sábado, 29 de junho de 2024

Os pais e a evangelização espírita

Um evangelizador da infância, atuante no centro espírita, fez uma indagação importante no grupo de estudo: por que nas atividades dedicadas às crianças, as igrejas católica e evangélica têm bom público, enquanto no centro espírita são poucas as crianças, e menos ainda os pais? Sem querer generalizar esse quadro, é um fato que pode ser constatado em grande escala. E o jovem evangelizador acrescentou: Muitos pais, frequentadores do centro espírita, dizem que os filhos é que decidem se querem ou não ir à evangelização, ou que compromissos sociais, familiares e culturais muitas vezes impedem a participação, pois normalmente a evangelização espírita ocorre no sábado ou no domingo. Sim, isso acontece, vez ou outra, mas sempre? E a agenda familiar, priorizando o processo de evangelização, não pode ser adaptada, cumprindo os outros compromissos em outros horários que não o da evangelização espírita infantojuvenil? Afinal, o que queremos para nós e nossos filhos: o reino dos céus ou o reino da terra?

Diante de uma humanidade em grande parte egoísta, violenta, hipócrita, corrupta, com pessoas indiferentes e insensíveis com os outros e com a natureza, percebemos o quanto necessitamos do Evangelho, o quanto necessitamos desenvolver o sentimento do amor, e a missão da evangelização espírita é despertar e desenvolver o potencial divino que a todos pertence, para aprendermos a nos amarmos, colocando em prática a solidariedade, a fraternidade e a caridade. E tudo isso com dois componentes importantíssimos que o Espiritismo nos traz: a imortalidade da alma e a reencarnação.

Equivocam-se os pais quando depositam no livre arbítrio dos filhos uma escolha que, em verdade, não compete a eles, ainda mais quando crianças, pois é missão educacional dos pais orientar os filhos para a vida. Se o Espiritismo e a frequência ao centro espírita fazem parte da rotina dos adultos, por que não deveria fazer parte da rotina das crianças e dos jovens? Se a doutrina espírita faz bem aos pais, por que não faria bem aos filhos? Estamos no terreno do raciocínio lógico, mas numa época em que até o bom senso é atacado, argumentos não faltarão aos que se comprazem com a vida mundana, para refutar esse raciocínio lógico. Mas isso pouco importa, pois não esconde a verdade de sermos necessitados da luz do Evangelho, dos ensinos morais de Jesus, o guia e modelo da humanidade, como aprendemos com os ensinos dos espíritos superiores.

Os filhos podem ser muito inteligentes, mas se essa inteligência não consegue promover o bem para todos, de que isso adianta? Os filhos podem ser muito espertos e vivazes, mas se não sabem equilibrar direitos com deveres, de que isso adianta? Os filhos podem estar muito bem nos estudos na escola, mas se não sabem o valor da cooperação, de que isso adianta? É por estarmos distanciados do aprendizado e da vivência do Evangelho, que continuamos a assistir tantos males vicejando no mundo.

Compete à direção dos centros espíritas e dos órgãos de unificação do movimento espírita, promover, de forma constante, campanha de esclarecimento sobre a importância e os benefícios da evangelização espírita junto às crianças, aos jovens e aos adultos, numa visão integral da família e da vida futura, lembrando que somos responsáveis pela humanidade de hoje e de amanhã, que, aliás, irá nos receber de volta através dos mecanismos reencarnatórios, e não podemos esquecer disso.

Voltemos agora nosso olhar sobre o processo educacional que envolve a evangelização espírita. Não é mais possível conceber aulas que apenas instruem, sem que haja plena participação dos educandos, numa constante interação entre eles e o educador. Não é mais possível um processo que não leve em conta as atividades lúdicas, como brincadeiras e jogos. Não é mais possível conceber um processo educacional que desconsidere o mundo atual com suas tecnologias e seus desafios. Não é mais possível conceber um processo educacional que não tenha como prioridade o aprender e viver as lições morais do Evangelho. É assim que entendemos não ser mais possível atender apenas as crianças e os jovens, mas igualmente os adultos – pais, avós e tios –, pois a evangelização espírita deve olhar para a família e sua interação na sociedade.

