terça-feira, 17 de dezembro de 2024
segunda-feira, 16 de dezembro de 2024
A pessoa perfeita
Por mais possamos procurar, por todos os meios possíveis, uma pessoa dotada de perfeição intelectual e moral aqui na Terra, não a encontraremos, isso porque todos somos pessoas em evolução, em aperfeiçoamento, em construção constante. Somos perfectíveis, mas não somos perfeitos. Não existindo a perfeição em nosso planeta, conclui-se de forma lógica, que nenhuma pessoa, ou seja, nenhum ser humano é infalível, todos estamos sujeitos a equívocos, a erros. E não importa quem seja a pessoa, seu currículo e sua experiência de vida: não existindo perfeição, não existe infalibilidade. A pessoa pode ser militar, engenheiro, jurista, médico, cientista etc, e estará sujeita a cometer erros de apreciação e equívocos de conduta, pois não possui todo o conhecimento, nem conquistou todas as virtudes, que caracterizam a perfeição.
Todos os vícios humanos, físicos e morais, derivam da imperfeição que ainda nos caracteriza, pois estamos reencarnados num mundo de expiações e provas. Espíritos perfeitos não necessitam nem de expiações, pois nada têm a reparar, nem de provas, pois nada tem mais que aprender; quem atingiu a perfeição não encarna num mundo de expiações e provas, a não ser para cumprir missão de auxílio para a humanidade desse mundo. Assim, podemos afirmar com segurança que ninguém neste mundo é dono da verdade, é guia infalível, pois, repetimos, todos somos ainda Espíritos imperfeitos.
É por essa razão que na questão 625 de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec indaga se Deus, Pai e Criador, em algum momento da história humana nos ofereceu um guia e modelo, na pessoa de um Espírito encarnado perfeito, e a resposta dos Espíritos é: Jesus!
O esclarecimento é completo. Jesus é Espírito mais perfeito que já esteve a\qui na Terra, e, por esse motivo, é o guia e modelo da humanidade, pois cumpriu sua missão de Enviado de Deus para nos ensinar a lei de amor, ampliando nossa visão sobre nós mesmos e a vida, não apenas esta, material, mas igualmente a espiritual.
Hoje, em tempos de influenciadores digitais, culturais, políticos, religiosos e outros, precisamos tomar muito cuidado, pois entre eles existem muitos falsos profetas, falsos guias e modelos, espalhando mentiras, distorcendo conhecimentos, manipulando as consciências em proveito próprio, escondendo interesses escusos, projetando vícios como se fossem coisas benéficas. Ninguém pode ser alçado a guia dos outros, pois terá muita dificuldade em se manter no pedestal, face às suas imperfeições de caráter. O único guia e modelo que devemos seguir, vamos repetir, é Jesus.
Ao longo da história já nos equivocamos inúmeras vezes, deixando-nos enredar por líderes que somente fizeram o mal, espalhando dor e destruição, e que, na verdade, eram egoístas e hipócritas, e pouco estavam se importando conosco. Não faltam exemplos, e a maioria desses líderes estão registrados nos livros de história, enquanto Jesus, que foi justo e bom, ainda é menosprezado, deixado de lado, olhado com desconfiança, ou entendido como inalcançável.
Jesus esteve conosco e nunca se esquivou de viver com o povo, com todas as pessoas, fossem quem fossem. Ensinou nas praias, nas praças, nas ruas, nos montes, nos templos mais simples, atendendo homens, mulheres e crianças, sem se importar com posição social de quem quer que fosse, pois cumpria a missão de muito nos amar, de nos ofertar a esperança, de esclarecer o funcionamento da misericórdia de Deus, que nunca nos desampara.
Podemos não ser perfeitos, mas isso não impede que tenhamos um encontro com Jesus, e para isso basta nos esforcemos em colocar em prática suas lições, contidas no Evangelho: amar o próximo como a nós mesmos; perdoar as ofensas; amar os inimigos; fazer sempre o bem diante do mal; fazer aos outros somente o que desejamos o que eles nos façam.
Se você está procurando um guia, um verdadeiro líder, um modelo para seguir, esqueça todos os personagens humanos de ontem e de hoje, a não ser um: Jesus Cristo. Siga-O, e você terá um encontro com o seu potencial divino e com a felicidade.
terça-feira, 10 de dezembro de 2024
segunda-feira, 9 de dezembro de 2024
Desavenças em família
Por que ocorrem brigas e discussões na família? Por que, muitas vezes, é tão difícil manter a harmonia na convivência familiar? Por que alguns familiares chegam mesmo a se odiar? Por que ainda assistimos tragédias acontecerem, levando inclusive à morte, entre membros de uma mesma família? Tais são as perguntas que sociólogos, psicólogos e outros especialistas se fazem, procurando respostas em pesquisas que nem sempre trazem respostas satisfatórias, pois falham ao não adentrarem no campo moral e na realidade espiritual do ser humano.
A Doutrina Espírita, por considerar que o ser humano é um Espírito em evolução dotado de todo o potencial divino intelectual e emocional, que vai desenvolvendo através das experiências reencarnatórias, esclarece que as dissensões familiares estão vinculadas ao grau maior ou menor de egoísmo e orgulho que ainda trazemos, resquícios dos vícios e paixões que cultivamos em existências passadas, formalizando laços de afeto ou desafeto com os outros, e que agora nos reunimos na família para acertar as diferenças, para reparar os erros cometidos, utilizando para isso a ferramenta do amor, que nos solicita o exercício do perdão, da compreensão, da fraternidade e da solidariedade. Acontece que não é fácil, pois ainda nos deixamos arrastar pela tendência ao egoísmo e ao orgulho, as duas grandes chagas morais que caracterizam a humanidade.
Através da reencarnação, Deus nos proporciona nova oportunidade existencial, colocando na família aqueles com os quais precisamos revisitar os laços que nos unem. Se são laços de desafeto, de inimizade, estamos juntos para tentar deixar no passado os erros cometidos, procurando na convivência doméstica no lar, refazer esses laços para que se tornem de afeto. Mas também nos encontramos com aqueles a quem amamos e que nos amam, pois não estamos aqui apenas para sofrer. Deus é bom, justo e misericordioso, não esqueçamos disso.
O que acontece é que normalmente sempre culpamos o outro, ou os outros, pelos problemas na convivência familiar, sempre nos desculpando, nos isentando. Fulano é que é teimoso. Fulana é que é fofoqueira. Não olhamos para nós, não damos conta de nós próprios, exigindo que o outro reveja sua vida, seus pensamentos e suas ações, que ele se modifique, se melhores, pois ele é o problema. Será?
