terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Educar é

Educar é amar.

Mas é também orientar.

É descobrir as potencialidades individuais.

É facilitar o processo de aprendizagem.

E também estimular descobertas.

Educar é sempre se educar.

É saborear o conhecimento.

É seduzir para a sabedoria.

E voar como se fosse um pássaro.

Educar é revelar a alma.

É transformar-se e transformar o ensino.

É dar bons exemplos.

É cultivar virtudes.

É sempre acreditar.

Educar é olhar para frente.

É sonhar todos os dias.

É sentir o olhar de uma criança.

É se encantar com sorrisos.

Educar é sempre olhar pela janela.

E maravilhar-se com a natureza.

E encantar-se com a singularidade das pessoas.

E gostar do que faz.

Educar é ...

É tanta coisa que palavras não revelam.

É o sentir do coração.

É, antes, durante e sempre ... Amar.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Querer Aprender

Lendo Leo Buscaglia, que foi professor, escritor, palestrante e criador do curso "Amor" a nível superior, encontrei este magnífico pensamento:

"Aprendi há muito, muito tempo que ninguém jamais ensinou coisa alguma a alguém. Eu poderia ser o homem mais sábio do mundo e lhe dizer tudo o que sei, mas se você não quiser aprender, não aprende. Lançar informações é um coisa, mas aprender é uma decisão que você toma. Não posso tomá-la por você. Aprendemos pelo exemplo, e não pelo que nos dizem. Aprendemos vendo, observando, pegando e experimentando. É assim que aprendemos. É um processo de descobrimento voluntário. Fico preocupado porque pedimos aos nossos filhos que aprendam o amor, a responsabilidade, a alegria de viver, e não é muitas vezes que lhes oferecemos muitos modelos. Temos pessoas que gritam por corações e que mandam as secretárias comprar cartões de namorado para as mulheres".

Esta pérola educacional escrita por Leo Buscaglia está no livro "Vivendo, Amando e Aprendendo", que é uma das preciosidades de minha biblioteca, e que estou saboreando há várias semanas, lendo devagar, para melhor sentir seu conteúdo. É o que devemos fazer com os bons textos, com os bons livros. E não tirá-los nunca da lista de re-leitura.

Realmente, muitas vezes acreditamos que somos bons professores e que ensinamos bem. Que nossas palavras estão sendo absorvidas. Medimos isso pelas laudas preenchidas nos cadernos. É um engano. a matéria pode estar senso copiada, e muitos alunos podem até estar participando da aula, mas os pensamentos, quantas vezes, estão em outros lugares e assuntos. Não é a quantidade de palavras que utilizamos, nem os exercícios que entregamos, que fazem o aprendizado. Aprender é um ato pessoal. O aluno só aprende se estiver conquistado, se o professor conseguir seduzi-lo para a importância do estudo.

E ainda precisamos reconhecer que o conhecimento que não transforma é apenas informação. Como diz Buscaglia, lançar informações não é acionar o processo do aprender.

Sempre defendemos, como pilar da educação, o critério da experiência própria, ou seja, que o educando possa construir o aprendizado por si mesmo, pensando, questionando, fazendo, errando, fazendo novamente. Ele não reterá conceitos de valores se apenas estudá-los na teoria.

É por isso que os pais, principais educadores da alma infantil, precisam compreender que não se educa na base de sermões, castigos e recompensas. Palavras não acompanhadas de modelos são palavras jogadas ao vento, não surtem efeito. E ouvimos as mães se queixarem: "Não adianta, falo, falo e parece que entra por um ouvido e sai por outro". É verdade, é isso mesmo. Porque são palavras desacompanhadas do modelo. O filho sabe que a mãe e/ou o pai não tem autoridade moral, porque exigem determinados comportamento dos quais não são exemplo.

Se você ama seus alunos, se ama seus filhos, se ama sua esposa ou seu marido, seja você mesmo a falar, olhando nos olhos, "eu te amo". Não entregue essa tarefa a terceiros.

Faça o outro querer aprender, querer amar, querer crescer. Esse é o segredo da educação.

Pensemos nisso!

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Suspender, Expulsar Prender

A escola possui certas tradições que podem ser questionadas, mas que estão incorporadas ao fazer pedagógico como se fossem normais. Exemplo disso é tirar o aluno da sala de aula. Várias causas justificam essa atitude: porque ele estava fazendo bagunça; porque não estava prestando atenção na aula; porque desrespeitou a professora; etc. Se o tirar da sala de aula não resolver, ou seja, se o aluno não se "emendar" e passar a obedecer as regras, ele é encaminhado para a Diretoria, que providenciará uma advertência e uma boa conversa com os responsáveis. Se isso também não resolver, é dado mais um passo para disciplinar o aluno: suspensão. Assim, ele ficará dois ou três dias fora da escola, para ver se pensa um pouco e volta melhor. Contudo, se o aluno continuar desrespeitoso, agressivo, bagunceiro, falando palavrões, ameaçando colegas e professores, com comportamento e atitudes consideradas graves, uma nova tradição é utilizada: chama-se a polícia e lá vai o aluno para a delegacia. Neste momento a escola tenta uma intervenção pseudo-educacional: solicitar aos pais a transferência do aluno-problema para outra escola. Então, e finalmente, se nenhuma dessas ações derem o desejado resultado, aciona-se a prerrogativa da expulsão. O aluno está fora da escola, banido como pessoa indesejável.

Passeando o olhar pelo dicionário, descobrimos que escola é estabelecimento de ensino. Nessa definição não há nenhuma ressalva sobre quem deve aprender, levando-nos a supor que são todas as crianças e jovens regularmente matriculadas. Mas essa é uma definição dicionarista, pois, na verdade, numa definição mais pedagógica, escola é o instituto social de educação dos indivíduos que formam a coletividade. É parceira da família e da sociedade, devendo saber trabalhar com as diferenças, com a singularidade de cada indivíduo.

Na medida em que a escola institucionaliza a retirada da sala de aula, a advertência, a suspensão, o fichamento policial e a expulsão, ela demonstra, como fato, sua falência enquanto instituto social de educação.

A escola está tão preocupada em disciplinar, ensinar conteúdos, preparar para o mercado de trabalho, fazer com que o aluno tenha condições de passar em concursos e excluir os alunos "difíceis", que desumanizou o ensino e colocou na lata do lixo a educação.

Educar e ensinar com amor é possível e temos exemplos maravilhosos espalhados pelo Brasil e pelo mundo. Uma leitura da seção "Experiências Que Dão Certo", da revista eletrônica ReConstruir - www.educacaomoral.org.br/reconstruir - dá bem a dimensão desse universo de uma boa prática pedagógica com excelentes resultados.

É urgente humanizar a escola. Colocar o amor como base do processo educacional.

Advertir, suspender, expulsar ... Isso é ranço de uma prática tradicionalista medieval. É caminhar na contramão do verdadeiro processo de educação.

Pensemos nisso!

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Menor que o Salário Mínimo

Recentemente os professores tiveram um ganho há muito reivindicado: a criação do Piso Nacional de Salário, hoje de R$ 950,00. Contudo, mais da metade dos estados e municípios brasileiros não obedece a lei federal, e mais de 50% dos professores ganha menos de R$ 720,00, com agravante na região Nordeste, onde metade do professorado recebe salário menor que R$ 450,00. Essas e outras revelações estão no estudo "Professores do Brasil: Impasses e Desafios", publicado pela Unesco.

Como 79% dos professores são do poder público, a solução implica em maior volume orçamentário, melhor articulação política entre as esferas governamentais (federal, estadual, municipal), continuidade da política nacional de salários e mobilização da categoria para garantir seus direitos e conseguir também uma plano decente de carreira.

O estudo da Unesco também toca em outra grave questão: os cursos de licenciatura não ensinam a ensinar. Há professores que não aprendem na faculdade a alfabetizar uma criança. Nos cursos de pedagogia o máximo encontrado em prática de ensino é da ordem de 10% do currículo, muito pouco para quem está sendo formado para trabalhar em sala de aula.

Não podemos dizer que as conclusões do estudo sejam novidade. Pelo contrário, há décadas fala-se das péssimas condições de trabalho dos professores da educação básica (ensino infantil, fundamental e médio): baixos salários; escolas desaparelhadas; falta de plano de carreira; má formação pedagógica. Tudo o que o estudo da Unesco revela é denunciado pela mídia e pelos próprios professores há muito tempo.

E podemos adicionar mais um agravante: o magistério desvalorizado está desumanizando o ensino. E mais: perdeu-se o verdadeiro sentido da educação, substituída pelo ensinar conteúdos e preparar para concursos e vestibulares. Isso é instrução, que faz parte da educação, mas não é a educação.

É fato que estados e municípios possuem autonomia, mas responder positivamente aos esforços do governo federal em melhorar as condições do magistério, é política que fomenta no presente um futuro bem melhor. A verdade é que um remanejamento orçamentário, colocando a educação como prioridade, faria com que a maioria dos professores já estivesse recebendo o piso nacional.

Basta uma pesquisa na Internet, nos sites oficias das prefeituras, para verificar que muitas sequer possuem uma Secretaria de Educação, ou, quando ela existe, é facilmente nublada pelos setores de obras, transportes, imposto territorial, que dominam as notícias e chamadas oficiais.

Enquanto o professor for considerado o último dos seres humanos, e a educação relegada a segundo plano, continuaremos a ter inúmeros problemas sociais, que jamais serão solucionados com segurança pública, postos de saúde, avenidas, estradas, água e esgoto. Tudo isso é importante, mas colocados nas mãos de pessoas sem o mínimo de educação, ou mal educadas, terão efeito efêmero, constituindo-se em mais problemas em futuro próximo.

Educar ou educar, não há outra alternativa. Para isso, entre outros fatores, pagar bem o professor e ter uma boa escola, fazem parte dos esforços urgentes de termos a sonhada educação de qualidade.

Pensemos nisso.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Muito Pais Não Têm Esta Paciência

Recebi um vídeo muito interessante, e para fazer pensar, mostrando uma criança com aproximadamente dois ou três anos de idade brincando com um cão, e fazendo de tudo com ele. O cachorro mostra-se extremamente paciente, não reclama, trata o garoto com amabilidade e acompanha-o por todos os cantos. E o menino sobe nele, deita sobre seu corpo, mexe em seu focinho, dá e puxa gravetos de sua boca, enfim, não poupa o cão, que mesmo assim participa de tudo e em nenhum momento reclama. O vídeo tem o sugestivo nome de "Muitos Pais Não Têm Esta Paciência".

É verdade. Muitos pais se aborrecem com seus filhos com facilidade, e normalmente reagem com violência. Não tem paciência para responder a mesma pergunta várias vezes, esquecendo que criança é assim mesmo. Isso me remete a outro belo vídeo recebido dos meus amigos internautas, mostrando um senhor idoso sentado no banco de uma praça ao lado de sua casa. Com ele está um jovem, seu filho, lendo um jornal. Vendo pássaros voarem e pousarem nas plantas e gramado, o velho pergunta várias vezes: o que é isso? O filho, cada vez mais irritado, vai respondendo: é um pássaro! Até que "explode", grita com o velho pai e diz que está cansado de responder a mesma coisa.

O velho sai, entra em casa e retorna com um diário surrado, aberto numa determinada página, e pede ao filho que leia em voz alta. Está escrito: "Hoje meu pequeno filho me perguntou vinte e uma vezes a mesma coisa, e eu respondi pacientemente vinte e uma vezes que era um pássaro". A cena termina com o filho, sensibilizado e chorando, dando um sentido abraço em seu velho pai.

Educar é um ato de amor e exige compreensão e paciência.