Pais que não priorizam a evangelização espírita para os seus filhos, e/ou que não participam do grupo de pais no centro espírita, estão colidindo com a questão 582 de O Livro dos Espíritos, que nos informa, através da voz dos espíritos, que é missão dos pais a educação dos filhos, respondendo perante a lei divina pelo não cumprimento dessa missão. Quando falamos da educação dos filhos, entendemos com a Doutrina Espírita o desenvolvimento da educação moral e espiritual, onde está inserida a evangelização espírita, motivo pelo qual temos que repetir o apelo da espiritualidade maior: evangelização, serviço de urgência para termos um mundo melhor!


sábado, 22 de junho de 2024

Superando barreiras

A violência sempre gera dor e sofrimento, muitas vezes inenarráveis, outras vezes com devastações psicológicas invisíveis, e ainda outras chocantes e paralisantes pela irracionalidade de suas causas e dos atos brutais cometidos. Somos seres humanos dotados de racionalidade e sentimento, inteligência e pensamento, emoção e psicologia, o que nos diferencia de todas as outras espécies habitantes do planeta. Sabemos aprender com as experiências vivencias. Somos seres históricos, sociais e de progresso constante, mas, aparentemente, nada disso tem feito com que deixemos de ser egoístas e orgulhosos, teimosamente vivendo apenas para nós mesmos ou nossos pequenos grupos de interesse, como a família, o partido político e outros, mesmo que isso signifique prejudicar a maioria. Mas essa análise não pode ser estendida de forma generalizada, pois entre nós também temos os altruístas, os pacificadores, os solidários, numa gama enriquecedora de pessoas que trabalham pela paz, pela justiça social e uma humanidade mais ética.

Precisamos acelerar a superação das barreiras étnicas, raciais, religiosas, culturais, sociais e outras, mantenedoras de preconceitos e discriminações que por sua vez geram vários tipos de violência. O caminho para essa superação requer que nos compreendamos como irmãos, com direitos iguais, pelo simples e profundo fato de sermos todos seres humanos. A diversidade de cor de pele, de culturas e assim por diante não retiram nossa essência: somos seres humanos!

Então o primeiro passo na superação das barreiras que nos impelem ao viver violento, é o reconhecimento que todos temos direitos iguais, sejamos homens ou mulheres, crianças ou adultos, jovens ou idosos. A partir dessa compreensão fica sem sentido violentarmos o direito do outro, pois assim como vamos querer que meu direito seja respeitado, também deverei respeitar o direito do outro. O respeito é o primeiro passo para a aplicação da ética na convivência humana. E se temos os direitos iguais na condição de seres humanos, poderemos dar um segundo passo muito importante na quebra das barreiras e implantação de um novo paradigma: a superação do preconceito racial, que há muito tempo separa os homens e mulheres pela cor da pele, pela cultura, pela origem nacional ou continental. Não há sentido, nem justificativa, para essa discriminação. Se historicamente tivemos períodos marcantes desses preconceitos e discriminações, hoje não há mais razão para que uns se considerem superiores em relação a outros.

Muitas guerras, perseguições e extermínios tiveram por causa o desrespeito à condição humana deste e daquele povo por parte de outro povo que se considerava superior ou detentor de direitos na verdade injustificáveis. A ganância por riquezas, poderio econômico e político causou, e ainda causa, muita dor e sofrimento, quando o fato de termos uma cor de pele diferenciada, um cabelo diferente ou sermos desta ou daquela região apenas mostram que existe multidiversidade na raça humana, e somente isso.

Outra barreira a ser superada em nome da paz é a religiosa. Como podemos conceber que, por exemplo, cristãos briguem entre si pelo simples motivo de terem interpretações diversas sobre as palavras do Cristo? Como podemos continuar a discursar que somente esta ou aquela doutrina religiosa conduz os seres humanos para a salvação, quando o que importa é que a religião nos faça melhores? Cristãos, Islâmicos, Judeus, Budistas, Hinduístas e tantos outros, todos têm por princípio em suas doutrinas a moralização e espiritualização de seus adeptos. Nos seus ensinos morais há convergência entre todas essas correntes religiosas. O que justifica a guerra religiosa, declarada ou não, entre os adeptos de religiões diferentes?