Uma moeda possui dois lados com estampas diferentes, ou seja, embora seja uma moeda, cada lado possui uma imagem diferente. Utilizemos a moeda como exemplo. Na constituição da família, dois seres se unem para que, depois, venham os filhos. E ainda temos os avós, os tios e assim por diante. Juntos formam o núcleo família, mas ninguém perde sua individualidade, são estampas ou imagens diferentes, como na moeda. É impossível exigir que os membros da família sejam iguais, concordem sempre em tudo, pois são Espíritos em evolução, cada um no seu grau de progresso, tanto intelectual quanto moral, portanto, as diferenças sempre existirão. A questão é saber conviver com as diferenças, eis a arte que precisamos exercitar, sem nos deixarmos incomodar por opiniões contrárias às nossas, e sem querer impor o que pensamos.
Muitas discussões e brigas não ocorreriam se colocássemos em prática o diálogo, a tolerância, a paciência, a cooperação, fazendo a nossa parte para a melhor harmonia do ambiente doméstico, e da família maior, aqui considerando os demais parentes. Nada mais prejudicial do que alimentar conversas fúteis, “diz que diz”, que acabam espalhando intrigas, mal entendidos, com a consequente desarmonia entre os familiares. E ainda lembrando que fofocas atraem os Espíritos inferiores, que vão contribuir para o desassossego geral, pois a eles não interessam o bem estar, a amizade, a harmonia na convivência, pois querem mais é colocar “lenha na fogueira”, como diz antigo provérbio.
Precisamos, portanto, combater o egoísmo e o orgulho que ainda trazemos conosco, permitindo paulatinamente e progressivamente que as lições do Evangelho penetrem nossa alma, transformando-nos moralmente, não esquecendo que Deus, depois da morte, quando retornamos ao mundo espiritual, pedirá que prestemos conta de nós próprios, e não dos outros. É o que aprendemos com a Doutrina Espírita. Só falta colocar em prática.
terça-feira, 3 de dezembro de 2024
Convivência familiar
Viver sob o mesmo teto, no aconchego do lar, nem sempre é tarefa fácil, face às diferenças de personalidade entre os membros que compõem a família, o que acaba acarretando, muitas vezes, discussões, brigas, falta de cooperação nas tarefas domésticas e até mesmo inimizades. Mas será que a família é lugar de guerra ou é lugar de paz e amor? Vamos refletir sobre essa questão, pois se não conseguimos nos entender entre quatro paredes, como conseguiremos entendimento na comunidade em que vivemos e, ainda mais, com todos os que formam a humanidade? Se não conseguimos amar três ou quatro pessoas que convivem conosco diariamente, como conseguiremos amar vizinhos, colegas de profissão e assim por diante?
Bem, você poderá argumentar que é muito mais fácil amar um estranho, ou alguém que vemos até todo dia, mas que não vivemos com ela no mesmo lar, do que amar aquela pessoa que é da família, que está conosco todos os dias, muitas vezes manhã, tarde e noite, ou pelo menos um período significativo do dia, como os pais, os irmãos, os avós, os tios, os sobrinhos, os primos, o cônjuge e assim por diante. Será mesmo?
Acontece que a lei divina utiliza diversos mecanismos para nos aproximar quando reencarnamos, pela necessidade que temos de nos encontrar para reparar o que fizemos em existências passadas, para exercitar a compreensão e o perdão, para desenvolver uns com os outros o amor e a caridade, por isso o instituto da família é tão importante.
Como ainda vivemos num mundo de expiações e provas e, portanto, somos Espíritos imperfeitos, ou seja, nos deixando levar por vícios e paixões, é natural que tenhamos em grande escala reencontros de desafetos, e que às vezes esses desafetos se aprofundem, ou que venhamos a criar novos desafetos, isso por causa do nosso egoísmo e orgulho, quando deveríamos aproveitar a oportunidade em família para reconciliação e construção moral com os outros, no aprendizado, mesmo que difícil, do amai-vos uns aos outros.
Como ensinou Jesus, se amarmos apenas aqueles que nos amam; se fizermos o bem somente àqueles que nos fazem o bem, o que estaremos fazendo de diferente do que fizemos no passado? Hoje, com aqueles que vivem conosco no lar, é o momento de fazer diferente.
Lembremos que não são apenas os outros que são o problema para a melhor convivência. Quantas vezes não somos nós os que causamos aborrecimentos, dificuldades e problemas? Por ventura seremos perfeitos? Longe disso! Temos que ter a coragem moral de reconhecer os próprios erros, adentrando pelo arrependimento e pela reparação do mal cometido, mesmo que sem intenção.
Para a melhor convivência em família exercitemos a compreensão, a paciência, a tolerância, a cooperação, o diálogo. Essas ferramentas são muito preciosas e, quando colocadas em ação, produzem consequências que trazem paz de espírito, consciência tranquila, e tendem, com o tempo, a harmonizar as relações.
Quantas discussões poderiam ser evitadas se houvesse mais compreensão e menos irritação? Quantas brigas poderiam ser evitadas se houvesse mais diálogo e tolerância? Quantas separações poderiam ser evitadas se houvesse mais cooperação e paciência? Enfim, acionar as virtudes é o melhor caminho, mesmo que o familiar seja arredio, para quem devemos direcionar nossas orações, aguardando que o tempo traga melhor solução. Podemos ter problemas familiares, mas que não sejamos nós os causadores deles.
O Espiritismo alarga nossa visão sobre a família, principalmente quando explica os laços reencarnatórios que nos unem, e também quando mostra a importância da educação moral e do Evangelho para a construção de um lar equilibrado, harmônico, que, por sua vez, irá entregar à sociedade pessoas com um ideal superior de vida.
Conviver em família é uma arte, e todos podemos aprender essa arte se deixarmos que o amor nos conduza.
terça-feira, 26 de novembro de 2024
segunda-feira, 25 de novembro de 2024
Educando com Jesus na família
Encontramos no livro Família, autoria de diversos espíritos, através da psicografia do médium Francisco Cândido Xavier, significativo texto de Emmanuel compondo o capítulo dois, onde lemos: “Não olvides a necessidade de Cristo no cenário de amor em que te refugias.”
O lar deve ser verdadeiro cenário de amor reunindo entes queridos que se consorciam, através dos laços reencarnatórios, para se auxiliarem mutuamente na caminhada do progresso intelectual e moral, independente do que foram em vidas passadas. A reunião em família é bendita oportunidade de reparações através do amor, e de manutenção dos laços afetivos já existentes. Neste ponto podemos perguntar: qual a diferença de educar os filhos com Jesus ou sem ele? Com Jesus temos as lições e exemplos sobre amar ao próximo como a nós mesmos; perdoar as ofensas; praticar a caridade sem olhar a quem; fazer ao outro somente o que gostaríamos que ele nos fizesse; ser manso e pacífico; conquistar o reino dos céus através da misericórdia e da bondade; crer em Deus como pai e criador. São ensinamentos de profunda moral, estabelecendo novo paradigma existencial espiritualista com ênfase na vivência das virtudes, ou qualidades morais, de que tanto necessitamos. Sem Jesus na educação das novas gerações temos o predomínio do egoísmo, do orgulho, da vaidade, do sensualismo, da hipocrisia e do materialismo, ou, o que não é menos ruim, o fanatismo religioso cego, ou ainda a crendice e a superstição sem base racional. Ora, para o fanático cego, para o materialista e para o ignorante, tanto o amor ao próximo quanto a caridade não tem sentido, assim como a alma imortal e a vida futura. Por que eles haveriam de se preocupar com os outros, se o viver deve ser aproveitado o máximo possível e em proveito próprio?