Não se pode educar com irritabilidade, xingamentos, bofetadas, palmadas, castigos físicos e pressão psicológica. Essas coisas geram frustrações, inibições, rebeldia, ou seja, complicam o relacionamento entre pais e filhos.

Para bem educar nada melhor que o diálogo, a explicação paciente, a troca de responsabilidades, a participação doméstica e, fundamental, o bom exemplo. Esse conjunto de ações forma a educação de qualidade que os pais devem exercer com seus filhos, pois o amor não é tolerante a ponto de deixar tudo acontecer. Pelo contrário, compete ao amor disciplinar, orientar, exigir, mas sempre de forma participativa, mostrando que direitos e deveres, liberdades e responsabilidades andam de mãos dadas.

Para medir seu grau de paciência para com os filhos, observe se você consegue responder a mesma pergunta, ou explicar a mesma coisa, repetidamente, cinco vezes, sem aumentar o tom de voz, sem mostrar irritação, impaciência.

Se você consegue, parabéns, está no bom caminho para bem educar.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Conteúdo e singularidade

Para entender a abordagem que vou fazer neste texto, é melhor, primeiro, ler o que disse Leo Buscaglia, em seu livro "Vivendo, Amando e Aprendendo":

“Talvez a essência da educação não seja entupir os jovens de fatos, e sim ajudá-los a descobrir a sua singularidade, ensinar-lhes a desenvolvê-la e depois mostrar-lhes como doá-la. Nenhum professor jamais ensinou alguma coisa a alguém. As pessoas aprendem por si. Como professores temos que acreditar na mudança, temos que saber que é possível, do contrário não estaríamos ensinando, pois a educação é um constante processo de modificação. Há uma mesa cheia de maravilhas. A educação é o processo de levar as pessoas a ela. Você pode enfeitar a mesa, não pode obrigar ninguém a comer. Todo mundo ensina a todo mundo, o tempo todo, o que são e quem são. Por isso é que todo mundo é professor. Como pessoa afetuosa, é bom você ter muito, muito cuidado com os rótulos que põe nos outros”.

Concordo com ele. Não temos que entupir os jovens de fatos, de informações, de conteúdos curriculares quem nem mesmo o professor sabe direito para que servem. Temos que ajudar os jovens a se descobrirem como pessoas, a desenvolver seus potenciais e como eles podem, maravilhosamente, doar de si para o bem da coletividade. Fatos, informações e conteúdos formam o ensinar, nem sempre ligado ao educar, que é tornar humano, a partir da singularidade, ou seja, da individualidade única do estudante.

Professor que não acredita na transformação (mudança) do aluno, não é professor. É um lesa-individualidade que deveria retirar-se da escola, abandonar o magistério e dedicar-se a outra profissão. Ele pode ser um bom vendedor de cachorro-quente, mas não é um bom professor. E o professor precisa gostar do que faz, acreditando em si e nos seus alunos, acreditando na educação.

De fato, professores nada ensinam a seus alunos. O aluno aprende porque quer, porque apreende os significados, porque se sente estimulado a descobrir e criar. Não existe cátedra, existe facilitação da aprendizagem.

O exemplo de Leo Buscaglia é significativo. Posso enfeitar a mesa e colocar alimentos maravilhosos, saborosos à disposição de todos. Mas os convidados só se deliciarão com as iguarias se quiserem. Não posso obrigá-los a comer o que não querem. Sequer posso obrigá-los a se alimentar. Mas posso incentivá-los, estimulá-los, e colocar na mesa as iguarias que efetivamente gostem, e não aquelas que são do meu gosto.

Conheço um professor que, invariavelmente, dá suas aulas recheadas de slides. Fala muito a cada slide, e, normalmente, produz mais slides do que o tempo de aula permite utilizar. Os alunos saem sempre frustrados. Não conseguem dialogar, perguntar e nem assistir toda a apresentação. É sempre assim. Esse professor não sabe trabalhar a singularidade, a individualidade dos estudantes, não sabe tocar o ser humano que está ali. Ele não acredita na transformação, mas apenas na formatação, o que é bem diferente.

Posso ter um bom currículo e conteúdos variados, mas se não sonhar, se não criar, se não entender que não estou ali para ensinar, e sim para fazer pensar, para estimular o aprendizado, estarei somente entupindo meus alunos com fatos.

Tornar as pessoas mais humanas, conscientes de si e de sua participação social, a partir do respeito à sua individualidade única, dando-lhes visão profunda do ser e da vida, é realizar a educação, aprendendo com quem está aprendendo, caminhando junto com quem está na caminhada para chegar onde já chegamos.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Um texto lindo, para refletir

Compartilho com meus amigos e amigas o lindo texto abaixo, recebido por e-mail. Não sei quem é o autor, nem mesmo se a história é verdadeira, mas, será isso o mais importante?

No Brooklyn, Nova Iorque, Chush é uma escola que se dedica ao ensino de crianças especiais. Algumas crianças ali permanecem por toda a vida escolar, enquanto outras podem ser encaminhadas para uma escola comum..

Num jantar beneficente de Chush, o pai de uma criança fez um discurso que nunca mais seria esquecido pelos que ali estavam presentes.

Depois de elogiar a escola e seu dedicado pessoal, perguntou:

- “Onde está a perfeição no meu filho Pedro , se tudo o que DEUS faz é feito com perfeição? Meu filho não pode entender as coisas como outras crianças entendem. Meu filho não se pode lembrar de fatos e números como as outras crianças. Então, onde está a perfeição de Deus?”

Todos ficaram chocados com a pergunta e com o sofrimento daquele pai, mas ele continuou:

- "Acredito que, quando Deus traz uma criança especial ao mundo, a perfeição que Ele busca está no modo como as pessoas reagem diante desta criança.”

Então ele contou a seguinte história sobre o seu filho Pedro :

- “Uma tarde, Pedro e eu caminhávamos pelo parque onde alguns meninos que o conheciam estavam jogando beisebol. Pedro perguntou-me:"

- "Pai, você acha que eles me deixariam jogar?"

Eu sabia das limitações do meu filho e que a maioria dos meninos não o queria na equipe. Mas, entendi que se Pedro pudesse jogar com eles, isto lhe daria uma confortável sensação de participação. Aproximei-me de um dos meninos no campo e perguntei-lhe se Pedro poderia jogar. O menino deu uma olhada ao redor, buscando a aprovação de seus companheiros de equipe e mesmo não conseguindo nenhuma aprovação, ele assumiu a responsabilidade e disse:

- "Nós estamos perdendo por seis rodadas e o jogo está na oitava. Acho que ele pode entrar na nossa equipe e tentaremos colocá-lo para bater até a nona rodada".

Fiquei admirado quando Pedro abriu um grande sorriso ao ouvir a resposta do menino. Pediram então que ele calçasse a luva e fosse para o campo jogar. Na oitava rodada, a equipe de Pedro marcou alguns pontos, mas ainda estava perdendo por três. Na nona rodada, a equipe de Pedro marcou novamente e agora com dois fora e as bases com potencial para a rodada decisiva, Pedro foi escalado para continuar. Uma questão, porém, veio à minha mente: a equipe deixaria Pedro , de fato, rebater nesta circunstância e deitar fora a possibilidade de ganhar o jogo? Surpreendentemente, foi dado o bastão a Pedro . Todo o mundo sabia que isto seria quase impossível, porque ele nem mesmo sabia segurar o bastão. Porém, quando Pedro tomou posição, o lançador se moveu alguns passos para arremessar a bola de maneira que Pedro pudesse ao menos rebater. Foi feito o primeiro arremesso e Pedro balançou desajeitadamente e perdeu. Um dos companheiros da equipe de Pedro foi até ele e juntos seguraram o bastão e encararam o lançador.

O lançador deu novamente alguns passos para lançar a bola suavemente para Pedro . Quando veio o lance, Pedro e o seu companheiro da equipe balançaram o bastão e juntos rebateram a lenta bola do lançador. O lançador apanhou a suave bola e poderia tê-la lançado facilmente ao primeiro homem da base, Pedro estaria fora e isso teria terminado o jogo. Ao invés disso, o lançador pegou a bola e lançou-a numa curva, longa e alta para o campo, distante do alcance do primeiro homem da base.

Então todo o mundo começou a gritar: “Pedro corre para a primeira base, corre para a primeira. ”Nunca na sua vida ele tinha corrido... mas saiu disparado para a linha de base, com os olhos arregalados e assustado. Até que ele alcançasse a primeira base, o jogador da direita teve a posse da bola. Ele poderia ter lançado a bola ao segundo homem da base, o que colocaria Pedro fora de jogo, pois ele ainda estava correndo. Mas o jogador entendeu quais eram as intenções do lançador, assim, lançou a bola alta e distante, acima da cabeça do terceiro homem da base. Todo o mundo gritou:

- “Corre para a segunda, Pedro, corre para a segunda base.”

Pedro correu para a segunda base, enquanto os jogadores à frente dele circulavam deliberadamente para a base principal. Quando Pedro alcançou a segunda base, a curta parada adversária colocou-o na direção de terceira base e todos gritaram:

-“Corre para a terceira.”

Ambas as equipes correram atrás dele gritando:

- “Pedro, corre para a base principal.”

Pedro correu para a base principal, pisou nela e todos os 18 meninos o ergueram nos ombros fazendo dele o herói, como se ele tivesse vencido o campeonato e ganho o jogo para a equipe dele.

- "aquele dia, disse o pai, com lágrimas caindo sobre face, aqueles 18 meninos alcançaram a Perfeição de Deus. Eu nunca tinha visto um sorriso tão lindo no rosto do meu filho!”

Para refletir: Todos precisamos parar alguns momentos para pensar naquilo que é realmente importante na vida. A amizade e a solidariedade nunca sairão de moda.

Basta querermos!

terça-feira, 25 de agosto de 2009

A vergonhosa fábrica de ensino

Assistimos reportagem em programa televisivo, mostrando as incorreções gramaticais de alunos e professores das escolas públicas em provas, testes e redações, tanto do vestibular quanto do ensino fundamental e médio. Simplesmente uma vergonha! Textos sem nexo, respostas fora do contexto, palavras com grafia errada, erros de concordância verbal. E não critiquemos apenas os estudantes, pois os professores também estão de mal a pior.

A constatação da reportagem é que estamos diante de um gigantesco universo de analfabetos funcionais nas salas de aula das escolas públicas. São analfabetos ensinando analfabetos. Entretanto, os analfabetos que ensinam têm diploma universitário. Os analfabetos que são ensinados já alcançaram o ensino médio ou realizam o vestibular para o ensino superior. E o governo federal insiste em reservar 50% das vagas das universidades para alunos das escolas públicas!

Percebemos com clareza que não há preocupação com a qualidade, a não ser no discurso. Continuamos a ensinar mal, formar mal, educar mal na escola pública, e queremos impor, por lei, a entrada de um grande contigente de jovens despreparados na universidade. É um absurdo! O sistema público de ensino brasileiro pode ser comparado a uma empresa que não se preocupa com o controle de qualidade dos seus produtos. Tudo vai para o mercado, do jeito que estiver, e as queixas se avolumam e a empresa começa a perder mercado, até encontrar a falência e fechar as portas. A diferença está em que o ensino público brasileiro, mantido pelas verbas governamentais, por mais degradado esteja, nunca fechará as portas, continuando a alimentar o mercado com homens e mulheres que mal sabem interpretar um texto, quanto mais redigir um com correção.

Ora, se você não sabe interpretar um texto, e não sabe redigir um texto, é claro que sua leitura de um livro estará imensamente prejudicada. Os olhos passeiam pelas letras, mas a mente não consegue decodificar a mensagem. Então, o que acontece? A reprovação técnica de dezenas de cursos universitários no âmbito do ensino superior; o não preenchimento de vagas especializadas nas empresas; etc, etc.

