Um pouco de pão

Desde as primeiras descobertas de novas terras o continente africano sofre. Seus habitantes durante muito tempo foram escravizados e exportados; suas riquezas foram sugadas e transportadas; suas nações mantiveram-se curvadas ao jugo estrangeiro e à discriminação racial. Veio a emancipação da tutela estrangeira e guerras civis pelo poder espalharam morte, miséria, doenças, fome. Mas os povos africanos não querem isso, eles querem paz, pão e água. Querem desenvolvimento, ajuda humanitária e reestruturação sócio-política-cultural-econômica.

Diversas organizações não governamentais trabalham para que as nações da África possam superar suas incontáveis mazelas. Merece destaque a organização Médicos Sem Fronteiras que desenvolveu uma mistura alimentícia que está salvando as crianças, os jovens e adultos em alguns países. Distribuída gratuitamente, chega a fornecer meio quilo de peso semanal a crianças de até cinco anos, que praticamente nunca souberam o que é um pão gostoso e quase nunca tiveram oportunidade de saborear água fresca e límpida.

É um quadro triste assistir as imagens exibidas pela televisão e pela internet: pessoas esquálidas, crianças mirradas, extrema pobreza. Muitos países ostentam índices acima de 50% de analfabetismo.

Entretanto, verbas internacionais consideráveis são destinadas aos países africanos em situação pior, mas pesquisas indicam que de cada dez dólares doados, até cinco se perdem na malha da corrupção e da guerra. Não chegam ao seu destino humanitário, não são aplicados em educação, saúde, saneamento, transportes, desenvolvimento social com geração de emprego. Ficam nas mãos de poucos, os senhores do poder.

Por que somente as migalhas chegam ao povo? Porque os dirigentes são insensíveis, são egoístas, defendem interesses de grupo e menosprezam o poder da educação, até porque sabem que um povo educado terá força para mudar esse quadro.

Um grande esforço internacional pela implantação da educação de qualidade no nível básico deve ser feito, forçando as nações africanas a esse sério e inadiável compromisso. E que as crianças e jovens sejam preparadas para o despertar ético da consciência, para o compromisso solidário com o outro, ou seja, que essa educação de qualidade seja sinônimo de aplicação da educação moral, a que prioriza a formação do caráter do ser, único antídoto eficaz da corrupção e do egoísmo.

Mistura alimentícia, pão e água são urgentes, são necessários, mas representam paliativos e não solução. Organizações não governamentais sérias são muito bem-vindas e devem ser apoiadas, mas não podem fazer o que compete aos governos de todas as nações do mundo.

Pensemos nisso!

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