E temos agora outra barreira a ser superada: a política, que separa as nações, alimenta a guerra econômica e militar, promove um embate quase sem fim entre capitalismo e comunismo, entre tendências de esquerda, centro e direita, dificultando o entendimento e a cooperação mesmo nos encontros internacionais realizados para esse fim. Muitas vezes observamos que o que está em jogo é a posição pessoal de pessoas que querem manter o poder em suas mãos, ou a posição de grupos que querem manter sua hegemonia, sua influência no mundo. Tanto o poder individual quanto o de grupo tendem a não representar os reclamos e esperanças da maioria, gerando então mais violência, com leis injustas, achatamento salarial das classes trabalhadoras, ditadura disfarçada em democracia e outras coisas que bem conhecemos na história humana.

O reconhecimentos dos direitos iguais entre os seres humanos haverá de quebrar paradigmas, superar barreiras e deixar os ódios sem base. Fará com que procuremos novos meios para resolver eventuais conflitos, que não a violência, pois ela somente produz dor, sofrimento, separação, preconceitos e discriminações que passam de uma geração a outra, quando podemos tudo resolver com diálogo, respeito, ética e solidariedade, caminhando assim rumo a uma humanidade pacífica, mais justa e cooperativa, o sonho que muitos sonham e que é possível tornar realidade.


domingo, 16 de junho de 2024

O aborto na visão espírita

O Espiritismo, ou Doutrina Espírita, considera que a vida pertence a Deus, pois ele é o Pai e o Criador de tudo o que existe, sendo o princípio do Universo. Também considera que somos seres espirituais criados por Deus, tendo por destino alcançar a perfeição moral e intelectual, o que se dá através da pluralidade das existências, ou seja, a reencarnação neste e nos mais diferentes mundos, daí também tendo por princípio a pluralidade dos mundos habitados. Diante disso, o Espiritismo se posiciona claramente contrário ao aborto, pois a vida não nos pertence, e toda alma ou espírito, tem o direito de nascer, ou melhor dizendo, renascer. Agora, pelo fato de se posicionar contrário ao aborto, isso não significa que o Espiritismo se posicione a favor da criminalização do mesmo, lançando a mulher, através de uma sentença judicial, na prisão, por muitos anos, de forma quase irremediável, como se isso fosse solução para esse atentado contra a vida, cujas causas e circunstâncias são as mais diversas, envolvendo outros personagens, como aqueles que incentivam e acobertam tal prática; aqueles que realizam o abortamento e se enriquecem financeiramente; aqueles que vilipendiam a vida da mulher através do estupro; aqueles que utilizam a mulher como objeto de prazer sexual e depois a abandonam. Por que a esses a justiça não alcança ou prevê penas mínimas?

É muito fácil, tranquilo, para uma sociedade machista, misógena, preconceituosa, lançar a fatura do aborto, com todo o seu peso, exclusivamente na mulher, quando deveria respeitá-la e ampará-la, e assim minimizar essa questão, pois, não devemos esquecer, os direitos são iguais, e Deus não possui preferências entre seus filhos. A sociedade quer condenar a mulher, ao mesmo tempo em que finge não ver que muitos homens vivem apenas e tão somente pelo prazer da sexualidade livre, sem observar suas consequências, pois procuram apenas a própria satisfação, mesmo que isso leve à gravidez não pensada, não planejada, sendo fácil para o homem largar a mulher e não assumir sua responsabilidade, quando existem os métodos anticoncepcionais não abortivos, de prevenção, e, mais do que isso, quando deveríamos nos aplicar na educação, desde a infância, para que jovens e adultos soubessem bem se conduzir na vida, com autocontrole e respeito a si mesmos e ao semelhante, à outra pessoa, um ser humano tanto quanto ele mesmo.