Quando vemos movimentos como o Todos pela Educação, e o governo se comprometendo com as metas ali traçadas, e nos deparamos com a realidade dura do analfabetismo funcional nas escolas, sentimos que entre o discurso e a prática existe um abismo, e que poucos esforços estão sendo feitos para a construção da necessária ponte.

Melhorar a qualidade do ensino público é urgente. Se isso não for feito a curto e médio prazo, assistiremos a deterioração implacável das universidades junto com o crescimento da legião de miseráveis e subempregados em nosso país, apesar dos esforços em melhorar a distribuição de renda.

Pensemos nisso.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Humanização do educar

Entre as reflexões que devemos fazer sobre o ato de educar, que alguns insistem em entender apenas como ato de ensinar, está a questão da humanização. Não apenas a humanização do ensino, ou mesmo da filosofia do educar, mas a humanização do educador, que, infelizmente, é visto pela maioria como um profissional do ensino, e não como mestre, um mero professor de conteúdos disciplinares, e não um orientador do crescimento moral da criança e do jovem.

Muito bem vislumbrou essa questão o educador Paulo Freire:

“A ação de um educador humanista, revolucionário, identificando-se, desde logo, com a dos educandos, deve orientar-se no sentido da humanização de ambos. Do pensar autêntico e não no sentido da doação, da entrega do saber. Sua ação deve estar infundida da profunda crença nos homens. Crença no seu poder criador. Isso tudo exige dele que seja um companheiro dos educandos, em suas relações com estes”.

Humanizar revela o acreditar. Sem a crença no homem, no seu potencial e na sua transformação, não é possível estabelecer o processo de humanização. Se o educador entra na sala de aula rotulando os educandos: quem vai aprender, quem não vai aprender; quem é inteligente, quem não é inteligente; quem merece elogios, quem não merece; quem deve receber boa nota, quem não deve e assim por diante, ele estará demonstrando sua frieza e indiferença, e quem é frio e indiferente, mecânico e repetitivo, não pode humanizar, pois não conseguirá dar o que não tem.

O primeiro ato da humanização é trabalhar a própria sensibilização do ser. Sentir a si mesmo é pré requisito para sentir o outro. O segundo ato é acreditar em si mesmo. Quem acredita em seu potencial adquire condições de acreditar no potencial do outro.

Tem razão Paulo Freire quando fala que a educação não é um ato de entrega do saber. Esse ato é historicamente repetido, fazendo da escola um ambiente gelado, não criativo, indiferente ao que é e quer o educando. Assim, entendemos que educação é estimular, é fazer pensar, é dar espaço para a criatividade. é desenvolver o senso moral, é fazer crescer a criticidade, é humanizar, tornar sensível para a solidariedade.

O ato de educar verdadeiro existe quando educador e educando interagem, são companheiros de viagem, olham nos olhos e eles brilham.

Quando educador e educando gostam de repartir o saber, pensar sobre o saber e agir com esse saber, temos a educação e, automaticamente, a humanização do educar.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Ensinar a ser humano

Vamos ver se você consegue saber quem disse esta frase:

“Considerando-se que a educação é para todos, estamos funcionando bem no que se refere à alfabetização e matemática. Nisso somos bastante bons. Mas fracassamos tristemente quando se trata de ensinar aos indivíduos a serem seres humanos”.

Bem, pode ser qualquer educador brasileiro ou estrangeiro, não é mesmo? Na verdade ele não é brasileiro. Quem falou isso foi o professor norte-americano Leo Buscaglia, que a maioria das pessoas aqui no Brasil conhece apenas como autor de livros de autoajuda, o que não corresponde à verdade, pois ele sempre considerou seus livros como pedagógicos, e de fato são.

A indústria editorial transformou Buscaglia em bestseller e, porque ele falava do Amor, logo carimbou seus escritos como autoajuda, para tristeza desse grande educador, que durante muitos anos coordenou o curso "Amor" na Universidade da Carolina do Sul e fez centenas de palestras e workshops sobre educação.

Concordo com Leo Buscaglia: até estamos bem em alfabetização e matemática, pelo menos temos demonstrado aqui no Brasil interesse e empenho nessas duas áreas, mas quanto a ensinar aos indivíduos a serem seres humanos, somos um fracasso.

Eis nossa realidade escolar que não permite dúvida quanto ao tema: escolas desvalorizadas, alunos desmotivados, prática generalizada do bullyng, gravidez precoce na adolescência, agressões contra professores, drogas e violência, tudo isso envolvendo a juventude, que anda longe da cidadania e da ética, ou seja, está muito distante de realmente ter a postura de um ser humano. E falo de um ser humano sensível, consciente, responsável, solidário.

Entupimos nossos jovens de matemática, geografia, língua portuguesa, história, informática, biologia, esportes, sociologia, física, filosofia etc, e não reservamos um tempinho sequer para ensinar amor, cidadania, ética, responsabilidade, participação, autocontrole, solidariedade, respeito. Valores humanos e virtudes estão apenas nos discursos de especialistas em educação, pois a prática escolar só reserva espaço para preparar para vestibular e mercado de trabalho.

Estamos em crise social porque alimentamos geração a geração a crise moral.

O que esperar de jovens que só sabem viver o dia de hoje? Que só sabem consumir? Que só sabem procurar o prazer imediato? Que só olham para si mesmos?

Enquanto não ensinarmos os indivíduos a serem seres humanos, será utopia sonhar com a paz, a honestidade e tudo o mais que sempre desejamos para vivermos dias melhores.

Para dar esse ensino de que nos fala Leo Buscaglia, precisamos aplicar, primeiro em nós e depois aos outros, três passos educacionais importantíssimos: sensibilizarmo-nos, despertarmos e conscientizarmo-nos para nossa realidade humana, reconhecendo que não somos apenas cognitivo, mas também emocional.

Buscaglia dizia que somente ele era suficientemente louco para dar aula de Amor numa universidade. Será que somente eu sou suficientemente louco para dizer que precisamos humanizar a educação e fazer com que o homem aprenda a ser gente?

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Ensinar é seduzir

Diz-nos o educador-poeta Rubem Alves, ao colocar no papel suas íntimas reflexões sobre o ato de educar:

“Antes de mais nada é preciso seduzir. Eu posso iniciar uma aula mostrando uma casca vazia de caramujo. Normalmente ninguém presta atenção nela, mas é um assombro de engenharia. Minha função é fazer com que os alunos notem isso”.

Seduzir é o verbo que aproxima professor e aluno. Faz com que o ensino tenha sentido e prazer. Sai da formatação fria de um currículo e aulas planejadas dentro de um mesmo rito, e deixa o pensamento sonhar, criar, perguntar, criticar.

Conheci uma professora de escola pública que adorava origami. Passava horas fazendo e ensinando dobradura em papel. E como gostava de trabalhar essa arte com os alunos! Uma delícia! Então resolveu elaborar uma fazenda completa num canto do pátio, como atividade de um projeto sobre meio ambiente. Foi considerada louca pelas colegas professoras. Insistiu, envolveu os alunos, e uma turma inteira se mobilizou para fazer a fazenda de papel e dar-lhe vida. Seus olhos derramavam lágrimas de alegria ao contar a fantástica experiência de seduzir os alunos para algo considerado quase impossível com crianças de 7/8 anos.

Você, professor(a), já pensou em dar uma aula a partir de uma casca vazia de caramujo? Ou de um copo plástico descartável? Ou de uma notícia de rodapé de um jornal? Ou de uma conversa aparentemente fútil de dois alunos de sua sala de aula? Por que não? Experimente seduzir seus alunos para as coisas da vida. Permita-se sonhar em sala de aula, os resultados são fantásticos!

Tive um professor de literatura no ensino médio que entrou na sala empunhando uma vitrola e alguns discos. Não tínhamos CD e outras tecnologias modernas. Ligou o aparelho, colocou um disco de música popular brasileira e deixou-nos ouvindo. Aquilo nos assustou e não apreendemos o que ele queria. Em seguida, ao término da música, disse-nos que já estávamos aprendendo literatura, pois, no caso, a música era cantada, tinha letra, e letra é poesia. E seguimos o curso entre canções, ritmos e ... livros. Como aquelas aulas eram gostosas! E como aprendi e gostei de literatura!

E aquele outro professor, já no ensino superior, que gastou quinze minutos da aula fazendo guerra de aviãozinho e bola de papel conosco, uma turma de quase cem alunos, para em seguida levantar a bandeira da paz e iniciar uma aula de matemática como nunca tinha visto, demonstrando matematicamente que era impossível que ele ganhasse aquela batalha? Nós o elegemos melhor professor do período, e tornou-se amigo e confidente. Ele me seduziu para a matemática, que não era do que mais gostava.

Para bem ensinar é preciso seduzir.

E você, que ensina, está seduzido pela arte da educação?

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Se as Escolas Dessem Aula de Amor

Em uma de suas visitas ao Brasil, o conhecido médico norte-americano Patch Adams - imortalizado no cinema com o filme "O Amor é Contagioso" - deu a seguinte declaração:

“O amor é a coisa mais importante do mundo, certo? Mas não há uma escola no mundo, da pré-escola ao segundo grau, que dedique uma única hora de aula ao amor. Mas todas ensinam a cada semana cinco horas de matemática, cinco de história e cinco de línguas. Nada disso é mais importante do que o amor. Imagine como o mundo seria se as crianças recebessem semanalmente cinco horas de aulas de amor por 13 anos!”.

Seria maravilhoso!

E se as escolas, pelo menos nos últimos trinta anos, tivessem dedicado cinco horas semanais para ensinar amor, já teríamos duas gerações de pessoas vivendo em bases mais éticas e humanizadas.

Essa fala de Patch Adamns motivou-nos a colocar o Amor como tema do último Encontro sobre Educação realizado pelo Instituto Brasileiro de Educação Moral, em parceria com a Papelaria Itatiaia, no dia 08 de agosto, na cidade de Duque de Caxias, Estado do Rio de Janeiro.

E desfilaram no evento educadores do porte de Leo Buscaglia, Paulo Freire, Rubem Alves, Pestalozzi, entre outros, todos com um ponto em comum: consideram que o amor é a base da educação.

E pudemos analisar com professoras e professores vindos dos municípios da Baixada Fluminense, e também da cidade do Rio de Janeiro, não apenas o que é o amor na educação, mas como inseri-lo no processo ensino-aprendizagem, analisando tudo de bom que o amor pode dar ao crescimento cognitivo e emocional do ser humano.

E não faltaram diálogos e vivências. E quem não falou, marcou sua presença com um brilho especial no olhar, o brilho da maravilhosa, fantástica descoberta do amor, que todos podemos amar, que a educação é mil vezes melhor quando permeada por esse sentimento.

Então ficamos com aquela sensação saborosa de que se todas as escolas dessem aula de amor, tudo seria diferente.

Eu acredito que seria diferente ... muito diferente.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Educação, uma boa fachada para as eleições

Estradas são abertas e hidrelétricas são erguidas.
Investe-se em campanhas publicitárias.
Partidos políticos afirmam, em programas televisivos muito bem produzidos, fazerem sempre o melhor para a nação.
A segurança pública é reforçada.
E assim, esforços e mais esforços, em diversas áreas, gastam milhões, mesmo bilhões de reais.

Agora, quando se trata da educação...

Faltam professores, mas os concursos públicos para preenchimento das vagas não são realizados.

Existe um piso salarial, mas a maioria dos governos paga aos professores salário abaixo do que exige a lei.

O ensino fundamental deve ser de nove anos, mas grande parte das secretarias de educação ainda trabalha com o modelo antigo de oito anos.