Ainda nessa bela mensagem do benfeitor espiritual Emmanuel encontramos: “Dizes-te amigo de Cristo, afirmas-te seguidor de Cristo e clamas, com razão, que Cristo é o caminho redentor da Terra, mas não te esqueças de erigir-lhe assento constante à mesa do próprio lar, para que a luz do evangelho se te faça vida e alegria no coração.”
Essa advertência espiritual não se refere à construção de um altar material dentro do lar, mas sim ao culto íntimo, sincero, do coração, exemplificado pelos próprios atos no cotidiano, em especial nas relações domésticas. Como diz o apóstolo Paulo de Tarso, há necessidade de sermos verdadeiras “cartas vivas do evangelho.”
Deve ser preocupação constante dos pais a autoeducação, única maneira de darem bons exemplos que reforçarão o ensino teórico, assim agindo como agiu o Cristo, que não apenas ensinava, mas vivenciava os próprios ensinos. Por esse motivo os pais cristãos devem se deixar penetrar pelo amor crístico, pela doce e profunda mensagem do evangelho, sendo bons, mansos, pacíficos, misericordiosos, justos, trabalhadores, honestos, solidários e afetivos. Os ensinos através das palavras é importante, mas não são suficientes se não acompanhados pelos próprios exemplos.
Essa educação não depende dos pais terem uma religião formal. Para ser cristão ninguém é obrigado a fazer parte de uma doutrina religiosa formal, seguir seus princípios e frequentar seus templos. O verdadeiro cristão é aquele que procura seguir de toda a alma os ensinos do Mestre Jesus, compreendendo-os e esforçando-se por colocá-los em ação, a começar pelo ambiente doméstico, onde lida com aqueles que são os seus mais próximos.
O significado profundo de Jesus em casa nos é dado novamente por Emmnauel, mas no prefácio à obra Jesus no Lar, psicografada por Francisco Cândido Xavier:
“Quando o homem percebe a grandeza da Boa Nova, compreende que o Mestre não é apenas o reformador da civilização, o legislador da crença, o condutor do raciocínio ou o doador de facilidades terrestres, mas também, acima de tudo, o renovador da vida de cada um.”
A renovação da vida com Jesus, antes de mais nada, deve acontecer comigo. É para mim que ele veio, pois se eu não me fizer sua carta viva do evangelho, que força terei para renovar, com ele, a vida do meu próximo? Isso vale igualmente para os pais. Se eles estão com Jesus apenas pelos lábios, nunca terão a devida força de educar os filhos através dos profundos ensinos da Boa Nova.
terça-feira, 19 de novembro de 2024
segunda-feira, 18 de novembro de 2024
Da proibição à educação
Uma ampla discussão toma conta da sociedade, envolvendo pais, especialistas da educação e legisladores: o que fazer com o uso do celular entre crianças e adolescentes? Cresce o clamor para a proibição do uso desses aparelhos no ambiente da escola, e não faltam opiniões e pesquisas para falar dos malefícios dessa tela digital no processo de ensino e aprendizagem. Cremos que a questão não deveria estar restrita a proibir ou não proibir, tomando-se o celular como o grande vilão do melhor desenvolvimento dos jovens, pois acreditamos que o assunto comporta outro tipo de abordagem que, não temos dúvida, passa pela educação.
Recordemos a história da evolução tecnológica dos últimos cem anos. Quando a transmissão radiofônica surgiu e os aparelhos de rádio invadiram os ambientes domésticos, houve quem dissesse que a radionovela, os programas musicais de auditório e os noticiosos não permitiam mais a salutar convivência das pessoas no lar, que ficavam muito tempo atentas ao rádio, o grande vilão. Depois veio a televisão, que virou febre nacional, e a família não saía mais da sala, grudada na telinha, assistindo os programas, interrompendo a convivência, pois exigia-se silêncio, como já havia acontecido na era do rádio. Agora a vilã era a televisão. Com a evolução tecnológica, vieram o vídeo game e o vídeo cassete, fazendo com que horas intermináveis fossem gastas em jogos e filmes, e novamente crianças, jovens e adultos foram impactados. Foi então a vez do computador assumir o posto de vilão do desenvolvimento humano, ainda mais quando os computadores domésticos e pessoais começaram a fazer parte de nossa vida cotidiana. Agora é a vez do celular e tudo o que se pode fazer com ele.
Como podemos ver, ao longo dos últimos cem anos de avanços tecnológicos que adentraram na família, tivemos uma sucessão de aparelhos que se tornaram vilões da boa convivência e do bom desenvolvimento humanos. Perguntamos: o problema está nas tecnologias ou na educação, ou em outras palavras, o problema está nas tecnologias ou no uso que fazemos delas? As tecnologias digitais de nossa época são, em si mesmas, neutras, pois dependem totalmente do uso que delas fazemos, e esse uso, bom ou ruim, depende da educação que recebemos, que deveria desenvolver nosso senso moral e nossa consciência sobre o que é bom ou não para nós e para os outros; educação que deveria nos mostrar a diferença entre o bem e o mal proceder para conosco e para os outros.
Desenvolver essa educação, que em síntese é a educação moral, a que preserva a autonomia do educando mas lhe fornece diretrizes seguras, que o faz pensar, como dizemos, desenvolver essa educação dá trabalho, então pensam que a simples proibição do uso do celular na escola resolverá o problema. Proibir não é solucionar. Educar, sim, é solução.
Tudo o que é proibido, sem a contrapartida da conscientização, desafia o jovem a procurar meios de burlar a proibição. Em minha época de estudante no hoje ensino fundamental, estudando numa escola pública estadual na cidade de São Paulo, vivíamos com uma série de proibições, em tempos em que as escolas públicas possuíam os inspetores de ensino, verdadeiros vigias, agentes de segurança da vida escolar. O que mais fazíamos, os alunos, era criar maneiras de burlar a vigilância e fazer o que era proibido, pois não sabíamos porque era proibido, porque não podíamos fazer quando o que mais queríamos é ter todas as experiências. E por que tínhamos que fazer o que não queríamos fazer? Nunca nos explicaram, falhando nisso o processo educacional, sempre confundido com o processo de ensino; mas ensinar é uma coisa, educar é outra.