Ainda vivemos resquícios muito fortes de um passado onde, no comportamento sexual, tudo era permitido ao homem, tudo era-lhe desculpável, mesmo considerado como fazendo parte de sua natureza. A mulher era considerada o sexo frágil, até mesmo como uma alma inferior, e, portanto, sem os mesmos direitos, tendo que se submeter aos ditames machistas, muitas vezes animais e sem nenhum apoio na verdadeira justiça. É assim que entendemos não ser justo condenar a mulher e absolver o homem, ou minimizar sua pena, como no caso da ocorrência do estupro. E por falar nessa hediondez do comportamento humano, o Espiritismo, mesmo nesse caso, é contrário ao aborto, pois a única exceção admitida pela doutrina é quando a mãe, na gestação, corre risco de vida, pois é preferível que o ser já existente sobreviva, pois o espírito que não pode reencarnar terá nova oportunidade depois.

Entendamos que a mulher, no uso do seu livre arbítrio, da sua liberdade de pensar e fazer escolhas, poderá, por este ou aquele motivo, desejar o aborto, e até mesmo realizá-lo, mas estará, nesse caso, infringindo a lei divina, decidindo não permitir que outro ser distinto dela reencarne, e terá que assumir, mais cedo ou mais tarde, diante da realidade espiritual da vida, as consequências dessa decisão. Muitas mulheres defendem o direito que possuem sobre o próprio corpo, mas esquecem que trata-se de decidir sobre a vida de outra pessoa, de outro ser que não ela. E por que não se preveniram? Por que mantém uma vida sexual promíscua, fazendo do sexo uma banalidade?

Se temos que ter uma legislação a respeito, que ela seja equilibrada, educativa, e não meramente punitiva. Lancemos esforços pela educação moral, a educação do espírito, aquela que corrige as más tendências e combate os vícios e paixões com o desenvolvimento das virtudes, dos valores humanos, da ética, do respeito aos direitos iguais, da empatia, para que aprendamos a nos colocar no lugar do outro.

Preservemos a vida, lutemos sempre pela vida!

A gravidez de hoje pode representar a felicidade de amanhã, como temos visto em tantos casos em que a mulher optou por seguir em frente com a gestação, tendo no filho que se aconchegou aos seus braços o arrimo de sua própria existência, no amor incondicional que deve unir as almas e superar as ocorrências de vidas anteriores, assim como o presente de escolhas não tão bem feitas, ou de acontecimentos que fugiram ao controle.

A criminalização pura e simples do aborto, responsabilizando unicamente a mulher, não é solução, que está na educação do comportamento sexual e na visão transcendente da vida, como nos apresenta o Espiritismo.


sábado, 8 de junho de 2024

O sofrimento e a resignação

Neste mundo não há quem não sofra. Pobres e ricos, famosos e pessoas comuns, todos sofremos, todos passamos por dificuldades, todos temos problemas a resolver. A dor e o sofrimento fazem parte deste mundo de expiações e provas, mas isso não quer dizer que devamos maldizer nem a dor, nem o sofrimento, pois muitas vezes elas nos fazem sair da zona de conforto, do comodismo que muitas vezes nos caracteriza, fazendo com que tenhamos de procurar soluções, acionando a vontade, o querer, assim como a fé. Sim, a fé, pois expiações e provas são manifestações de Deus em nossa vida, a nosso benefício, sempre de acordo com a lei soberana que determina que cada um receba de acordo com suas obras, com o que semeia na vida. Quando temos confiança nos desígnios divinos, não temos o que reclamar, pois sabemos que a justiça e a bondade de Deus estão em ação, assim nos levando à resignação, que nos faz aceitar sem queixumes a provação, ao mesmo tempo em que nos impulsiona sempre para frente, pois resignar-se não é ficar esperando uma dádiva que talvez não mereçamos, mas colocar-se em atividade, mesmo tendo que superar enormes dificuldades, pois a ordem é sempre progredir, sempre melhorar-se, sem esquecer que ao nosso lado outros estejam necessitando de nosso auxílio, do exemplo de nossa vontade e fé.

É a doutrina do Espiritismo que nos fortalece, que nos dá força e coragem diante das tribulações da existência, que nos impulsiona para utilizar o livre arbítrio na construção do bem, prosseguindo para a frente e para o alto, na nossa condição de almas imortais destinadas à felicidade celestial, incomparável diante das misérias terrenas, misérias essas que são passageiras, e que nos compete aliviar através de uma justiça mais igualitária e da promoção incessante da caridade, da fraternidade e da solidariedade.

