Superando barreiras
A violência sempre gera dor e sofrimento, muitas vezes inenarráveis, outras vezes com devastações psicológicas invisíveis, e ainda outras chocantes e paralisantes pela irracionalidade de suas causas e dos atos brutais cometidos. Somos seres humanos dotados de racionalidade e sentimento, inteligência e pensamento, emoção e psicologia, o que nos diferencia de todas as outras espécies habitantes do planeta. Sabemos aprender com as experiências vivencias. Somos seres históricos, sociais e de progresso constante, mas, aparentemente, nada disso tem feito com que deixemos de ser egoístas e orgulhosos, teimosamente vivendo apenas para nós mesmos ou nossos pequenos grupos de interesse, como a família, o partido político e outros, mesmo que isso signifique prejudicar a maioria. Mas essa análise não pode ser estendida de forma generalizada, pois entre nós também temos os altruístas, os pacificadores, os solidários, numa gama enriquecedora de pessoas que trabalham pela paz, pela justiça social e uma humanidade mais ética.
Precisamos acelerar a superação das barreiras étnicas, raciais, religiosas, culturais, sociais e outras, mantenedoras de preconceitos e discriminações que por sua vez geram vários tipos de violência. O caminho para essa superação requer que nos compreendamos como irmãos, com direitos iguais, pelo simples e profundo fato de sermos todos seres humanos. A diversidade de cor de pele, de culturas e assim por diante não retiram nossa essência: somos seres humanos!
Então o primeiro passo na superação das barreiras que nos impelem ao viver violento, é o reconhecimento que todos temos direitos iguais, sejamos homens ou mulheres, crianças ou adultos, jovens ou idosos. A partir dessa compreensão fica sem sentido violentarmos o direito do outro, pois assim como vamos querer que meu direito seja respeitado, também deverei respeitar o direito do outro. O respeito é o primeiro passo para a aplicação da ética na convivência humana. E se temos os direitos iguais na condição de seres humanos, poderemos dar um segundo passo muito importante na quebra das barreiras e implantação de um novo paradigma: a superação do preconceito racial, que há muito tempo separa os homens e mulheres pela cor da pele, pela cultura, pela origem nacional ou continental. Não há sentido, nem justificativa, para essa discriminação. Se historicamente tivemos períodos marcantes desses preconceitos e discriminações, hoje não há mais razão para que uns se considerem superiores em relação a outros.
Muitas guerras, perseguições e extermínios tiveram por causa o desrespeito à condição humana deste e daquele povo por parte de outro povo que se considerava superior ou detentor de direitos na verdade injustificáveis. A ganância por riquezas, poderio econômico e político causou, e ainda causa, muita dor e sofrimento, quando o fato de termos uma cor de pele diferenciada, um cabelo diferente ou sermos desta ou daquela região apenas mostram que existe multidiversidade na raça humana, e somente isso.
Outra barreira a ser superada em nome da paz é a religiosa. Como podemos conceber que, por exemplo, cristãos briguem entre si pelo simples motivo de terem interpretações diversas sobre as palavras do Cristo? Como podemos continuar a discursar que somente esta ou aquela doutrina religiosa conduz os seres humanos para a salvação, quando o que importa é que a religião nos faça melhores? Cristãos, Islâmicos, Judeus, Budistas, Hinduístas e tantos outros, todos têm por princípio em suas doutrinas a moralização e espiritualização de seus adeptos. Nos seus ensinos morais há convergência entre todas essas correntes religiosas. O que justifica a guerra religiosa, declarada ou não, entre os adeptos de religiões diferentes?
E temos agora outra barreira a ser superada: a política, que separa as nações, alimenta a guerra econômica e militar, promove um embate quase sem fim entre capitalismo e comunismo, entre tendências de esquerda, centro e direita, dificultando o entendimento e a cooperação mesmo nos encontros internacionais realizados para esse fim. Muitas vezes observamos que o que está em jogo é a posição pessoal de pessoas que querem manter o poder em suas mãos, ou a posição de grupos que querem manter sua hegemonia, sua influência no mundo. Tanto o poder individual quanto o de grupo tendem a não representar os reclamos e esperanças da maioria, gerando então mais violência, com leis injustas, achatamento salarial das classes trabalhadoras, ditadura disfarçada em democracia e outras coisas que bem conhecemos na história humana.
O reconhecimentos dos direitos iguais entre os seres humanos haverá de quebrar paradigmas, superar barreiras e deixar os ódios sem base. Fará com que procuremos novos meios para resolver eventuais conflitos, que não a violência, pois ela somente produz dor, sofrimento, separação, preconceitos e discriminações que passam de uma geração a outra, quando podemos tudo resolver com diálogo, respeito, ética e solidariedade, caminhando assim rumo a uma humanidade pacífica, mais justa e cooperativa, o sonho que muitos sonham e que é possível tornar realidade.
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