Contribuição à contribuição

Institutos sócio-econômicos já disseram e demonstraram que o Brasil possui a maior carga de tributos e impostos do mundo, e todo pequeno, médio e grande empresário brasileiro sabe muito bem disso. E até quem não é empresário, mas, por exemplo, possui conta bancária, sabe igualmente quanto pesa pagar a contribuição provisória sobre movimentação financeira, a cpmf. É provisória mas já fez aniversário de 10 anos, e diz o governo que sua receita é imprescindível para a governabilidade econômica do país. Entretanto, ela não foi criada para fazer parte do pagamento de juros da dívida interna e externa. Sua missão era social, nobremente destinada à saúde da população. E, realmente, era necessária? Precisava ter sido criada? Não, não precisava, pois o governo federal sempre pode atacar o mal pela raiz, ou seja, minimizar as suas despesas, combater a sonegação fiscal, atacar a corrupção, não fazer empréstimos internacionais. Faltou, e ainda falta, vontade política.

Os interesses de grupo, o corporativismo, não permitem. São as "forças ocultas" citadas de forma mais explícita por Getúlio Vargas e Jânio Quadros.

Não nos interessa discutir as forças ocultas. Elas sempre existiram e continuarão a existir, independente da forma de governo. A discussão é o papel do governo na economia e sua política de estreitar favores para angariar aliados políticos para o que lhe interessa: aprovar a prorrogação da cpmf e deixar tudo como está. Em outras palavras: o governo federal aceitou o jogo do "toma lá, dá cá", caindo ele mesmo na rede da corrupção, ao liberar pedidos da oposição em troca do voto no congresso nacional.

Falece ao governo a autoridade moral diante da nação. E também nossos representantes no legislativo federal perderam a legitimidade moral do cargo a que foram eleitos pelo nosso voto de confiança. É uma triste constatação, muito triste.

Não podemos nos acomodar a essa situação. Não podemos dizer "é sempre assim, o que se há de fazer?". Deve o brasileiro exercer sua cidadania com o direito de cobrar por ética, por justiça, por dignidade, utilizando os meios de comunicação e o voto, manifestando-se através do repúdio veemente a esse estado de coisas, mas sem violência, respeitando as regras sociais e realizando pacificamente suas reinvindicações.

Ainda sonho com uma decente e verdadeira reforma tributária. Ainda sonho com um salário mínimo digno. Ainda sonho com um governo com legítima autoridade moral. Mas não estou apenas no sonho, estou agindo, trabalhando para despertar consciências e fazer o melhor. E você?

Pensemos nisso!

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