Reconhecemos o quanto é pungente a dor da mãe que assiste a partida de um filho pelas portas da morte; o quanto é dilacerante para um filho perder sua mãe querida, luz da sua vida, para a sombra do túmulo. É doloroso, diante de um fenômeno invencível da natureza, tudo perder, ficando somente com a roupa do corpo; chega a ser devastador para o ser a tragédia da violência que ceifa a vida de entes queridos e amigos. Contudo, a doutrina espírita nos revela que a vida continua, que a morte não é o fim de tudo, que os laços afetivos não se rompem diante da tragédia que leva muitos de retorno à vida espiritual. Todos os que partiram continuam vivos, e com eles podemos nos comunicar através do pensamento, da mediunidade e da emancipação da alma durante o sono. E, com certeza, quando chegada for a nossa hora de passarmos pela porta da morte, reencontraremos todos aqueles que estão vivos em nossa memória e nosso coração.

Então tudo nos será revelado e compreenderemos que a dor e o sofrimento não foram frutos do acaso, e que, graças à nossa resignação, fé e força de vontade, dando prosseguimento à jornada terrena, é que tivemos o mérito desses reencontros felizes que acalentam a alma depois da tormenta.

Bendigamos a Deus pela dor que hoje nos visita, pela dificuldade que nos provoca, pois é a ação pedagógica da lei de progresso, como instrumentos que nos servem para superarmos o que de mal fizemos em existências passadas, convidando-nos para novo rumo, para o porto seguro do bem, aqui e agora, visando um futuro melhor, mais feliz, pois a vida continua e seremos convidados ao retorno terreno através da reencarnação, mas não mais para sofrer, não mais para uma existência de provas e expiações, mas para darmos continuidade ao nosso progresso moral, igualmente auxiliando a coletividade a superar as questões materiais, elegendo as questões espirituais como prioridade do viver humano.

Assim compreendemos a necessidade da resignação, da resignação ativa, aquela que não baixa a cabeça e se deixa abater, mas aquela que, utilizando a compreensão maior sobre a vida, reconhece a justeza das circunstâncias existenciais, utilizando seu potencial divino para superar, sem queixas desnecessárias, as barreiras materiais, sejam elas físicas e/ou emocionais, pois tudo na vida tem a sua razão de ser, nada é inútil, e de tudo podemos tirar lições proveitosas, aprendizados que nos fortalecerão para os embates que ainda, porventura, tivermos que enfrentar.

É nessa caminhada, sem esmorecimento, que substituiremos progressivamente a dor pelo amor, o sofrimento pela felicidade, o egoísmo pela caridade, o orgulho pela humildade, alicerçando para o depois da morte e para as futuras encarnações, as alegrias celestes, divinais, que nos projetarão para alturas inimagináveis nas altas esferas espirituais que aguardam a chegada daqueles que venceram a si mesmos e podem receber o galardão da superioridade espiritual que conquistaram com o próprio esforço.


segunda-feira, 3 de junho de 2024

A realidade espiritual do bebê

O final dos anos noventa e o início dos anos dois mil revelou ao mundo novas pesquisas sobre a inteligência humana e o desenvolvimento das crianças, algumas delas impactantes tanto nas áreas da psicologia e da pedagogia, como igualmente em outras áreas das ciências: Inteligência Emocional, com Daniel Goleman; Inteligências Múltiplas, com Howard Gardner; Inteligência Moral, com Robert Coles e Inteligência Espiritual, com Danah Zohar, todos eminentes psicólogos e/ou psiquiatras de conceituadas universidades e centros de pesquisa norte-americanos. Entre esses pesquisadores e estudiosos do desenvolvimento e comportamento infantis há um ponto comum: todos são materialistas, vinculando suas pesquisas e conclusões ao corpo orgânico, ao funcionamento do cérebro, o que os levou a alguns questionamentos sem respostas adequadas: como explicar que bebês com menos de seis meses de idade já demonstrem por sinais evidentes possuir consciência própria, atitudes deliberadas, um caráter próprio, se o cérebro ainda está em desenvolvimento e são totalmente dependentes dos adultos para sua sobrevivência, devendo ainda realizar múltiplos aprendizados para viver por si mesmos?