A reforma ou construção de escolas engatinha, com os prazos anunciados nunca sendo respeitados.

E o ensino, pobre coitado, castiga impiedosamente o processo ensino-aprendizagem, desrespeitando estágios de desenvolvimento da criança, insistindo em procedimentos arcaicos, desvinculado de objetivos mais profundos.

E todos falam, reclamam, exigem...

O Ministério da Educação quer fazer tudo a toque de caixa, rapidamente, pois estamos na véspera de ano eleitoral, anunciando planos e investimentos sem dar tempo para que haja discussão.

Percebemos, infelizmente, que a educação continua a não ser prioridade, e que ela é usada apenas como fachada para as eleições.

É bom, muito bom mesmo, aparecer na televisão e falar sobre educação, mentindo abertamente - mas o povo não sabe, eles pensam -, dizendo que fizeram isso, estão fazendo aquilo, e que irão fazer mais não sei o que pela educação. Os políticos sabem que o povo quer educação, quer escola, e que falar sobre o tema, mostrando hipócrita preocupação com a área, rende votos.

A educação é, ainda, apenas uma boa fachada eleitoreira.

Muitos vereadores, deputados e senadores são donos, sócios ou possuem negócios com as escolas particulares, com os sistemas privados de ensino, legislando em causa própria, ou seja, não tem interesse algum na escola pública de qualidade.

Precisamos conscientizar a população, esclarecer o eleitor. Precisamos escolher o menos pior entre os futuros candidatos, sim, porque ainda estamos longe de termos bons candidatos, mas, pelo menos, podemos escolher entre eles os que são mais sinceros, mais honestos e realmente sensibilizados com a educação.

Nossos políticos precisam olhar e obedecer menos o partido a que pertencem, e ouvir mais a voz da consciência, entendendo que educação não é fachada para discurso, é base para uma nação que se quer dizer desenvolvida e civilizada.

Pensemos nisso!

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Proibir será solução?

Na esteira dos problemas enfrentados pelas escolas, duas medidas chamam atenção e merecem ser discutidas do ponto de vista pedagógico.

A primeira diz respeito à proibição, por força de projeto de lei em discussão, do uso de celulares e outros aparelhos nas escolas. A segunda medida é o toque de recolher noturno para adolescentes adotado por diversas cidades.

A questão não é discutir se essa medidas funcionam, pois como são medidas de impacto, e tendo fiscalização, claro que funcionam, pelo menos nos primeiros tempos, mas toda medida proibitiva, coercitiva, imposta de cima para baixo, tende a ser questionada e ... burlada.

Antigamente a escola era rígida, cheia de regras e inspetores prontos para mandar o aluno para a sala da diretoria, e nem por isso os alunos eram comportados e davam menos trabalho. Era desafiador confrontar as regras rígidas, mesmo arcando com as consequências às vezes drásticas.

Proibir não resolve, não é pedagógico, não educa. É paliativo diante da bola de neve dos problemas acumulados e não resolvidos.

Melhor seria que a escola soubesse trabalhar através de conselhos com a participação de todos, estabelecendo regras e princípios em comum acordo, quando todos se responsabilizam - alunos, professores, direção, funcionários, pais.

Conselhos e realização de assembléias periódicas permitem elevar o nível de conscientização e responsabilidade, participação e troca de experiências por parte dos alunos, fazendo com que a interação seja motivadora para transformar a escola em ambiente prazeroso e multidisciplinar.

A discussão das regras permite que elas sejam entendidas, pois todas as consequências são colocadas em pauta, além de propiciar reavaliações, sempre que necessário. Os alunos compram a ideia, se podemos assim nos expressar, e passam a se autovigiar, responsabilizando-se pelo cumprimento do que foi aceito pela maioria.

Se proibição resolvesse, há muito tempo as escolas não teriam problemas com disciplina.

Pensemos nisso!

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Dobra Repetência no Ensino Médio

Dados fornecidos pelo MEC e divulgados pela Unesco dão conta que:

"A proporção de alunos do ensino médio (antigo colegial) que repete de ano no país chegou a 12,7% em 2007, o dobro do que em 1998. Educadores afirmam que a piora é reflexo de problemas no currículo, centrado em conhecimentos específicos das matérias (diversas fórmulas em química ou física, por exemplo, sem que o aluno entenda a importância e a aplicação delas). Os alunos, dizem os pesquisadores, não têm motivação para a escola, que não prepara para o mercado de trabalho nem para a universidade".

Esta é a notícia colhida na mídia, merecendo nossa análise, pois o Ensino Médio há muito tempo está perdido, sem saber para que serve nem para onde vai.

Realmente, é verdadeira a colocação feita pelos educadores que o currículo está centrado em conhecimentos específicos das matérias, e que esses conhecimentos estão sobrecarregados de fórmulas, equações, regras que não fazem sentido para os alunos, pois não sobra espaço para que aprendam a sua importância e aplicação.

Infelizmente continuamos a assistir um ensino "decoreba", calcado no "cuspe e giz" - expressões muito conhecidas - sem abrir espaço para a apreensão dos conteúdos, e desvinculando o processo ensino-aprendizagem do processo cotidiano do existir. Diante desse quadro, não se pode mesmo esperar outro resultado: aumento da repetência e da evasão escolar no Ensino Médio.

Quanto à preparação para o mercado de trabalho e para a universidade, dois objetivos que o MEC persegue, está tudo ruim, e tende a piorar, principalmente no ensino público. O governo insiste em priorizar as escolas técnicas, no caso da preparação para o mercado de trabalho, deixando as escolas de ensino médio sem "eira nem beira", ou seja, sem saber o que fazer. Talvez o caminho seja focar na preparação do aluno para o vestibular, para o ingresso no ensino superior, entretanto, será esse o objetivo do Ensino Médio? E porque esse foco se as cotas raciais não exigem que se melhore a escola e o ensino?

Para onde vai a Escola de Ensino Médio? O que fazem os alunos com o diploma do antigo segundo grau (ou colegial)?

É bom encontramos respostas, pois do contrário o esvaziamento vai aumentar.

Pensemos nisso!

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Pobres Alunos, Brancos e Pobres

Recebi por e-mail o texto abaixo transcrito. Você pode gostar ou não da autora deste texto, e até questionar algumas colocações, mas aí está uma boa visão sobre o regime de cotas.

POBRES ALUNOS, BRANCOS E POBRES...

Entre as lembranças de minha vida, destaco a alegria de lecionar Português e Literatura no Instituto de Educação, no Rio. Começávamos nossa lida, pontualmente, às 7h15. Sala cheia, as alunas de blusa branca engomada, saia azul, cabelos arrumados.Eram jovens de todas as camadas.

Filhas de profissionais liberais, de militares, de professores, de empresários, de modestíssimos comerciários e bancários.Elas compunham um quadro muito equilibrado. Negras, mulatas, bem escuras ou claras, judias, filhas de libaneses e turcos, algumas com ascendência japonesa e várias nortistas com a inconfundível mistura de sangue indígena.As brancas também eram diferentes. Umas tinham ares lusos, outras pareciam italianas.Enfim, um pequeno Brasil em cada sala.

Todas estavam ali por mérito!

O concurso para entrar no Instituto de Educação era famoso pelo rigor e pelo alto nível de exigências.Na verdade, era um concurso para a carreira de magistério do primeiro grau, com nomeação garantida ao fim dos sete anos.

Nunca, jamais, em qualquer tempo, alguma delas teve esse direito, conseguido por mérito, contestado por conta da cor de sua pele! Essa estapafúrdia discriminação nunca passou pela cabeça de nenhum político, nem mesmo quando o País viveu os difíceis tempos do governo autoritário.

Estes dias compareci aos festejos de uma de minhas turmas, numa linda missa na antiga Sé, já completamente restaurada e deslumbrante.Eram os 50 anos da formatura delas! Lá estavam as minhas normalistas, agora alegres senhoras, muitas vovós, algumas aposentadas, outras ainda não. Lá estavam elas, muito felizes. Lindas mulatas de olhos verdes. Brancas de cabelos pintados de louro. Negras elegantérrimas, esguias e belas.Judias com aquele ruivo típico. E as nortistas, com seu jeito de índias.Na minha opinião, as mais bem conservadas.

Lá pelas tantas, a conversa recaiu sobre essa escandalosa mania de cotas raciais. Todas contra! Como experimentadas professoras, fizeram a análise certa. Estabelecer igualdade com base na cor da pele? A raiz do problema é bem outra. Onde é que já se viu isso? Se melhorassem de fato as condições de trabalho do ensino de primeiro e segundo graus na rede pública, ninguém estaria pleiteando esse absurdo.

Uma das minhas alunas hoje é titular na Uerj. Outra é desembargadora. Várias são ainda diretoras de escola. Duas promotoras. As cores, muitas. As brancas não parecem arianas. Nem se pode dizer que todas as mulatas são negras. Afinal, o Brasil é assim. A nossa mestiçagem aconteceu. O País não tem dialetos, falamos todos a mesma língua. Não há repressão religiosa. A Constituição determina que todos são iguais perante a lei, sem distinção de nenhuma natureza! Portanto, é inconstitucional querer separar brasileiros pela cor da pele. Isso é racismo! E racismo é crime inafiançável e imprescritível.

Perguntei: qual é o problema, então? É simples, mas é difícil.

A população pobre do País não está tendo governos capazes de diminuir a distância econômica entre ela e os mais ricos. Com isso se instala a desigualdade na hora da largada. Os mais ricos estudam em colégios particulares caros. Fazem cursinhos caros. Passam nos vestibulares para as universidades públicas e estudam de graça, isto é, à custa dos impostos pagos pelos brasileiros, ricos e pobres. Os mais pobres estudam em escolas públicas, sempre tratadas como investimentos secundários, mal instaladas, mal equipadas, malcuidadas, com magistério mal pago e sem estímulos.

Quem viveu no governo Carlos Lacerda se lembra ainda de como o magistério público do ensino básico era bem considerado, respeitado e remunerado. Hoje, com a cidade do Rio de Janeiro devastada após a administração de Leonel Brizola, com suas favelas e seus moradores entregues ao tráfico e à corrupção, e com a visão equivocada de que um sistema de ensino depende de prédios e de arquitetos, nunca a educação dos mais pobres caiu a um nível tão baixo. Achar que os únicos prejudicados por esta visão populista do processo educativo são os negros é uma farsa. Não é verdade.

Todos os pobres são prejudicados: os brancos pobres, os negros pobres, os mulatos pobres, os judeus pobres, os índios pobres!

Quem quiser sanar esta injustiça deve pensar na população pobre do País, não na cor da pele dos alunos. Tratem de investir de verdade no ensino público básico. Melhorar o nível do magistério. Retornar aos cursos normais. Acabar com essa história de exigir diploma de curso de Pedagogia para ensinar no primeiro grau. Pagar de forma justa aos professores, de acordo com o grau de dificuldades reais que eles têm de enfrentar para dar as suas aulas. Nada pode ser sovieticamente uniformizado. Não dá.

Para aflição nossa, o projeto que o Senado vai discutir é um barbaridade do ponto de vista constitucional, além de errar o alvo. Se desejam que os alunos pobres, de todos os matizes, disputem em condições de igualdade com os ricos, melhorem a qualidade do ensino público. Economizem os gastos em propaganda. Cortem as mordomias federais, as estaduais e as municipais. Impeçam a corrupção. Invistam nos professores e nas escolas públicas de ensino básico.

O exemplo do esporte está aí: já viram algum jovem atleta, corredor, negro ou não, bem alimentado, bem treinado e bem qualificado, precisar que lhe dêem distâncias menores e coloquem a fita de chegada mais perto? É claro que não. É na largada que se consagra a igualdade.

