Carta aos educadores

Caro educador, seja você professor, pai, mãe, pedagogo ou qualquer outra pessoa responsável por uma criança ou um jovem, este texto é um convite à reflexão sobre o processo de educar, hoje tão confundido com o ensinar e adquirir conhecimentos, o que é desvio da finalidade maior da educação.

Essa finalidade maior está na percepção e compreensão que educar é propiciar à criança o desenvolvimento integral de todas as suas potencialidades, sejam elas intelectuais e emocionais, numa visão holística sobre o ser humano, permitindo que ela realize sua caminhada progressiva no aprendizado de si mesma, dos outros e da vida.

Hoje estamos demasiadamente preocupados em realizar os ciclos de estudos e obter diplomas e formação técnica, deixando de lado o que é a essência da educação, o principal: a formação do caráter, o desenvolvimento do senso moral, a prática das virtudes. Não se alcançará a essência da educação reduzindo seu processo ao ensinar conteúdos programados de conhecimentos curriculares, fazendo da criança um ser passivo memorizador de informações.

A escola necessita de outra dinâmica, assim como os pedagogos e os professores devem repensar seu pensamento e suas ações educacionais. Não é mais possível apenas “dar aula”, ensinar conteúdos, manter os alunos enfileirados uns atrás dos outros em carteiras individuais e, vez ou outra, colocá-los em trabalho de grupo, mas com tudo já formatado, engessado, dirigido, o que equivale a cercear a liberdade e a criatividade das crianças. Igualmente a avaliação não pode ficar à mercê de provas e notas, que na verdade nada avaliam, a não ser a memorização de conhecimentos e fórmulas, isso se não der o famoso esquecimento por puro nervosismo na hora de responder as questões propostas.

Por sua vez a família deve preocupar-se em corrigir as más tendências que as crianças apresentem, trabalhando os limites, os combinados, as regras, os valores humanos e a ética na convivência com os outros. A preocupação com a formação escolar dos filhos é válida, e a família deveria integrar-se à escola, e vice versa, mas não é o suficiente, pois que adianta ter filhos diplomados que chegam ao ensino superior, se não são honestos, se não sabem cooperar. Se não sabem pensar e querer o bem para todos?

Para alcançarmos a verdadeira finalidade da educação, como a explicitamos acima, é fundamental que os educadores, primeiro, eduquem a si mesmos, pois a maior força da educação está no exemplo de quem deve educar. Uma verdadeira autoeducação parte do exercício constante de autoconhecimento, de conhecer a si mesmo, corrigindo defeitos de caráter antes em si do que nos outros.

Escrevo para fazer pensar, para provocar reflexão. O que estamos fazendo com a educação? Por que sou um educador? Qual é o meu verdadeiro papel enquanto professor? Qual é a finalidade da escola? Por que sou pai ou mãe? Qual é a minha missão perante meus filhos? Qual é a finalidade da família?

Precisamos despertar para o verdadeiro significado e o verdadeiro papel da educação, nossa e das novas gerações. Precisamos nos sensibilizar que todos somos seres humanos dotados de inteligência e sentimento. Precisamos nos conscientizar da nossa missão de educadores desse ser integral, e que a educação é geradora do futuro humano, pois nossa sociedade será amanhã conforme a educação que estivermos desenvolvendo hoje.

Caro educador, você já pensou em tudo isso?

Pare, pense, reflita. O futuro da humanidade está nas suas mãos.

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