Eduquem-se as crianças e não será preciso construir prisões, já dizia a antiga filosofia grega, referindo-se à educação moral do ser humano, que é uma alma imortal. Hoje, entretanto, a preocupação educacional nas escolas está em ensinar e mais ensinar, dando conhecimentos os mais diversos, preparando os jovens para uma carreira acadêmica e/ou profissional, ao ponto de muitos pedagogos e professores afirmarem que a educação moral é problema da família, é função dos pais, nada tendo a escola com isso. É um equívoco de graves consequências, as quais restamos vivendo na atualidade.
Escola e família são as duas grandes e importantes instituições de educação do ser humano, devendo trabalhar em conjunto, equilibrando a educação intelectual com a educação emocional, desenvolvendo de forma equilibrada, integrada, o potencial da criança, fazendo com que, através do desenvolvimento do senso moral, saiba discernir, de forma consciente, sobre o que lhe convém, e para os outros, e o que não lhe convém, nem para os outros. Esse é o resultado que a educação deve alcançar, e então não teremos mais necessidade de proibições e legislação punitiva.
A alma imortal que somos, no seu percurso em demanda para a perfeição, solicita apenas uma coisa: educação!.
terça-feira, 12 de novembro de 2024
segunda-feira, 11 de novembro de 2024
O evangelho segundo o espiritismo
Quando, no ano de 1864, Allan Kardec lançou o livro O Evangelho Segundo o Espiritismo, estudando os ensinos morais de Jesus, teve por finalidade, conforme orientação dos Espíritos Superiores, estabelecer as bases religiosas da Doutrina Espírita, mas tomando cuidado para que os adeptos e estudiosos não confundissem o Espiritismo com uma religião formal, institucionalizada, o que nunca foi nem deverá ser. Desde o lançamento de O Livro dos Espíritos, em 1857, as consequências morais de sua ciência e de sua filosofia estavam claras, contudo era necessário estabelecer os vínculos com o guia e modelo da humanidade, revivendo seus ensinos em espírito e verdade.
Na época, algumas pessoas teceram críticas, pois acreditaram que Kardec estava reescrevendo o Evangelho, que um novo Evangelho, o espírita, estava surgindo, mas isso nunca foi verdadeiro. Trata-se de uma obra que estuda o Evangelho através dos princípios que formam o Espiritismo, tais como Deus, imortalidade da alma, reencarnação, mediunidade, evolução. Portanto, não se trata de um novo evangelho, mas sim de estudo dos ensinos do modelo e guia da humanidade, ofertando a todos a visão que o Espiritismo possui desses ensinos.
Com esse lançamento, o Espiritismo posicionou-se firmemente como doutrina cristã, como doutrina inserida na história do Cristianismo, mas ao mesmo tempo, por não possuir dogmas, nem sacerdócio, nem paramentos, nem rituais, é uma doutrina para todos os livres pensadores, e mesmo para adeptos de outras crenças, sejam filosóficas ou religiosas, pois a finalidade maior do Espiritismo é formar seres humanos de bem, pessoas voltadas a fazer o bem, pensando e agindo para o bem coletivo.
Especificamente no Brasil, o Espiritismo é conhecido como religião. É comum, quando o adepto é perguntado sobre qual religião ele professa, responder: sou espírita! Ou, se perguntado sobre qual igreja frequenta, responder: o centro espírita! Nos formulários oficiais de pesquisa dos órgãos responsáveis por levantamentos estatísticos, o Espiritismo é sempre classificado como religião. É muito difícil, raro mesmo, ver o Espiritismo classificado e entendido como ciência ou como filosofia, o que de fato ele é, pois seu aspecto religioso assumiu proporções muito maiores.
Compreendemos que isso, no contexto cultural brasileiro, tenha acontecido, e que muitas pessoas pensem que para ser adepta do Espiritismo tenha que frequentar o centro espírita, quando isso não é verdadeiro, pois qualquer pessoa pode estudar o Espiritismo, seguir seus princípios, aplicá-los em sua existência, sem necessariamente estar vinculado a um centro espírita ou mesmo a um grupo de estudo, embora reconheçamos a importância da instituição e do grupo de estudo, pois somos seres sociais, seres de relação, e aprender e praticar em conjunto com outras pessoas é bem melhor, é mais produtivo.
Agora, não adianta dizer-se espírita e não viver de acordo com os ensinos da Doutrina Espírita. Não adianta frequentar o centro espírita e manter-se fofoqueiro, hipócrita, desonesto. Não adianta estudar o Espiritismo e não ser um bom pai ou boa mãe, não ser um bom profissional. Ser espírita não pode significar apenas um rótulo; dizer que acredita na reencarnação e nada fazer para se desligar das ideias materialistas sobre a vida; afirmar que acredita na vida depois da morte e continuar a tocar a existência mantendo diversos vícios morais.
O fato de manter a realização do evangelho no lar nem sempre significa estar realizando a autoeducação, a chamada reforma íntima. Muitos somos fiscais da vida alheia, quando deveríamos ser fiscais de nós mesmos.
Em resumo, o Espiritismo não é mais uma religião cristã, não pode ser um rótulo que ostentamos para exibição, deve ser nosso roteiro de vida, quando colocamos seus ensinos em prática, procurando vivenciá-los com todas as nossas forças, pois temos nele uma doutrina filosófica, científica e de profundas consequências morais, revivendo as belas e maravilhosas lições de Jesus Cristo.
Nos 160 anos de lançamento de O Evangelho Segundo o Espiritismo, compreendamos que não se trata meramente de um livro religioso, mas de uma obra que faz luz sobre o maior evento que a humanidade já assistiu: a vinda do Messias, do Enviado de Deus, para nos entregar a lei de amor, que rege toda a criação universal, e isso transcende qualquer sentido religioso institucional, pois trata-se da religião do Espírito imortal que somos.
terça-feira, 5 de novembro de 2024
segunda-feira, 4 de novembro de 2024
O combate à corrupção
A corrupção é um mal moral, e esse entendimento é fundamental para compreendermos que sua solução está na educação, que não se restringe a estudo de conteúdos de disciplinas curriculares na escola, mas abrange igualmente a formação do caráter, o desenvolvimento das virtudes, o combate às más tendências que o Espírito apresente desde o nascimento. Em outras palavras, a educação deve trabalhar, de forma equilibrada, harmônica, tanto o desenvolvimento cognitivo quanto o desenvolvimento emocional da criança, permitindo o crescimento autônomo acompanhado do cumprimento dos deveres e das responsabilidades para consigo e para com os outros, visando o bem estar social. A falta dessa visão mais aprofundada sobre a educação tem permitido a manutenção da corrupção, que anda de mãos dadas com a desonestidade e com a ideia materialista sobre a vida. Não é por outro motivo que o Espiritismo defende a urgente aplicação da educação moral, tanto na família quanto na escola.