Os pobres precisam de igualdade de condições na largada. Foi isso o que as minhas normalistas me disseram na festa dos seus 50 anos de magistério!Com elas, foi assim.

Sandra Cavalcanti
Professora, jornalista, foi deputada federal constituinte, secretária de Serviços Sociais no governo Carlos Lacerda, fundou e presidiu o BNH no governo Castelo Branco.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Professores mal formados

A notícia que o Ministério da Educação decidiu pelo fechamento de 17 cursos de pedagogia ou normal superior não pode passar despercebida.

Em 2005 nada menos que 60 instituições de ensino superior, após a aplicação do Enade (Exame Nacional de Desempenho do Estudante) ficaram com conceitos 1 e 2, considerados insuficientes, fazendo com que o MEC as colocasse sob supervisão. Agora, 40 dessas instituições vão assinar o Termo de Saneamento de Deficiências, tendo um ano para melhorar as condições de seus cursos, de acordo com parâmetros estabelecidos pelo MEC. Outras três instituições foram consideradas aptas a continuar os cursos.

Lembrando que a Faculdade de Pedagogia é responsável pela formação dos professores brasileiros, que adentram ao magistério na educação básica, a situação vai muito mal.

Essa constatação, agora oficial, já era apontada por pesquisas publicadas em revistas especializadas, que apontavam os cursos de pedagogia dissociados da realidade escolar, e deixando os futuros professores despreparados para o magistério, agravando assim os já tão cantados problemas da educação brasileira.

O Ministério da Educação demorou em tomar essa atitude. Turmas e mais turmas de alunos, ano após ano, foram lançados no mercado de trabalho ostentando um diploma de pedagogia, mas sem o mínimo preparo para exercer qualquer função na escola. A cupla disso é do próprio MEC, que nas últimas três décadas autorizou o funcionamento de cursos em todas as partes do território nacional, sem atentar para a qualidade dos mesmos.

Esperamos que esse quadro mude para melhor. Fiquemos atentos, pois o futuro da nação está em jogo.

Pensemos nisso!

terça-feira, 5 de maio de 2009

Renovação do Ensino Médio

O Ministério da Educação entregou ao Conselho Nacional de Educação proposta de renovação do Ensino Médio, na esperança de implementar modificações já a partir do segundo semestre de 2009.

Entendamos as principais modificações:

1 - Que o estudante do ensino médio tenha a possibilidade de escolher 20% de sua grade curricular.

2 - Ampliação da carga horária do ensino médio de 2,4 mil horas para 3 mil horas.

3 - Valorização da leitura em todas as áreas do conhecimento.

4 - Maior oferta de atividades culturais ao aluno.

5 - Associação do ensino com a prática.

6 - Eliminação da divisão por disciplinas no currículo, com a distribuição em quatro grandes áreas: línguas; matemática; extas e biológicas; e humanas.

Os Estados, que são os gestores do ensino médio, não serão obrigados a aderir à nova proposta, mas receberão cooperação técnica e incentivos financeiros para construção de projetos dentro da nova visão, que aproxima o ensino médio do ensino superior.

Em princípio, podemos dizer que as linhas gerais da proposta parecem boas, mas, como sempre, a pressa pode ser inimiga das novas idéias. Não será prematuro querer que já neste segundo semestre pelo menos cem escolas estejam engajadas nesse modelo, implantando atividades a partir de 2010? E o espaço para discussão da proposta? E a preparação pedagógica dos professores? E o tempo para a mudança de mentalidades?

Não resta dúvida que estudantes na faixa etária de 15 a 17 anos têm direito à autonomia, e que a aproximação do ensino médio com propostas pedagógicas construtivistas deve gerar bons frutos, mas acelerar o processo sem dar o devido tempo para sua maturação é extremamente perigoso.

Por que o MEC não divulga o documento, colocando-o em discussão pública, fazendo com que os profissionais da educação participem amplamente do debate? Isso poderia ser feito a partir de agora e até o final de 2009, tendo o próximo ano como marco para iniciar a implantação da proposta, com segurança, a partir de estudos e projetos realizados pelas secretarias estaduais de educação.

Boas idéias se perdem por causa da pressa em implantá-las, e isso não é nada conveniente para a educação.

Pensemos nisso!

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Tempo de Aula

A Fundação Getúlio Vargas publica pesquisa revelando que, em média, os alunos do ensino fundamental passam aproximadamente 3 horas diárias na escola. Foram ouvidos 160 mil estudantes de todo o país na faixa etária até 17 anos, constatando-se um elevado número de faltas na frequência escolar.

Apenas 3 horas diárias! Na África do Sul a média é 6 horas!

Para agravar, a evasão escolar chega a 18% entre adolescentes de 15 a 17 anos. Para 40% deles o motivo principal para abandonar a escola é a falta de interesse.

Sim, os adolescentes não conseguem ficar na escola, isso porque ela não atrai, não é prazerosa, não trabalha a realidade da vida, os professores são burocráticos, não existem relações profundas de amizade e companheirismo. Enfim, a escola é o último lugar onde os adolescentes gostariam de estar.

Essa sinalização parece encontrar apenas ouvidos surdos. Continuam as escolas apostando todas as fichas na preparação do aluno para o vestibular e concursos outros, entupindo-os de matérias para estudar, testes, provas, seminários e até monografias, sem um pingo de preocupação com o emocional, com o sentimento, com o amor.

Bagunça, confusão, agressão? Retira-se o aluno da sala de aula, aplica-se uma advertência, expede-se um comunicado aos pais, e finalmente é feita a suspensão. Professores berram e trabalham estressados; pais ficam neuróticos; alunos abandonam a escola. E dá-lhe encaminhamento a psicólogo e psiquiatra, numa procura interminável por transtornos da personalidade.

Não é o aluno que está doente. Quem padece da saúde é a escola. Não é a educação que está errada. Quem está um verdadeiro caos é o ensino.

Até quando vamos tapar o sol com a peneira e depositar todas as culpas nos alunos e nos pais?

Que adianta ter passado o ensino fundamental para 9 anos, se a frequencia escolar é mínima?

É verdade que a pesquisa mostra que a cada ano de estudo o salário sobre 15%, mas será que a escola existe apenas para formar profissionais para o mundo do trabalho? Isso não parece estar motivando os alunos, portanto, temos de repensar a escola e seus objetivos. Que tal dar uma olhada no projeto Escola do Sentimento em www.educacaomoral.org.br?

Se não é solução, é, pelo menos, uma bela tentativa de mudar essa escola que afasta o aluno ao invés de aconchegá-lo.

Pensemos nisso!

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Invisibilidade

Todas as manhãs, ao som dos pássaros e o calor do sol, faço minha caminhada em praça pública, que, diga-se a verdade, é bem cuidada e possui até pista para os candidatos a atletas matinais. Ao lado fica uma escola pública e, conforme o tempo passa, vão se juntando os grupos de pais e estudantes, aqui e ali, em conversações e brincadeiras, até que o sinal estridente da escola anuncia a hora de entrar para mais um dia de estudos. E eis que nós, os praticantes da boa saúde física, que até então estávamos tranquilamente caminhando ou correndo, ao gosto e necessidade de cada um, passamos a ser invisíveis.

Explico. Ganhamos a invisibilidade graças à indiferença - total - das crianças e adolescentes para conosco. E não só das crianças e adolescentes, mas também dos pais e responsáveis. Todos, indistintamente, atravessam a pista de forma lenta, individualmente ou em grupos, conversando ou simplesmente distraídos da vida, e nós, os que deveríamos utilizá-la, somos obrigados a desviar, ir para a rua, fazer malabarismos para evitar encontrões e quedas, pois eles não estão nem aí para nossa existência e para o espaço que, em tese, deveriam respeitar.

Impressiona-me o estado de indiferença, de individualismo egoísta dos nossos jovens, manifesto em vários setores sociais e patenteado todas as manhãs, conforme meu testemunho.

O que está acontecendo? É fácil entender, basta observar os caminhantes e corredores usuários da pista. Quase sem exceção são adultos e da meia idade para diante. Raros dão um sorriso para os demais. Querer ouvir um bom dia é sonhar. E quando estão em dupla ou grupo maior, conversam sobre negócios ou fofocam a vida alheia. Indiferença total aos semelhantes e a temas importantes da vida, como a educação.

O mesmo acontece com pais e responsáveis que se espalham pela praça e, principalmente, junto ao portão de entrada da escola. Dá para ouvir, sem esforço, o diz que diz, enquanto as crianças e adolescentes, indiferentes ao que seus pais e/ou responsáveis falam e fazem, vão entrando, a maioria sem um bom dia, um beijo, um abraço ... nada!

Estamos insensíveis e egoístas. Nossa escala de valores é imediatista e rasteira, sem nenhuma preocupação com as questões morais e espirituais, que passam, igualmente, longe das coordenadas da escola, focada apenas em ensinar língua portuguesa, matemática, ciências e ter uma boa média nos provões promovidos pelo sistema para avaliar o ensino.

Sei que meus bisavós diziam que este país podia ser bem melhor. Que meus avós sempre disseram que não há razão para tantos problemas. Que meus pais gritam contra a corrupção e os desmandos. Que eu fico indignado com os problemas que ainda enfrentamos. E então paro para pensar: meus filhos formam a quarta geração, também eles dirão que o Brasil tem tudo para ser uma grande nação?

É urgente trabalharmos nossa escala de valores, na família e na escola, ou continuaremos a assistir esse triste e assustador quadro por mais uma geração, a dos nossos netos.

Pensemos nisso!

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Analfabetos funcionais na sexta série do ensino fundamental

A Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro divulgou os resultados do Provão realizado na rede de ensino, conforme lemos na mídia:

"Os números foram divulgados pela secretária municipal de Educação, Cláudia Costin, e pelo prefeito Eduardo Paes. Para cada prova, os professores deram os seguintes conceitos: muito bom, bom, regular e insuficiente. Os alunos que tiraram “regular” ou “insuficiente” vão ter aulas de reforço. Ao todo, 460 mil alunos responderam a questões de Matemática e Português. Deste total, 205.636 tiveram notas baixas em Matemática. Quase a metade do total dos estudantes. Em Português, 109.814 estudantes tiveram nota abaixo da média. Ou seja, um em cada quatro alunos foi mal na prova. No fim de abril, eles começam a receber reforço. Cada escola vai definir como serão feitas as atividades: ou durante as aulas, ou em outro horário. O resultado do teste de português para os 211 mil alunos do quarto ao sexto ano identificou mais de 28 mil analfabetos funcionais, que não conseguem interpretar um texto. Eles serão realfabetizados, com a ajuda de universitários".

O resultado ruim do Provão era esperado. Qual o pai ou mãe que não sabe que o ensino vai de mal a pior na rede pública? Nos últimos anos a mídia, como um todo, registrou inúmeras vezes os problemas enfrentados pelos alunos e a baixa escolarização. O Ministério da Educação, em suas avaliações periódicas, já vinha apontando o baixo rendimento dos alunos da rede pública de ensino da cidade do Rio de Janeiro. Somente os responsáveis pelo último governo não admitiam esse fracasso escolar, implantando a aprovação automática como forma de maquiar a realidade. Resultado: quase 30 mil crianças analfabetas funcionais cursando a sexta série do ensino fundamental.

Agora a secretaria de educação anuncia medidas urgentes para minimizar essa realidade cruel: posse de mais de mil novos professores, reforço escolar e convênio com universidades públicas para que graduandos atuem nessa área. E extinguiu a aprovação automática.

