A realidade espiritual do bebê

O final dos anos noventa e o início dos anos dois mil revelou ao mundo novas pesquisas sobre a inteligência humana e o desenvolvimento das crianças, algumas delas impactantes tanto nas áreas da psicologia e da pedagogia, como igualmente em outras áreas das ciências: Inteligência Emocional, com Daniel Goleman; Inteligências Múltiplas, com Howard Gardner; Inteligência Moral, com Robert Coles e Inteligência Espiritual, com Danah Zohar, todos eminentes psicólogos e/ou psiquiatras de conceituadas universidades e centros de pesquisa norte-americanos. Entre esses pesquisadores e estudiosos do desenvolvimento e comportamento infantis há um ponto comum: todos são materialistas, vinculando suas pesquisas e conclusões ao corpo orgânico, ao funcionamento do cérebro, o que os levou a alguns questionamentos sem respostas adequadas: como explicar que bebês com menos de seis meses de idade já demonstrem por sinais evidentes possuir consciência própria, atitudes deliberadas, um caráter próprio, se o cérebro ainda está em desenvolvimento e são totalmente dependentes dos adultos para sua sobrevivência, devendo ainda realizar múltiplos aprendizados para viver por si mesmos?

Diante dessas constatações, feitas igualmente pelas mães, que percebem as tendências dos seus filhos ainda bebês, e não tendo as crianças desenvolvido a linguagem, nem a coordenação motora e outros fatores ligados ao biológico, como podem revelar personalidades próprias? Nesse caso, temos outra pergunta: a educação moral deve ter início logo após o nascimento? Essas e outras questões estão em aberto, pois neurologicamente, pelo menos em tese, não deveria ser assim, ou não poderia ser assim, segundo a visão materialista sobre a vida.

Debate-se a ciência diante de enigmas insolúveis, pelo menos enquanto não levar em conta a existência da alma. Contudo, aqui temos outra questão de suma importância e que leva muitos cientistas a mais dúvidas: o que é a alma? Mesmo cientistas de formação espiritualista têm dificuldade nesse campo, pois confundem a alma com a psique, com a mente, com a consciência, sem conseguirem definição satisfatória e esclarecedora. A solução está no estudo atento do Espiritismo, que esclarece ser a alma, ou espírito, a individualidade pensante, preexistente ao nascimento e sobrevivente à morte, sendo o corpo biológico apenas instrumento temporário de sua manifestação durante a existência material, que é relativa e passageira. Ou seja, é a alma quem pensa, sendo imortal, comandando o corpo biológico. As sinapses neuronais não emitem o pensamento, não contém a inteligência, que pertencem à alma.

Assim, para o Espiritismo, nada tem de surpreendente o bebê nos seis primeiros meses de vida dar sinais de suas tendências de caráter e de suas ideias inatas, pois é a alma se manifestando de acordo com as possibilidades que o novo corpo lhe apresenta, trazendo a bagagem já adquirida de aprendizados e vivências realizadas em outras existências, as chamadas vidas passadas. Os cientistas começarão a melhor compreender isso quando se desvincularem exclusivamente do biológico, admitindo a alma como ser que transcende a matéria.

Levando em consideração a alma como princípio inteligente do universo, criada por Deus para realizar o desenvolvimento de seu potencial divino até às alturas da perfeição intelectual e moral, o Espiritismo nos lança numa nova ordem de ideias acerca do ser humano e da vida, abrindo novos horizontes para o conhecimento mais amplo, mais profundo da existência humana e da coletividade cósmica à qual pertencemos.

Com relação à educação moral, temos resposta afirmativa diante da pergunta se devemos iniciá-la nos primeiros meses de vida dessa alma reencarnada. Vale recordar aquela história da mãe que procurou um sábio para lhe perguntar quando deveria ela iniciar a educação de seu filho, tendo o sábio perguntado quantos anos o menino tinha, sendo informado que o garoto estava com três anos de idade. Nesse momento da conversa o sábio sentenciou que ela já havia perdido três anos, ou seja, que a educação do filho deveria ter tido início lá no nascimento do mesmo, ou melhor dizendo, no seu renascimento, pois esta existência não é a primeira, e muito provavelmente não será a última dessa alma.

É nesse entendimento que o Espiritismo proclama a necessidade da educação moral, e os centros espíritas trabalham a evangelização infantil, para corrigir as más tendências que a alma ainda traz consigo, propiciando a sua ligação com o Evangelho, roteiro pedagógico inigualável e insubstituível, que está muito além de qualquer interpretação doutrinária religiosa.

A verdadeira realidade dos bebês não é a corporal, e sim a espiritual. Assim proclama o Espiritismo, e assim, temos certeza, reconhecerá a ciência, pois diante dos fatos toda e qualquer negação, toda e qualquer dúvida caem por terra, com a alma elucidando de vez as indagações que as pesquisas atuais deixam em aberto, por não levarem em consideração a realidade de nossa transcendência.


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