Não confundamos a educação moral com lições de moral na infância, nem tão pouco com o ensino dos princípios desta ou daquela doutrina religiosa, cristã ou não, pois a educação moral está acima disso, e é muito mais profunda e ampla, pois trata-se de colocar em ação uma proposta pedagógica com metodologia e didática próprias, pois não se pode conceber que para educar moralmente se recorra a um trabalho feito de qualquer jeito. Se para a melhor educação intelectual, para a melhor aquisição de conhecimentos, recorre-se a estudos prolongados sobre o desenvolvimento psicogenético do ser humano, com foco especial no período infantil, desenvolvendo-se metodologias apropriadas, o mesmo deve ser feito com relação à educação moral, no desenvolvimento dos sentimentos.
Equivoca-se o educador que pensa baste contar uma parábola de Jesus para incutir nos educandos um comportamento moral que será, depois, revelado na vivência social. A contação de história é uma arte pedagógica, e ela, por si só, não poderá fazer o “milagre” da transformação moral de uma criança, tendo que estar inserida num contexto educacional mais amplo. E há maneiras e maneiras de se contar uma história e, dependendo de como é feito, pode motivar ou desmotivar, por isso mesmo, insistimos, é uma arte.
Uma questão que deve ser levada em conta pelo educador no trabalho da educação moral, é o contexto multicultural e tecnológico em que a nova geração está inserida. A internet, as telas digitais, as redes sociais, as ideologias políticas e de gênero, numa ebulição sem precedentes na sociedade humana, não podem ser desprezadas. As questões referentes aos avanços científicos e o uso ético de suas descobertas; as questões referentes à liberdade de expressão, entre outras, atingem com maior ou menor profundidade os Espíritos que agora estão reencarnando, e não podem ser desprezadas no contexto educacional da melhor preparação para a vida.
Essa abordagem não é um desvio de foco, pois a vida é educação, como nos alertam os Espíritos Superiores, e não podemos educar dentro de uma bolha, dentro de uma utopia. Basta lembrar que Jesus viveu o seu tempo normalmente, convivendo com as pessoas, enfrentando os desafios existenciais e culturais com desassombro, sem se isolar do mundo, legando-nos lições morais vivas, universais, aplicáveis em todos os tempos, utilizando os mais diversos recursos de ensino.
Como dissemos, para o desenvolvimento da educação moral, e o consistente combate à corrupção, atingindo suas causas, que são o egoísmo e o orgulho, precisamos compreender que ela, a educação moral, é essencial, mas que se ficar apenas em ensinos teóricos ou discussões filosóficas, não conseguirá lograr o cumprimento de sua finalidade, que é a boa formação do caráter do ser humano, levando-o a pensar nos outros, no bem coletivo, fazendo ao próximo somente o que deseja que este lhe faça.
Estamos no mundo, mas não somos do mundo. Nada nos pertence do ponto de vista material. Deixar-se corromper ou praticar a corrupção é perder a oportunidade reencarnatória de reparar más ações cometidas em existências passadas, e dar início ao processo de reparação das mesmas, com vistas ao nosso progresso espiritual e encontro com a verdadeira felicidade, que não está na posse dos bens materiais, mas no desenvolvimento do potencial divino que está em nós, e que deve florir através da prática das virtudes: honestidade, bondade, fraternidade, caridade.
Por mais esforços sejam feitos em ações de segurança pública, no aperfeiçoamento e aplicação da justiça, na distribuição de benefícios sociais, entre outras, não conseguiremos acabar com a corrupção, pois ela é um vício moral, e essas ações passam longe da educação, da verdadeira educação, que o Espiritismo nos apresenta sem rodeios, e cuja aplicação é urgente, se queremos que o bem predomine sobre o mal, se queremos que a caridade predomine sobre o egoísmo, se queremos que a humildade predomine sobre o orgulho.
terça-feira, 29 de outubro de 2024
segunda-feira, 28 de outubro de 2024
A educação é a essência da doutrina espírita
Por que afirmamos que a educação é a essência da doutrina espírita? Porque ao estudarmos o Espiritismo compreendemos que ele é uma doutrina, ou seja, um conjunto de princípios filosóficos, científicos e religiosos, cuja finalidade é auxiliar o ser humano no seu melhoramento moral, para que assim tenhamos a transformação moral da humanidade. Como sabemos que todos somos Espíritos reencarnados num processo de aperfeiçoamento, estamos diante, na verdade, de um processo educacional abrangente, profundo, envolvendo nossa realidade espiritual ao longo da eternidade, dando novo significado ao existir aqui na Terra, este planeta mãe, abrigo divino que nos propicia aprendizados valiosíssimos através de provas e expiações que nos impulsionam para frente e para o alto.
É por descuidarmos da educação e confundi-la com a instrução, com a transmissão de conhecimentos, que temos assistido quadro tão difícil na sociedade humana, às voltas com altos índices de criminalidade, com corrupção, com discriminações e guerras. A educação é o desenvolvimento harmônico, equilibrado, tanto da inteligência quanto do sentimento, portanto, a educação deve ser entendida de forma integral, e não unilateral, e não pode ser atribuição exclusiva da escola, pois também envolve a família, o centro espírita e demais instituições humanas.
Ora, qual é a doutrina, com sua filosofia e estudos científicos, que melhor compreende a educação? Não temos dúvida em afirmar que é o Espiritismo, com sua visão da alma imortal, da vida futura, da comunicabilidade entre mortos e vivos, da pluralidade das existências, tudo isso com a perspectiva da lei de evolução.
Assim também entende Léon Denis, filósofo espírita e contemporâneo de Kardec, quando pronuncia na introdução de seu livro O Problema do Ser e do Destino: “Uma dolorosa observação surpreende o pensador no ocaso da vida. Resulta também, mais pungente, das impressões sentidas em seu giro pelo espaço. Reconhece ele então que, se o ensino
ministrado pelas instituições humanas, em geral – religiões, escolas, universidades –, nos faz conhecer muitas coisas supérfluas, em compensação quase nada ensina do que mais precisamos conhecer para encaminhamento da existência terrestre e preparação para o Além. Aqueles a quem incumbe a alta missão de esclarecer e guiar a alma humana parecem ignorar a sua natureza e os seus verdadeiros destinos”.
Léon Denis, além de ter sido profundo estudioso do Espiritismo, foi um dos fundadores, em França, da Liga de Ensino, tendo ministrado centenas de palestras, na França e outros países, sobre educação, numa visão espiritualista que o Espiritismo lhe propiciou, portanto, temos uma palavra abalizada nessa questão.
Necessitamos entender com maior profundidade o Espiritismo como doutrina de educação, ou como obra de educação, no dizer de Leopoldo Machado, elegendo a educação como tema prioritário dos serviços do centro espírita, colocando em maior grau de importância o serviço de evangelização espírita, que deve ser entendido como serviço de evangelização espírita da família, atendendo crianças, adolescentes, jovens e adultos.