Diante dessas constatações, feitas igualmente pelas mães, que percebem as tendências dos seus filhos ainda bebês, e não tendo as crianças desenvolvido a linguagem, nem a coordenação motora e outros fatores ligados ao biológico, como podem revelar personalidades próprias? Nesse caso, temos outra pergunta: a educação moral deve ter início logo após o nascimento? Essas e outras questões estão em aberto, pois neurologicamente, pelo menos em tese, não deveria ser assim, ou não poderia ser assim, segundo a visão materialista sobre a vida.

Debate-se a ciência diante de enigmas insolúveis, pelo menos enquanto não levar em conta a existência da alma. Contudo, aqui temos outra questão de suma importância e que leva muitos cientistas a mais dúvidas: o que é a alma? Mesmo cientistas de formação espiritualista têm dificuldade nesse campo, pois confundem a alma com a psique, com a mente, com a consciência, sem conseguirem definição satisfatória e esclarecedora. A solução está no estudo atento do Espiritismo, que esclarece ser a alma, ou espírito, a individualidade pensante, preexistente ao nascimento e sobrevivente à morte, sendo o corpo biológico apenas instrumento temporário de sua manifestação durante a existência material, que é relativa e passageira. Ou seja, é a alma quem pensa, sendo imortal, comandando o corpo biológico. As sinapses neuronais não emitem o pensamento, não contém a inteligência, que pertencem à alma.

Assim, para o Espiritismo, nada tem de surpreendente o bebê nos seis primeiros meses de vida dar sinais de suas tendências de caráter e de suas ideias inatas, pois é a alma se manifestando de acordo com as possibilidades que o novo corpo lhe apresenta, trazendo a bagagem já adquirida de aprendizados e vivências realizadas em outras existências, as chamadas vidas passadas. Os cientistas começarão a melhor compreender isso quando se desvincularem exclusivamente do biológico, admitindo a alma como ser que transcende a matéria.

Levando em consideração a alma como princípio inteligente do universo, criada por Deus para realizar o desenvolvimento de seu potencial divino até às alturas da perfeição intelectual e moral, o Espiritismo nos lança numa nova ordem de ideias acerca do ser humano e da vida, abrindo novos horizontes para o conhecimento mais amplo, mais profundo da existência humana e da coletividade cósmica à qual pertencemos.

Com relação à educação moral, temos resposta afirmativa diante da pergunta se devemos iniciá-la nos primeiros meses de vida dessa alma reencarnada. Vale recordar aquela história da mãe que procurou um sábio para lhe perguntar quando deveria ela iniciar a educação de seu filho, tendo o sábio perguntado quantos anos o menino tinha, sendo informado que o garoto estava com três anos de idade. Nesse momento da conversa o sábio sentenciou que ela já havia perdido três anos, ou seja, que a educação do filho deveria ter tido início lá no nascimento do mesmo, ou melhor dizendo, no seu renascimento, pois esta existência não é a primeira, e muito provavelmente não será a última dessa alma.

É nesse entendimento que o Espiritismo proclama a necessidade da educação moral, e os centros espíritas trabalham a evangelização infantil, para corrigir as más tendências que a alma ainda traz consigo, propiciando a sua ligação com o Evangelho, roteiro pedagógico inigualável e insubstituível, que está muito além de qualquer interpretação doutrinária religiosa.

A verdadeira realidade dos bebês não é a corporal, e sim a espiritual. Assim proclama o Espiritismo, e assim, temos certeza, reconhecerá a ciência, pois diante dos fatos toda e qualquer negação, toda e qualquer dúvida caem por terra, com a alma elucidando de vez as indagações que as pesquisas atuais deixam em aberto, por não levarem em consideração a realidade de nossa transcendência.


Vídeo - O Jovem e a Dinâmica Educacional

O vídeo sobre educação espírita O Jovem e a Dinâmica Educacional aborda a importância da participação do jovem no processo ensino-aprendizag...