vez mais no atoleiro das disciplinas curriculares com seus conteúdos – que obviamente continuarão a existir, mas sem serem o essencial do processo -, desviando o processo educacional da formação de bons cidadãos, que tenham autonomia para pensar e saibam se colocar em ação pelo bem da coletividade humana e do planeta.

A educação da alma é o antídoto da corrupção, da injustiça, da miséria e da violência.

Temos pelo mundo propostas pedagógicas nesse sentido, revestidas de inúmeros nomes: educação em valores humanos, educação em virtudes, educação ética, educação moral e assim por diante, com metas e dinâmicas diversificadas visando fazer do ser humano um ser além do corpo biológico, além do dia a dia, que alcance patamares mais altos de felicidade e paz.

É dessa educação que necessitamos, educação que leve em conta a alma, substituindo o materialismo pelo espiritualismo, quando então teremos uma Humanidade muito melhor, exatamente aquela que tanto sonhamos para podermos viver em paz uns com os outros.

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