Não basta conhecer a Doutrina Espírita. Não basta frequentar o Centro Espírita. Não basta fazer parte de um grupo de estudo espírita online. Se essas coisas são importantes e úteis, mais importante e mais útil é aplicar os princípios doutrinários a si mesmo, realizando consigo o processo de educação moral, para que então sejamos conhecidos como verdadeiros espíritas, dando exemplo daquilo que estudamos e, muitas vezes, ensinamos aos outros.
Os dirigentes dos centros espíritas precisam acordar para a importância da evangelização das novas gerações, promovendo incessantemente esse serviço, e também fazendo esforços para a melhor capacitação, ou qualificação, dos evangelizadores, assim como para a melhor adaptação física dos ambientes em atendimento às especificidades das faixas etárias.
Lembremos que é princípio básico do Espiritismo a reencarnação, o nascer de novo ensinado por Jesus, e que no amanhã, nesse futuro que a imortalidade nos reserva, haveremos de retornar ao planeta, num novo corpo. Que sociedade queremos aqui encontrar? Isso depende do que estamos fazendo hoje com os Espíritos que Deus nos confia, em educá-los ou deseducá-los, pois sempre colheremos de acordo com o que semeamos.
Mãos à obra! Eduquemos com Jesus, à luz da imortalidade e da reencarnação, compreendendo que gerações não evangelizadas é que tornam a sociedade humana infeliz.
terça-feira, 22 de outubro de 2024
segunda-feira, 21 de outubro de 2024
O que é educação
Muitas pessoas gostam de opinar sobre a educação, mas nem sempre sabem, de fato, o que é a educação, confundindo-a, por exemplo, com o que se ensina na escola, quando a instrução, a aquisição de conhecimentos faz parte da educação, mas não é a educação. Falam de educação para o trânsito, educação da cidadania, educação para a paz, educação profissional, como se houvessem muitas educações, quando a verdade é que todas essas coisas fazem parte da educação. Há os que acreditam que somente a escola educa, deixando a família de lado, mas quando se referem à escola confundem a educação com o currículo, com a metodologia, com os conteúdos que são ensinados, quando todas essas coisas fazem parte da educação, mas isoladas não a representam. E se temos os que olham somente a escola, temos igualmente os que focam apenas na família, pois esta é que deve educar, segundo eles, dando limites aos filhos, entre outras coisas. Acontece que a educação deve estar presente na família, na escola e na sociedade, não sendo exclusividade dos pais ou dos professores, mas sendo dever de todos.
Podemos falar em pilares essenciais da educação, em valores e princípios da educação, em finalidade e objetivos da educação, contudo, compreendamos que tudo isso depende da filosofia que rege a educação. Essa filosofia pode ser materialista ou espiritualista, e é essencial que definamos qual filosofia sobre o ser humano e a vida regerá a educação, que é a formação integral do ser humano, o desenvolvimento integral do ser humano, trabalhando o cognitivo e o emocional. Mas esse desenvolvimento integral pode ser mais ou menos abrangente, mais ou menos transcendente, dependendo da filosofia que norteia a visão sobre o ser e o existir.
Façamos aqui um parêntesis: não confundamos a educação integral do ser humano com o horário integral na escola, pois são coisa bem distintas. Podemos ter horário integral, com o aluno chegando, por exemplo, às sete da manhã e saindo às cinco da tarde, envolvido por estudos e outras atividades, e não termos, de fato, educação integral. Temos visto muitas escolas de horário integral que não levam em consideração o desenvolvimento emocional, o desenvolvimento do senso moral das crianças e jovens. A carga de estudos e atividades extracurriculares é tão grande, que muitos se queixam de não ter tempo para si mesmos, para interagir com colegas e professores, estando sempre sobrecarregados por provas, trabalhos, notas, projetos. Isso não é educação integral.
Defendemos que a filosofia que rege a educação seja espiritualista, ou seja, que leve em consideração que o ser humano é uma alma imortal em evolução para a angelitude, ou perfeição, tanto intelectual quanto moral. Essa filosofia dará a ele um ideal superior de viver, impulsionando-o para utilizar sua vontade, seu querer, em se melhorar, colocando para fora seu potencial. Eis a verdadeira educação.
Que adianta ter muitos conhecimentos e ser violento? Que adianta ter diplomas escolares e ser desonesto? Inteligência e sentimento devem se dar as mãos, do contrário a educação integral não estará acontecendo.
Entre as filosofias espiritualistas existentes, elegemos o Espiritismo como a melhor, mais clara e objetiva, para reger a educação, pois a filosofia espírita explica racionalmente, e com base na observação e estudo dos fatos, o que é a alma, o que é Deus, o que acontece depois da morte, os mecanismos da reencarnação, o funcionamento da lei divina e assim por diante, numa visão que transcende o nascer, viver e morrer, mostrando que temos vida futura e que estar aqui na Terra é oportunidade valiosa para novos aprendizados e realização do progresso espiritual.
A educação, segundo o Espiritismo, abrange a formação do caráter, o desenvolvimento cognitivo, a correção de más tendências, a aquisição de bons hábitos, o desenvolvimento do senso moral, a visão transcendente sobre si mesmo e a vida. A educação deve proporcionar ao ser humano os elementos que o auxiliarão a desenvolver o potencial divino, em germe, que traz consigo, e já desenvolvido até certo ponto em existências anteriores a esta, no mecanismo da reencarnação.
Aprendemos com o Espiritismo que somente a educação pode realizar a transformação da humanidade, compreendendo que essa transformação é de ordem moral, para que a inteligência esteja voltada para o bem comum, o bem de todos. Para isso, as famílias, as escolas, as igrejas e a sociedade humana como um todo, devem se dar as mãos, num trabalho conjunto, fazendo hoje o que seremos amanhã, ou seja, trabalhando no presente a educação que fará no futuro uma humanidade bem melhor.
terça-feira, 15 de outubro de 2024
segunda-feira, 14 de outubro de 2024
Novas pedagogias para a evangelização espírita
Quando a Campanha Nacional de Evangelização Espírita Infantojuvenil foi lançada, lá na metade dos anos 1970, tendo à frente o Conselho Federativo Nacional da Federação Espírita Brasileira, importante material pedagógico de apoio foi elaborado pelo Departamento de Infância e Juventude da FEB, surgindo as apostilas com orientações aos evangelizadores, planos de curso, planos de aula, sugestões de atividades, assim como incentivo à realização de cursos de capacitação. Tudo foi muito importante, impulsionando o movimento espírita a trabalhar pela orientação moral e espiritual das crianças e dos jovens, mas estamos fazendo uma referência histórica, voltando cinquenta anos no tempo, aproveitando para fazer um preito de gratidão a todos que naquela época trabalharam intensamente pela evangelização espírita, legando-nos contribuições valiosas. Contudo, como dissemos, cinquenta anos foram passados na ampulheta do tempo, e uma revisão se faz necessária, pois não é mais admissível que continuemos a trabalhar um currículo fechado, com evangelizadores que apenas dão aula de conteúdos doutrinários.
