Luta sem Vencedores

Estamos assistindo nos últimos tempos uma luta entre a escola e a família, na figura dos professores contra os alunos e dos alunos contra os professores. São mães que batem em professoras na saída da escola; são alunos que "aprontam" mil coisas contra os professores; são professores que agridem alunos; e, para bem azeitar essa luta insana, lemos agora a seguinte notícia:

"Uma aluna de Campinas, a 93 quilômetros de São Paulo, foi parar na cadeia por ter chutado a porta da escola. Ela havia sido impedida de entrar porque estava atrasada. O caso aconteceu na noite da terça-feira (21). Uma placa de isopor foi usada para fechar o buraco aberto com o chute. A direção da escola chamou a ronda escolar e a estudante de 23 anos foi presa. Ela ficou numa cela com outras 40 mulheres. A capacidade da cadeia é para 36 presas. A Secretaria Estadual de Educação tentou retirar a queixa, mas como o crime contra patrimônio público não requer a sustentação de uma denúncia o processo vai continuar. A estudante foi solta na noite da quarta-feira (22) e vai responder pelo crime em liberdade. A pena prevista para o crime contra patrimônio público é de seis meses a três anos de prisão, além de pagamento de multa".

Um chute na porta da escola não acontece apenas porque a porta estava fechada, há um histórico causal, tanto da parte da aluna como de parte da escola. E a porta deveria estar fechada? Não seria melhor haver controle, sabendo o aluno que após o horário estabelecido receberá uma advertência? Estamos diante de um grave problema: a escola nõa sabe acolher o aluno, e este, por não ser bem acolhido, revida com agressividade. Mas dirá a direção escolar que fecha a porta da escola porque os alunos são indisciplinados e rebeldes, tentando, com essa medida, forçar os alunos a respeitarem o horário. Não adianta, medida coercitiva sempre gera reação desfavorável.

Lembro que a escola é criação do homem para ser instituto sócio-educativo das crianças e jovens. Socializar e educar são finalidades da escola. Disciplinar e instruir fazem parte dos seus objetivos, mas não podem assumir o lugar das finalidades. É o que temos assistido, objetivos substituindo finalidades, com professores centrados unicamente no processo ensino-aprendizagem, e direção escolar focada na disciplina a qualquer custo.

Se a escola não é lugar acolhedor, e uma indisciplina gera ação policial, e não uma ação educadora, está mais do que na hora de revermos o que estamos fazendo "da" escola e o que estamos fazendo "na" escola.

E, para agravar a discussão, a estudante da reportagem foi trancafiada como presa comum na delegacia. O crime? Um chute na porta da escola.

Pensemos nisso!

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