É lamentável que tenhamos chegado a esse quadro no ensino. É lamentável que um prefeito tenha fechado os olhos para a educação. É lamentável que nossas leis e procedimentos jurídicos mantenham impunes os responsáveis pela administração pública. Prefeitos e secretários mandam e desmandam, fazem e acontecem, terminam o mandato, não cumprem o que está na lei, e dificilmente são punidos.

Temos agora a esperança que a nova administração dê continuidade a esforços que resgatem o ensino público no Rio de Janeiro, tirando-o dessa incompetência de ensinar e formar cidadãos.

Que novos ares renovem as escolas públicas. Que o ensino fundamental seja prioridade.

É o que esperamos.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Adolescência, Gravidez e Escola

A Agência Brasil envia a seguinte notícia:

"Gravidez na adolescência afasta jovens das salas de aula - Nem a metade dos adolescentes de 15 a 17 anos está matriculada no ensino médio, etapa escolar indicada para essa faixa etária, e 18% estão fora da escola. O quadro pode ser ainda mais pessimista para as jovens. Quando cadernos e livros dão lugar às fraldas e mamadeira, boa parte das mães adolescentes acaba desistindo da escola. Segundo informações do Ministério da Educação, um terço das jovens nessa faixa etária que estão fora da escola já é mãe".

A notícia possui dois conteúdos distintos. Primeiro, que menos da metade dos jovens está matriculada no ensino médio. Segundo, que das jovens que estão fora da escola, o motivo é a gravidez.

O que acontece entre o ensino fundamental e o ensino médio? Por que, historicamente, perdemos aproximadamente metade dos alunos na passagem entre esses dois segmentos do ensino? Os anos passam, os projetos pedagógicos mudam, gerações se sucedem nos bancos escolares, e continuamos com uma grande defasagem, conforme atestam os dados disponibilizados pelo Ministério da Educação.

Na minha época de estudante escolar - ainda peguei o antigo primário - era preciso fazer um ano de curso de admissão, realizar as provas e, caso aprovado, ingressar no antigo ginasial, hoje segundo segmento do ensino fundamental. Fazer o ginásio era uma glória, uma honra, e depois, ingressar no curso colegial, atual ensino médio, era coroar com brilhantismo os estudos. A faculdade ainda era vista como opção para poucos, com o famigerado vestibular eliminando a maioria. No meio desse caminho a lei mudou e os cursos primário e ginasial foram unidos no 1º grau, com o fim da admissão. Agora temos a educação infantil, o ensino fundamental, o ensino médio e o ensino superior. Palavras diferentes, realidades não muito diferentes.

A chave da questão está na qualidade do ensino que as escolas oferecem, e na interação social que estimulam. Com o crescimento absurdo das chamadas comunidades, antigas favelas, temos uma expressiva parcela da população vivendo uma segmentação social discriminatória, que envolve os jovens no mundo das drogas, da violência, do subemprego e da sexualidade sem controle. E eis a gravidez, levando meninas a partir dos 12 anos a serem mães.

A necessidade da orientação sexual no currículo é uma demanda ainda não atendida, e isso ocorre porque não conseguimos responder uma grave e profunda pergunta: Quem vai exercer a orientação sexual dos jovens dentro da escola? E mais: Qual adulto está preparado para exercer essa orientação? Quais serão os parâmetros norteadores desse trabalho? E como envolver pais e responsáveis num tema considerado por muitos um verdadeiro tabu?

Será que a gravidez na adolescência pode ser resolvida com a distribuição gratuita de preservativos? E isso resolve a promiscuidade sexual?

Alguns educadores querem que a escola se adapte a essa realidade, construindo creche, permitindo tempo adequado para amamentação dos filhos por parte das alunas-mães. Não cremos que essas atitudes sejam solução. Atenderão paliativamente a situação estabelecida, mas não podem ser classificadas como ações pedagógicas de prevenção.

Enquanto não tivermos um olhar profundo sobre a questão, estabelecendo padrões morais para orientação da sexualidade, ficaremos na superfície, com medidas paliativas.

Pensemos nisso!

terça-feira, 10 de março de 2009

Palavra Infeliz

Vivemos uma síndrome do diploma e da autosuficiência acadêmica só comparável ao século 19, quando fazer parte de uma academia - científica, musical, literária - equivalia a ter sempre a última e definitiva palavra, mesmo que essa palavra fosse absurda. Foi assim que os acadêmicos rejeitarm diversas descobertas científicas, ditas impossíveis ou mera loucura. O quadro não mudou muito, embora vivamos no século 21.

A Secretaria de Estado da Educação de São Paulo lançou no início de 2008 uma nova proposta curricular através do Jornal do Aluno em conjunto com a Revista do Professor. Hoje esses materiais estão reunidos no Caderno do Professor. Pois bem, alunos e professores da rede estadual de ensino protestaram, e protestam, alegando que o currículo foi imposto aos alunos e professores; que ele não se articula com as matérias dos livros didáticos; que ele tem linguagem difícil; que esse currículo traz sugestões de atividades com temas que não são do conhecimento dos alunos.

Todo esse rumor está estampado em comunidades virtuais - mais de 50 só no Orkut.

Essa polêmica serviu à revista Educação, edição nº 142, para um dossiê sobre "Quem decide o que se ensina". E a revista foi ouvir a Secretaria, representada pela assessora Maria Inês Fini, que afirmou:

"Nossa obrigação, como Secretaria de Educação, é propor. Os professores usaram e reagiram. Comunidade no Orkut é uma leviandade. (...) Somos professores, autores de livros. Sabemos o que estamos fazendo".

A palavra da assessora é infeliz. O fato dos membros da Secretaria acumularem certificados de mestrado e doutorado não lhes dá esse direito de se colocar acima do bem e do mal, ignorando solenemente o professorado, decidindo em nome de milhares de professores, muitos dos quais possuem diplomas de pós graduação e mestrado, e se encontram exercendo de fato o magistério, enquanto, sabemos, muitos mestres e doutores nunca saíram do gabinete universitário ou de uma secretaria. Podem exercer o ofício científico de elaborar propostas pedagógicas, mas daí a crerem ser detentores de todo o saber, vai muito longe.

Currículo emanado de um gabinete, ignorando a realidade, sem participação daqueles que fazem a escola, está fadado a muitas críticas e a morrer no caminho. Quando os mestres e doutores da educação vão entender que elaboração curricular pressupõe participação coletiva?

Ah, mas esses mestres e doutores escrevem livros. E temos que concordar com tudo o que escrevem? Será o professor destituído de razão, de pensamento crítico? Decerto que não.

Apesar de todos os avanços culturais, continuamos a assistir a imposição de cima para baixo, da Secretaria para as escolas, sem a existência de comunicação e, muito menos, participação.

A arrogância, prepotência e orgulho de muitos mestres e doutores em educação são pedras no caminho do ensino. Enquanto deixarmos o academicismo tomar conta do trabalho curricular, continuaremos a assistir fracassos pedagógicos.

O mínimo que se esperava da assessora era uma atitude de humildade, informando que a Secretaria da Educação estava estudando as reclamações. Mas sua palavra deixou tudo bem claro: quem entende somos nós, os outros que fiquem no seu lugar. Esqueceu que esses outros, em maioria, também possuem diploma de Pedagogia.

Pensemos nisso!

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

O Brasil possui mais de 5 mil municípios, e o governo federal teve a iniciativa de realizar encontro nacional de prefeitos para tratar de diversos assuntos relacionados à gestão municipal e os programas federais dos ministérios e secretarias. A educação não poderia faltar nesse contexto e assim o Ministro da Educação, Fernando Haddad, compareceu para falar do Programa de Desenvolvimento da Educação (PDE) e responder perguntas. E foi nesse quesito que os prefeitos escorregaram.

As perguntas, feitas por escrito, revelaram uma tragédia. A começar pela guerra com a gramática portuguesa, bombardeada sem dó por erros grosseiros, revelando que muitos prefeitos e secretários municipais necessitam de reforço escolar. E a tragédia continuou com a revelação do desconhecimento dos gestores municipais sobre os programas do MEC. Teve prefeito que nem sabia que o piso salarial do magistério é lei, surpreendendo-se com a informação. O programa para aquisição de merenda escolar, existente desde 1950, era um mistério para boa parte dos prefeitos.

Preservando sua imagem, o ministro respondeu as perguntas em bloco, evitando o constrangimento público de ter de explicar questões básicas que deveriam ser de pleno domínio de prefeitos e secretários de educação.

Com essa constatação, que podemos perfeitamente chamar de "analfabetismo funcional gestor", o Ministério da Educação resolveu reformular sua página na internet, abrindo um canal exclusivo com as prefeituras, com o objetivo de sanar as dúvidas e dar as orientações necessárias para que o PDE não fique engessado no desconhecimento e na burocracia. É o velho ditado popular: há males que vem para o bem.

Como em nosso país candidato a cargo de gestão pública deve estar filiado a um partido político, supõe-se que a representação político-partidária prepare seu candidato para a possibilidade de vencer nas urnas o pleito eleitoral e assim melhor governar o município, mas pelo que se constatou no encontro nacional, não é bem isso que ocorre.

Se o MEC percebeu a necessidade de mudanças, também os partidos políticos devem mudar. Não é possível termos prefeitos semi analfabetos, ou desconhecedores dos programas estaduais e federais de apoio ao município na área da educação.

E, só para manter o histórico, quem mais apanhou nesse encontro nacional de prefeitos foi a educação, a prima pobre da administração pública, que nunca valoriza o que mais tem valor para o homem e para o país. Até quando?

Pensemos nisso!

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

É o Amor

Onde está a base da educação? Está no amor, pois sem amor não é possível educar. Pode-se ter conhecimentos técnicos, mas sem amor eles são incompletos. Pode-se ter diplomas de cursos especializados, mas sem amor eles são frios. Pode-se ter experiência de magistério, mas sem amor ela nada vale.

Com amor, temos compreensão do que o outro necessita.
Com amor, temos impulso para vencer todas as dificuldades.
Com amor, temos estímulos para distribuir.

Quando as reguadas, chibatadas, palmatórias marcavam o ato de ensinar; quando o silêncio em sala de aula tumulava bocas e corações; quando suspensões, sermões e expulsões ditavam as regras; o amor estava ausente.

Quando o amor fica ausente, a sala de aula perde o colorido; a escola emburrece; os professores são estressados; o ensino torna-se bancário. Todo mundo quer fugir da escola, o ensino é pesado e triste. O professor quer fugir porque tudo o irrita. O aluno quer fugir porque tudo o aborrece.

Os pássaros cantam por amor à natureza. Devemos ensinar por amor aos alunos, por amor ao futuro da humanidade.

O amor tem compaixão, renúncia, ardor. O professor deve se contaminar com o amor e se transformar num educador de almas, tendo paixão pelo que faz, o ardor de ensinar e educar.

É o amor a base da educação.

Pensemos nisso!

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Como é Triste a Realidade

Assisti reportagem no programa Fantástico, da Rede Globo de Televisão, sobre menores infratores com alto grau de agressividade e senti-me envergonhado quando as imagens mostraram uma unidade sócio-educativa. Era uma prisão em péssimo estado, com celas imundas, ralos colchonetes espalhados pelo chão, com os garotos amontoados, seminus. Como podemos ressocializar e reeducar desse jeito? E, para agravar a situação, como bem lembrou uma especialista, mesmo que isso viesse a ser feito em instituições decentes, continuaria o grave problema do desajuste familiar e da miséria social, que fatalmente envolveriam o jovem novamente, após sua reinserção na vida. E é exatamente isso o que hoje acontece.