Currículo fechado é aquele elaborado pela coordenação, ou pela equipe de evangelizadores, estabelecendo os temas, semana após semana, que serão trabalhados nas diversas turmas da evangelização, ao longo do ano, sem que haja espaço para novas demandas, ou seja, o evangelizador recebe o currículo e já sabe, desde o início do ano, todas as aulas que deverá desenvolver até o final desse mesmo ano, uma por uma, semana após semana. O currículo fechado não permite que o evangelizador atenda demandas específicas das crianças, ou dos jovens; não leva em conta a realidade social, cultural e outras realidades dos alunos; não permite espaço para o evangelizador estender algum tema, mesmo que isso seja necessário. O currículo fechado é, pedagogicamente falando, ineficaz, está na contramão do que deve ser feito para atender as necessidades dos espíritos que compõem a nova geração.
Quanto à aula, ninguém sabe como ela surgiu e porque foi padronizada nas escolas, como também ninguém sabe porque, em média, ela tem a duração de cinquenta minutos. Hoje sabemos que os alunos devem ter ampla participação no processo de aprendizagem, afinal eles são seres que pensam e sentem e, na visão espírita, trazem intensa bagagem vinda das existências passadas. Não podem, portanto, ficarem passivos, apenas recebendo explicações do evangelizador, que não faz outra coisa a não ser tentar ensinar, muitas vezes sem uma boa didática, sem a utilização de uma metodologia atraente, criativa e participativa.
Diante desse quadro, de uma certa estagnação nos procedimentos pedagógicos da evangelização espírita, é natural que as crianças e os jovens se sintam desmotivados, provocando o fenômeno do esvaziamento dessa atividade no Centro Espírita, pois a falta de dinamismo e de participação no processo, faz com que não queiram mais frequentar a evangelização espírita.
Sabemos que outros fatores também contribuem para esse esvaziamento, que a questão pedagógica não é a única vilã, mas temos que é um fator muito importante, e que o serviço de evangelização espírita necessita absorver novos olhares pedagógicos, novas metodologias, renovando-se para poder ser mais eficaz e atraente.
Na questão curricular, por que não trabalhar por eixos temáticos, ciclos e participação mais ampla das crianças e jovens? Temos uma boa proposta nesse sentido da educadora espírita Lucia Moysés, como vemos em seu livro A Evangelização Mudando Vidas, lembrando que Lucia Moysés é pedagoga, tendo trabalhado amplamente nessa área na Universidade Federal Fluminense. Outra proposta encontramos com o educador espírita Walter Oliveira Alves, também pedagogo e professor universitário, em sua obra Prática Pedagógica na Evangelização, em três volumes, trabalhando a educação do espírito e o desenvolvimento intenso das mais diversas artes.
Quanto à aula, propomos que o evangelizador seja um facilitador e orientador do processo de aprendizagem, ou em outras palavras, seja um tutor das crianças e jovens, colocando-os para trabalhar em grupos de estudo e pesquisa, desenvolvendo projetos com base nos eixos temáticos, assim fazendo da sala de aula um espaço de aprendizagem coletiva, evitando dar aula, mas incentivando os evangelizandos a fazerem suas próprias descobertas, numa nova dinâmica, amplamente participativa.
Seja como for, pois temos diversas novas propostas pedagógicas a serem estudadas e levadas em consideração, que o serviço de evangelização espírita das novas gerações nunca deixe de priorizar, na teoria e na prática, a formação do caráter, a vivência dos ensinos morais de Jesus, para que possa ocorrer em mais brteve tempo a transformação moral da humanidade.
Pensemos, e coloquemos em ação, novas propostas pedagógicas para a evangelização espírita.
terça-feira, 8 de outubro de 2024
segunda-feira, 7 de outubro de 2024
O que eu posso fazer
Estamos diante de uma humanidade com muitos paradoxos: comunicação global instantânea e ao mesmo tempo milhões de pessoas na miséria; pedidos de paz nas relações humanas e guerras espalhadas por várias nações; ações humanitárias de organizações não governamentais e corrupção envolvendo autoridades públicas. E poderíamos continuar essa lista colocando lado a lado muitas coisas boas com muitas coisas ruins. Isso nos mostra que, realmente, o mundo está precisando de mudança, e mudança para melhor, onde não tenhamos tantas desigualdades, tantas contradições.
A pergunta que se faz é o que eu posso fazer para mudar o mundo, ou seja, o que eu, individualmente, posso fazer, mesmo não tendo em minhas mãos o poder que certas pessoas têm de conseguir mobilizar os meios de comunicação, ou não tendo autoridade política para tomar decisões que impactam boa parcela da humanidade. O que eu, uma pessoa comum, posso fazer? Diante dessa pergunta talvez muitas pessoas pensem que, se podem fazer alguma coisa, essa alguma coisa seria bem pequena e nada impactante para realmente poder mudar o mundo. Será isso uma verdade?
Somos parte de uma coletividade e nossa ação individual é muito importante, pois a soma das ações individuais e dos pensamentos direciona a coletividade à qual pertencemos, a influencia em maior ou menor escala, então não podemos ficar acomodados e omissos, ainda mais diante das tecnologias de comunicação hoje disponíveis, que nos conectam de forma instantânea, como podemos constatar com as redes sociais. Quantas vezes já não assistimos uma ação individual numa rede social viralizar e se tornar um fenômeno mundial? Mas podemos, igualmente, mobilizar a vizinhança para uma ação coletiva na comunidade em que vivemos. Existem mil modos de agirmos para melhora da sociedade e, portanto, da humanidade.
Como espírita, temos consciência da lei da reencarnação, quando, por força da necessidade de darmos continuidade aos nossos aprendizados, e muitas vezes tendo que reparar algo realizado em existência anterior, aqui retornamos como construtores de nós mesmos e da sociedade em que vivemos. Para Deus, nosso Pai e Criador, devemos ser participantes ativos da vida, verdadeiros co-criadores, procurando utilizar a inteligência para construção do bem e do belo, ao mesmo tempo em que devemos nos elevar moralmente, com a observação das virtudes, tais como a humildade, a caridade, a bondade, a solidariedade, o respeito, entre outras.
Somos espíritos reencarnados, seres humanos com responsabilidades individuais e coletivas perante a lei divina, que nos projeta para a perfeição, para a felicidade. Somos dotados de livre arbítrio, dessa maravilhosa faculdade de fazer escolhas, mas é da lei divina que devemos sempre assumir as consequências dessas nossas escolhas, então temos diante de nós a sociedade que construímos com nossas escolhas passadas e presentes, tendo no hoje oportunidade de realizar mudanças, transformações, visando uma humanidade melhor no futuro mais imediato ou mais distante, lembrando que será necessário nascer de novo, ou seja, retornar a este mundo pela lei da reencarnação. E que mundo queremos nos receba nesse amanhã?
