Os pais e a evangelização espírita
Um evangelizador da infância, atuante no centro espírita, fez uma indagação importante no grupo de estudo: por que nas atividades dedicadas às crianças, as igrejas católica e evangélica têm bom público, enquanto no centro espírita são poucas as crianças, e menos ainda os pais? Sem querer generalizar esse quadro, é um fato que pode ser constatado em grande escala. E o jovem evangelizador acrescentou: Muitos pais, frequentadores do centro espírita, dizem que os filhos é que decidem se querem ou não ir à evangelização, ou que compromissos sociais, familiares e culturais muitas vezes impedem a participação, pois normalmente a evangelização espírita ocorre no sábado ou no domingo. Sim, isso acontece, vez ou outra, mas sempre? E a agenda familiar, priorizando o processo de evangelização, não pode ser adaptada, cumprindo os outros compromissos em outros horários que não o da evangelização espírita infantojuvenil? Afinal, o que queremos para nós e nossos filhos: o reino dos céus ou o reino da terra?
Diante de uma humanidade em grande parte egoísta, violenta, hipócrita, corrupta, com pessoas indiferentes e insensíveis com os outros e com a natureza, percebemos o quanto necessitamos do Evangelho, o quanto necessitamos desenvolver o sentimento do amor, e a missão da evangelização espírita é despertar e desenvolver o potencial divino que a todos pertence, para aprendermos a nos amarmos, colocando em prática a solidariedade, a fraternidade e a caridade. E tudo isso com dois componentes importantíssimos que o Espiritismo nos traz: a imortalidade da alma e a reencarnação.
Equivocam-se os pais quando depositam no livre arbítrio dos filhos uma escolha que, em verdade, não compete a eles, ainda mais quando crianças, pois é missão educacional dos pais orientar os filhos para a vida. Se o Espiritismo e a frequência ao centro espírita fazem parte da rotina dos adultos, por que não deveria fazer parte da rotina das crianças e dos jovens? Se a doutrina espírita faz bem aos pais, por que não faria bem aos filhos? Estamos no terreno do raciocínio lógico, mas numa época em que até o bom senso é atacado, argumentos não faltarão aos que se comprazem com a vida mundana, para refutar esse raciocínio lógico. Mas isso pouco importa, pois não esconde a verdade de sermos necessitados da luz do Evangelho, dos ensinos morais de Jesus, o guia e modelo da humanidade, como aprendemos com os ensinos dos espíritos superiores.
Os filhos podem ser muito inteligentes, mas se essa inteligência não consegue promover o bem para todos, de que isso adianta? Os filhos podem ser muito espertos e vivazes, mas se não sabem equilibrar direitos com deveres, de que isso adianta? Os filhos podem estar muito bem nos estudos na escola, mas se não sabem o valor da cooperação, de que isso adianta? É por estarmos distanciados do aprendizado e da vivência do Evangelho, que continuamos a assistir tantos males vicejando no mundo.
Compete à direção dos centros espíritas e dos órgãos de unificação do movimento espírita, promover, de forma constante, campanha de esclarecimento sobre a importância e os benefícios da evangelização espírita junto às crianças, aos jovens e aos adultos, numa visão integral da família e da vida futura, lembrando que somos responsáveis pela humanidade de hoje e de amanhã, que, aliás, irá nos receber de volta através dos mecanismos reencarnatórios, e não podemos esquecer disso.
Voltemos agora nosso olhar sobre o processo educacional que envolve a evangelização espírita. Não é mais possível conceber aulas que apenas instruem, sem que haja plena participação dos educandos, numa constante interação entre eles e o educador. Não é mais possível um processo que não leve em conta as atividades lúdicas, como brincadeiras e jogos. Não é mais possível conceber um processo educacional que desconsidere o mundo atual com suas tecnologias e seus desafios. Não é mais possível conceber um processo educacional que não tenha como prioridade o aprender e viver as lições morais do Evangelho. É assim que entendemos não ser mais possível atender apenas as crianças e os jovens, mas igualmente os adultos – pais, avós e tios –, pois a evangelização espírita deve olhar para a família e sua interação na sociedade.
Pais que não priorizam a evangelização espírita para os seus filhos, e/ou que não participam do grupo de pais no centro espírita, estão colidindo com a questão 582 de O Livro dos Espíritos, que nos informa, através da voz dos espíritos, que é missão dos pais a educação dos filhos, respondendo perante a lei divina pelo não cumprimento dessa missão. Quando falamos da educação dos filhos, entendemos com a Doutrina Espírita o desenvolvimento da educação moral e espiritual, onde está inserida a evangelização espírita, motivo pelo qual temos que repetir o apelo da espiritualidade maior: evangelização, serviço de urgência para termos um mundo melhor!
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