Infelizmente a reportagem nada falou sobre isso. As imagens foram mostradas sem que fosse feito um único comentário a respeito daquelas péssimas condições de uma instituição, que, sendo educacional, não poderia ser igual a qualquer outra prisão que conhecemos em nosso país, ou seja, sem estrutura adequada e desumana.

Dizem que a culpa é do Estatuto da Criança e do Adolescente. Miopia reducionista utilizar esse argumento. As autoridades públicas já tiveram duas dezenas de anos para preparar o sistema, o que equivale a dizer que já tivemos cinco gestões estaduais e municipais. Tempo mais do que suficiente para bem utilizar as verbas, construir abrigos decentes, com proposta pedagógica, preparar os profissionais e estabelecer novos padrões sociais nas chamadas comunidades (as antigas favelas).

O ECA pode ter seus defeitos - e quem dirá que não tenha? - entretanto, culpabilizar somente a lei? Isso é fácil, mas e os governantes e seus secretários, não possuem culpa também? E nós, os formadores da sociedade, carregando preconceitos e marginalizações, igualmente não temos culpa?

Sim, é necessário combater o tráfico de drogas e armas; recolher os menores infratores; instituir penas compatíveis, mas, acima de tudo, é necessário dar educação de qualidade; oportunidades de crescimento profissional; moradia decente; inserção sóciocultural. Acabar com o eufemismo das comunidades no lugar das favelas, pois a troca de nome em nada altera a realidade.

Não precisamos apenas de comida e polícia, precisamos de educação, saúde, trabalho, cultura. Precisamos de igualdade, pois todos merecem a oportunidade de viver decentemente para concretizar seus sonhos.

Como é triste a realidade, repleta de preconceitos.
Como é triste a realidade, repleta de discursos vazios.
Como é triste a realidade, repleta de fome.
Como é triste a realidade, repleta de promessas.
Como é triste a realidade, repleta de egoísmo.
Como é triste a realidade, com falta de educação.

O jovem que sonha em preto e branco e não sorri por falta de dentes, é culpado de viver marginalizado e ter de gritar e agredir para afirmar sua identidade e ser percebido?

Pensemos nisso!

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Ensino Universitário

Repercute a decisão do Ministério da Educação (MEC) em cancelar o vestibular de duas faculdades de Medicina do interior do Estado do Rio de Janeiro, além de exigir cumprimento de normas em outras instituições de ensino superior, restringindo o acesso a alguns cursos enquanto as normas não forem cumpridas. É, devemos dizer, repercussão positiva, pois todos sabem da verdadeira explosão de cursos superiores autorizados pelo MEC desde a década de 1980, com a consequente queda da qualidade do ensino, e que medidas urgentes precisavam ser aplicadas.

A supervisão dos cursos universitários veio em boa hora, talvez tardia, e deve o MEC ser rigoroso, pois não é possível assistirmos levas de alunos diplomados sem qualificação para o exercício da profissão. Se isso é extremamente perigoso na área das ciências exatas, não menos perigoso é na área das ciências humanas, onde destacamos os cursos de Pedagogia que não preparam os alunos, futuros professores, para o trabalho em sala de aula.

Certa vez, conversando com um grupo de pedagogas, fiz, com referência ao assunto que abordávamos, citação de autores e livros, e percebi um olhar de perplexidade e estranhamento. Aprofundando a questão, descobri que nenhuma, e eram formadas por faculdades diferentes, conhecia nem autores, nem livros. Eram verdadeiras analfabetas pedagógicas, se me permitem inventar o termo.

Desse jeito, encontrar um bom professor, realmente preparado para o ofício, só por "milagre", que é realizado pela força de vontade de quem tem amor para exercer o magistério, e realiza pelo processo da autoeducação o que a faculdade não lhe dá.

Já fiz palestra em sala de aula com oitenta alunos exprimidos em carteiras que não podiam sair do lugar por falta absoluta de espaço, sobrando míseros centímetros entre o quadro branco para anotações e a primeira fileira. Senti-me como deve se sentir um animal encurralado.

Essa realidade é o retrato da educação bancária criticada por Paulo Freire, que nem todo aluno de Pedagogia conhece.

Fala-se muito em ensino de qualidade, quando o correto é abordarmos educação de qualidade, mas nem um nem outro teremos enquanto os cursos superiores de formação continuarem sem qualidade.

Que o MEC proceda rigorosa supervisão, e que os cursos considerados inapropriados sejam embargados, para o bem da educação brasileira, que não pode curvar-se ao interesse particular de grupos empresariais que transformam o ensino universitário numa caixa registradora.

Pensemos nisso!

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

E a Vida do Outro, Como Fica?

O presidente dos Estados Unidos Barack Obama assinou decreto autorizando o financiamento público para pesquisas e ações sobre o aborto, com a justificativa que o Estado não deve interferir em questões íntimas da família. Sua ação retirou as restrições do governo americano sobre grupos que oferecem serviços de aborto. Ainda na sua justificativa, Obama disse que "minha intenção é prevenir a gravidez indesejada e ampliar o acesso à educação reprodutiva, a anticoncepcionais e a serviços médicos preventivos".

A intenção pode ser boa, mas a justificativa traz em si mesma uma contradição. Para prevenir a gravidez indesejada os serviços de educação e saúde são imprescindíveis, e nisso concordamos com Obama, mas financiar clínicas particulares que divulgam informações sobre o aborto e o incentivam não é promover educação reprodutiva, nem disponibilizar serviços médicos preventivos.

E mais: outra vez a decisão sobre a vida alheia é repassada para os pais e os médicos. Continua o pensamento reducionista que o feto não é gente, não é uma pessoa em desenvolvimento, e que a gravidez indesejada, que ocorre em grande parte por motivo da sexualidade sem controle, pode ser resolvida com o descarte desse ser. Não é solução, é um crime que lesa a consciência e a lei divina.

Você, que está lendo este texto, gostaria de ter sido abortado e não estar nesta existência, perdendo assim as oportunidades de estudar, namorar, crescer nos ideais, sonhar, passear, enfim, de fazer tudo o que já fez, está fazendo e ainda quer fazer?

A justificativa de não interferência nas questões íntimas da família leva-nos a pensar que o governo não deveria legislar também sobre as questões das dfrogas, das bebidas alcóolicas, sobre pais e mães que violentam seus filhos, pois esses e outros assuntos não dizem respeito somente à família? Se a família pode decidir sobre fazer ou não o aborto, com amparo legal, não pode igualmente decidir se o pai deve ou não fazer sexo com a filha (estupro), ou se os filhos podem ou não se drogar?

Sabemos que a liberação dos costumes não é o melhor caminho para construção de uma sociedade sadia. Aí está a história mostrando que muitas civilizações e impérios caíram por causa da dissolução moral dos costumes, na família e na sociedade.

E encerramos estas considerações com a pergunta: e a vida do outro, como fica?

Nossa resposta em próximo artigo, por enquanto, pense, pense muito no assunto antes de responder.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Onde Estão Meus Vinte Anos?

Recebi de um dos meus leitores o vídeo "Onde Estão Meus Vinte Anos?", com Charles Aznavour acompanhado de duas jovens cantoras francesas, interpretando esse grande sucesso da música francesa e internacional, trazendo o vídeo a legenda em português da letra da música, onde o compositor olha para sua existência e percebe que, no ardor da sua juventude, seus valores foram vinculados aos prazeres imediatos e, agora, com idade mais avançada, um vazio, um arrependimento lhe visita o ser, pois os amigos morreram, os prazeres passaram, as discussões nada construíram. E ele encerra perguntando: onde estão meus vinte anos?

Nada preciso falar da interpretação, pois o nome Charles Aznavour fala por si da excelência musical, portanto, ressalto a importância de se trabalhar a música, através do vídeo, com os jovens e mesmo com as pessoas da chamada meia idade, ou seja, até os quarenta anos.

Hoje, em que vemos, tristemente, jovens se drogarem e alcoolizarem em baladas nas boates e viagens turísticas em navios, precisamos alertá-los que esses prazeres passam e deixam consequências desastrosas para o corpo e o a alma, isso quando não trazem a morte prematura.

Podemos trabalhar o vídeo de forma pedagógica, nas escolas e nos centros religiosos, com muito bons resultados, levando os jovens a debaterem o significado da letra em confronto com a realidade da vida e os melhores objetivos para uma vida com qualidade, no respeito a si mesmo, ao próximo e à sociedade.

Vamos reunir os jovens, distribuir a letra da música para uma leitura prévia e uma conversa. Na sequência projetar o vídeo, pelo menos duas vezes, e, então, estimular um amplo debate sobre valores e o que queremos de nós mesmos perante a vida. Como conseguir paz, justiça social, qualidade de vida, matando-se aos poucos com drogas, sexo livre, violência e alcoolismo?

Quem quiser o vídeo basta escrever um comentário e solicitar, que enviarei com prazer.

Espero que você, leitor, se ainda for jovem, não precise, lá na frente do tempo que passa, fazer a pergunta: "onde estão meus vinte anos?".

Pensemos nisso!

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Previdência que Funciona

Finalmente assistimos a Previdência Social, ainda que com algumas falhas, funcionar decentemente a benefício do trabalhador brasileiro. A informatização de todos os serviços, com a base de dados digitalizada desde 1976, ano em que as empresas passaram a entregar a RAIS, permite agora que aposentadoria e pensões saiam em tempo recorde, com a promessa do trabalhador ficar no máximo meia hora dentro da agência, salvo casos que requeiram alguma prova documental.

O sistema está em implantação gradual e nem tudo são maravilhas, mas isso é fácil de compreender, pois o gigantismo da Previdência Social sujeita o processo a falhas, que o governo promete corrigir com agilidade.

A informatização não é uma mágica, ela não funciona automaticamente, depende do trabalho do homem, mas é, sem dúvida, o caminho que os serviços públicos devem tomar, pois na era da tecnologia da informação não dá mais para ficar carregando papel, preenchendo protocolos, aguardando trinta ou mais dias e ser prisioneiro da malha burocrática.

O exemplo da Previdência Social, que sempre foi considerada lenta, burocrática, ineficiente deve ser seguido por outras instâncias governamentais, como o caso da Saúde, em que os serviços públicos funcionam de mal a pior, tanto na esfera federal quanto estadual e municipal das grandes cidades brasileiras.

O caso da Previdência Social não é isolado, e percebemos que faltava vontade política, querer fazer. Temos plena certeza que, a despeito dos esforços de muitos servidores honestos e competentes, o que falta a muitos serviços públicos é a boa vontade de administradores e políticos em querer fazer o que deve ser feito, a bem da população que depende desses serviços.

Quando o querer aparece e suplanta a má vontade dos interesses de grupos que se locupletam com a burocracia, fomentando a corrupção, tudo se resolve e de forma até mesmo espetacular, pois o anúncio do Ministério da Previdência Social, dando novo sopro de vida ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), deixou muita gente incrédula, inclusive a imprensa, que correu para o instituto com seus repórteres, constatando que o anúncio do Ministro é uma verdade.

Quem disse que este país não é sério, e que as coisas aqui não dão certo?

Pensemos nisso!

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Uma Nova Esperança

Quem não conhece a expressão "A esperança é a última que morre"? O mundo deposita esperança no novo presidente norte-americano, Barack Obama, que inicia seu mandato em alguns dias e dá sinais de implantação de uma nova política, menos aguerrida, menos prepotente e mais cooperativa. Espera-se uma nova ordem econômica mundial e menos guerras.

Barack Obama já confirmou o fim da prisão de Guantânamo, a retirada das tropas americanas do Iraque, menos intervenção no Conselho de Segurança da ONU, privilégio a parcerias com países emergentes. São políticas que agradam a todos, embora demoradas para surtir efeito, pois nada se fará da noite para o dia. Em alguns setores, como a questão Israel/Palestina, é ainda obscura a nova posição americana.