É simples lançar a culpa por todos os males sociais nas autoridades públicas, nos empresários gananciosos. Sim, eles, muitas vezes, carregam parcela expressiva dessa culpa, mas não com exclusividade. Individualmente também somos um tanto quanto egoístas, orgulhosos, vaidosos, hipócritas, corruptos, afinal a maioria esmagadora está na condição de espírito imperfeito, lutando contra vícios que desonram o caráter. Nossa ação, mesmo em menor escala, e aparentemente não tão nociva, não passa despercebida pela lei divina, que também leva em conta nossas boas ações, nossas intenções em fazer o bem ou, ao contrário, deixar as coisas do jeito que estão.
Então, sim, eu posso fazer alguma coisa, e de relevância, para mudar o mundo. Eu posso procurar me dar bem com familiares e vizinhos, amigos e colegas de trabalho, evitando brigas, desentendimentos, e estabelecendo a cordialidade, a solidariedade, o respeito e o entendimento. Eu posso mobilizar pessoas para auxílio a quem está desempregado, a quem está adoentado, a quem está passando por dificuldades, necessitando de uma mão amiga. Eu posso esclarecer, consolar e orientar sempre a favor da vida, combatendo o suicídio, a pena de morte, a eutanásia e o aborto. Eu posso exercer minha cidadania, com ética, junto aos representantes públicos do executivo, legislativo e judiciário para que eles respeitem o povo, para que trabalhem visando o bem comum.
E eu posso, e devo, procurar insistentemente ser um bom exemplo para os outros, para as novas gerações, para que minhas palavras, meus pensamentos, sejam sempre úteis, concretizando-se em ações visando o melhor para a coletividade, cumprindo assim minha missão neste mundo, que é de me aperfeiçoar e contribuir pelo progresso geral, priorizando a educação, humanização e espiritualização minha e de todos.
terça-feira, 1 de outubro de 2024
terça-feira, 24 de setembro de 2024
segunda-feira, 23 de setembro de 2024
Novas pedagogias fazem a diferença
Professores afetivos e humanizados, acolhedores, orientando os alunos no seu percurso de aprendizagens, fizeram a diferença no Instituo de Yverdon, na Suíça, junto com um diretor que atendia em grupo e individualmente os alunos, ouvindo-os e interessando-se pelos mesmos. Tudo isso com ampla participação dos pais, acolhidos pela escola, em participação ativa. Mas isso aconteceu há muito tempo, entre os anos de 1805 e 1825, sob a coordenação de um educador notável, Pestalozzi, que tem seu nome gravado na história da educação e da pedagogia. Mesmo não conhecendo essa história, e nunca ter ouvido falar nesse educador, pedagogos e professores atuais, em muitas escolas, têm se aproximado do que aconteceu na Europa, lá no início do século dezenove. E isso tem acontecido em escolas públicas, como é o caso da Escola Estadual Deputado Pedro Costa, conforme reportagem publicada no portal de notícias G1.
Segundo a reportagem, a Pedro Costa, escola pública estadual com sede no bairro do Tucuruvi, na zona norte da cidade de São Paulo, está concorrendo ao prêmio de “Melhor Escola do Mundo”, que anualmente é entregue pela T4 Education, plataforma global que reúne uma comunidade de mais de 200 mil professores de mais de 100 países com o objetivo de transformar a educação no mundo. A escola está concorrendo ao prêmio pela categoria Colaboração Comunitária por causa dos projetos de xadrez e atletismo, que tiveram o apoio da ONG Parceiros da Educação para implementar.
Lendo a reportagem, chamou-nos a atenção o item Novas Pedagogias, com a seguinte explicação: “Além das aulas extracurriculares, o corpo docente aderiu a dois tipos de pedagogia que fizeram toda a diferença para serem considerados para o prêmio de Melhor Escola do Mundo na categoria Colaboração Comunitária: a Pedagogia da Presença e a Pedagogia da Tutoria. Na Pedagogia da Presença, os estudantes precisam estabelecer na relação com o aluno, o afeto, o respeito e a reciprocidade, ou seja, vínculos de consideração presentes em todas as ações no dia a dia durante o cotidiano da escola. Já na Pedagogia da Tutoria, os professores e a gestão escolar são também tutores dos alunos e trabalham para orientar e impulsionar eles tanto para formação acadêmica como para a pessoal e profissional.”
Hoje a escola trabalha no regime de horário integral e conta com boa participação dos pais, destacando-se das suas atividades o desenvolvimento do xadrez e de várias modalidades de atletismo, entre outras que foram implementadas, numa nova dinâmica pedagógica, que está dando certo graças à mudança de mentalidade e postura dos professores, pois antes, quando os professores apenas davam aula, a escola, sem qualquer atrativo, estava perdendo alunos, chegando a ser ameaçada de fechamento. A transformação teve início no ano de 2021 e foi consolidada no ano seguinte.
A história de sucesso da Escola Estadual Deputado Pedro Costa pode ser a história de sucesso de qualquer escola pública, seja ela municipal, estadual ou federal, em qualquer lugar deste nosso Brasil. Para isso basta que direção, coordenação pedagógica e professores se voltem para a aplicação da humanização do processo de aprendizagem, deixando de ensinar para orientar, permitindo a ampla participação de alunos e pais nesse processo, envolvendo a escola com a comunidade. A partir dessa nova postura, tudo o mais irá acompanhar, numa nova dinâmica educacional, que já existia no Instituto de Yverdon, e pode existir em qualquer escola, na verdade deveria mesmo existir, como compreenderam os educadores do movimento da Escola Nova, entre eles Freinet, Montessori e aqui, em nossas terras, Anísio Teixeira.
Bons exemplos de escolas dinâmicas, democráticas, integradas com a comunidade, fazendo diferente para fazer a diferença na sociedade, não faltam, quer no Brasil e em outros países, mas percebemos uma falta de vontade por parte das autoridades públicas e dos pedagogos e professores, em permitir que a escola tradicional seja transformada, em permitir que os cursos de formação a nível médio e superior formem novas mentalidades. Algumas dessas pessoas estão acomodadas numa zona de conforto, outras pecam por ignorância, e outras tantas nada fazem porque defendem interesses outros, como a manutenção de sistemas de ensino particulares que são empresas à procura de muito lucro.
Um dia, e jamais perderemos essa esperança, além da humanização e democratização da escola, veremos ela desenvolvendo também o essencial da vida: nossa realidade espiritual, dando às novas gerações ideais mais nobres e profundos quanto ao viver. Essa será a nova pedagogia do amanhã.
Vídeo - O Jovem e a Dinâmica Educacional
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