Mas, não é a política internacional o que mais preocupa, e sim a política interna. Nunca os Estados Unidos esteve com endividamento público tão grande e com uma escalada vertiginosa de desaceleração econômica, com o consequente desemprego da população. Até quando o governo terá capacidade para fabricar dinheiro e despejar bilhões de dólares na iniciativa privada? E será esse o melhor caminho?

A primeira parcela - aproximadamente 350 bilhões de dólares - do socorro emergencial chegou às mãos dos empresários à beira da falência e não retornou à economia, pois as empresas deram preferência a investir em aplicações financeiras, enxugar a produção e demitir funcionários. O que acontecerá com a segunda parcela? Obama afirma destiná-la generosamente para socorro ao mercado imobiliário, e está pressionado para exercer forte controle sobre a iniciativa privada.

Se os Estados Unidos não iniciarem, ainda este ano, uma reação econômica interna, sua situação tenderá, a médio prazo, a ficar insustentável. Será a queda do país todo poderoso que sempre mandou e desmandou?

O poder tem limites, mas o governo americano, nos últimos tempos, extrapolou essas linhas demarcatórias arrogando-se o direito de estar acima do direito de todos, e agora amarga desastrosas consequências.

A nova esperança conhece no seu histórico pessoal a pobreza, o preconceito racial, a atividade social organizada a benefício de comunidades menos privilegiadas. Viveu o mundo político e conhece os meandros dos interesses de grupo. Faz um discurso diferenciado e, tudo isso, faz com que acreditemos em transformações, em mudanças.

Vamos aguardar mantendo a esperança, pois o mundo precisa renovar sua esperança em dias melhores e mais felizes.

Pensemos nisso!

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Paciência

Recebi de meus amigos o texto reproduzido abaixo, do qual não sei seu autor, mas as palavras revelam sensatez e provocam o pensar, por isso, tenha paciência e leia até o fim, pois a mensagem é muito importante.

"Ah! Se vendessem paciência nas farmácias e supermercados... Muita gente iria gastar boa parte do salário nessa mercadoria tão rara hoje em dia.

"Por muito pouco a madame que parece uma 'lady' solta palavrões e berros que lembram as antigas 'trabalhadoras do cais'...

"E o bem comportado executivo? O 'cavalheiro' se transforma numa 'besta selvagem' no trânsito que ele mesmo ajuda a tumultuar...

"Os filhos atrapalham, os idosos incomodam, a voz da vizinha é um tormento, o jeito do chefe é demais para sua cabeça, a esposa virou uma chata, o marido uma 'mala sem alça'.

"Aquela velha amiga uma 'alça sem mala', o emprego uma tortura, a escola uma chatice. O cinema se arrasta, o teatro nem pensar, até o passeio virou novela.

"Outro dia, vi um jovem reclamando que o banco dele pela internet estava demorando a dar o saldo, eu me lembrei da fila dos bancos e balancei a cabeça, inconformado...

"Vi uma moça abrindo um e-mail com um texto maravilhoso e ela deletou sem sequer ler o título, dizendo que era longo demais.

"Pobres de nós, meninos e meninas sem paciência, sem tempo para a vida, sem tempo para Deus. A paciência está em falta no mercado, e pelo jeito, a paciência sintética dos calmantes está cada vez mais em alta.

"Pergunte para alguém, que você saiba que é 'ansioso demais' onde ele quer chegar? Qual é a finalidade de sua vida? Surpreenda-se com a falta de metas, com o vago de sua resposta.

"E você? Onde você quer chegar? Está correndo tanto para quê? Por quem? Seu coração vai agüentar? Se você morrer hoje de infarto agudo do miocárdio o mundo vai parar? A empresa que você trabalha vai acabar? As pessoas que você ama vão parar? Será que você conseguiu ler até aqui?

"Respire... Acalme-se... O mundo está apenas na sua primeira volta e, com certeza, no final do dia vai completar o seu giro ao redor do sol, com ou sem a sua paciência...

"NÃO SOMOS SERES HUMANOS PASSANDO POR UMA EXPERIÊNCIA ESPIRITUAL. SOMOS SERES ESPIRITUAIS PASSANDO POR UMA EXPERIÊNCIA HUMANA".

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Cursos a Distância

Lembro aos meus amigos e leitores que estão abertas as inscrições para os cursos a distância promovidos pelo IBEM - Instituto Brasileiro de Educação Moral.

A Educação a Distância (EAD) do IBEM oferece três cursos para o 1º semestre de 2009:

>> Educação Moral
>> Pedagogia da Sensibilidade
>> Escola do Sentimento

As inscrições são gratuitas e a mensalidade é de apenas R$ 50,00 (com desconto para professores públicos).

Consulte todas as informações em www.educacaomoral.org.br.

E não perca essa oportunidade. As aulas, feitas totalmente pela internet, começam em fevereiro.

Autoridade do Professor

Por que o professor tem perdido a autoridade em sala de aula? O que está acontecendo para assistirmos quase diariamente notícias sobre violência de alunos contra professores? Desrespeito, xingamentos, agressões contra professores estão se tornando comuns no ambiente escolar.

Diz-se que antigamente isso não acontecia. A autoridade do professor era inquestionável. Ai do aluno que fizesse bagunça, que faltasse com o respeito, que fizesse um gracejo fora de hora. Ia direto para a sala do diretor e tomava uma suspensão. E se chegasse em sala de aula sem o dever de casa feito, castigo!

Não foram bons tempos. Era uma autoridade imposta, cerceadora da criatividade e liberdade do aluno.Fazia com que os alunos se sentissem diminuídos, humilhados mesmos, e, mesmo assim, não impedia a bagunça, a traquinagem e o desrespeito às regras, pois a indisciplina sempre existiu. Por esse motivo, de tanto gritar, ameaçar, suspender o professor perdeu a autoridade imposta e ficou sem nenhuma autoridade.

Lembro dos meus tempos de ginásio dos professores que nos davam medo só pelo semblante carrancudo. Determinadas aulas não eram prazerosas, eram sessões de tortura. Era difícil até mesmo decorar a matéria, método muito em uso naqueles dias.

Perdida a autoridade, o que se faz? Reconquistá-la! Para isso exige-se mudança de mentalidade e postura. A começar reconhecendo que o aluno é um ser humano com inteligência e afetividade. Merece respeito e amizade. E que aula com calor humano é muito melhor.

Expulsar o aluno não é também uma violência? E violência pode resolver outra violência?

Certa vez, a coordenadora pedagógica atendeu o professor que trazia três alunas adolescentes para um "castigo", pois tinham se agredido em sala de aula. Ela olhou para as três, reconheceu uma que já havia dado vários "problemas" de indisciplina e falou: "Sabia que você tinha que estar nisso!". Dispensou as outras duas alunas e enviou a "problemática" para a sala de leitura, como castigo, devendo lá ficar por três horas consecutivas. Na sua concepção, livros e leituras são um tormento, e não instrumentos para imaginar, sonhar e criar.

Todo professor sabe que, durante sua formação, o que mais se houve como conselho do professores mais experientes é que "não se pode perder o controle da turma", não se pode dar confiança aos alunos, senão eles abusam", "para mantê-los quietos em sala pratique as faltas disciplinares". E não são apenas conselhos, são ensinos transmitidos em muitas Faculdades de Pedagogia.

Que o professor se trabalhe afetivamente. Que se reconheça no outro. Numa palavra: que faça todos os esforços para, como ser humano renovado e crente no potencial de seus alunos, obtenha gradualmente a autoridade moral de quem acredita na educação e ama o que faz.

Pensemos nisso!

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Guerra e Paz

O mundo ainda convulsiona-se em guerras e fala-se em acordo de paz, ajuda humanitária, convocando-se o Conselho de Segurança das Nações Unidas para intervir. Os lados em conflito defendem suas razões para atacar o outro, e os dias, as semanas, os meses passam sem que haja solução e, quando ela existe, é paliativa, as tensões continuam, as acusações não são solucionadas.

Qual a origem da guerra? O egoísmo do homem. É o egoísmo que alicerça o orgulho, o ódio, o interesse econômico, a hipocrisia política, o poder militar. E é pela educação, aviltada e manipulada, que mantemos o egoísmo e alimentamos a guerra, geração a geração.

Mas o homem progride, malgrado os que querem manter o poder em suas mãos, e progride não apenas em ciência e tecnologia, progride igualmente em moral, rebelando-se contra as injustiças, a opressão, o preconceito, a violência. É que o homem está cada vez mais consciente de si mesmo e da vida, por isso assistimos clamores contra a guerra e apelos veementes pela paz.

Contudo, falta amor no coração dos homens. Os laços com o ódio, com as desavenças do passado histórico, ainda são fortes. Muitos se consideram escolhidos, eleitos, poderosos, como tendo primazia sobre outros, quando, na verdade, somos todos iguais. Tire-se a cor da pele, a capa da religião, a distinção sócio-cultural e todos os homens se igualarão, porque são iguais.

O mundo é a nossa casa e requer que seus moradores se entendam para que haja harmonia na convivência e na exploração dos recursos.

Devemos fazer todos os esforços no combate ao egoísmo, secando a fonte do ódio e do rancor, e isso se faz através de uma educação que eleja o amor como sua base, seu roteiro e sua finalidade.

Podemos viver em paz, desde que queiramos a paz. Ela requer menos individualismo e mais cooperação. Sim, é possível, e exemplos não faltam.

Pensemos nisso!

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Cotas e Bônus: Muito Além do A Favor ou Contra

Diante da discussão sobre as cotas e bônus para ingresso na universidade, tenho mantido postura de leitor das opiniões alheias, meditando sobre as diversas argumentações a favor ou contra. São muitas as pressões para declinar minha opinião e, de fato, como exige o assunto, e como educador, não posso me furtar a estudá-lo, o que faço com este artigo. Infelizmente nem todos que opinam estudam com profundidade a matéria, daí resultando em opiniões apaixonadas e raciocínios superficiais, tendo como consequência debates que pouco produzem e, muitas vezes, acabam em falta de respeito entre os debatedores, o que é lamentável.

Lemos na Constituição Federal, a lei maior de nosso país, que "A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho" (Art. 205).

Como podemos observar, não há distinção de pessoa, ou seja, a educação é um direito de todos. Para que esse direito seja promovido igualitariamente, propõe-se o Estado a:

"I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação" (parágrafos do artigo 3º da Constituição Federal).

Se não temos justiça e solidariedade; se não erradicamos a pobreza e a marginalização; se não promovemos desenvolvimento e reduzimos as desigualdades sociais; se existem preconceitos de todos os tipos, gerando discriminação; é porque não estamos fazendo o que deveríamos fazer e que consta na lei máxima como um dever. E digo que não estamos fazendo, porque o poder emana do povo e a educação deve ser promovida com a colaboração da sociedade, ou seja, não é tarefa de competência exclusiva do governo, como lemos acima na transcrição do artigo 205.

Bastaria cumprir a lei para termos uma nação sem necessidade de cotas, bônus, vestibular e outras coisas, como, por exemplo, a aprovação automática, mas é fato que a lei não é cumprida, e por esse motivo padecemos de inúmeros problemas sócio-educacionais que requerem medidas de urgência para minorar suas danosas consequências. Entretanto, devemos lembrar que medidas emergenciais não são solução, mas paliativos.

Pois bem, ainda estudando a Constituição Federal no que se refere à educação, lemos no artigo 206:

"O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas; VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei; VII - garantia de padrão de qualidade. VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos de lei federal".

O texto da lei é claro: igualdade de condições para o acesso e permanência na escola, ou seja, mais uma vez não há distinção de pessoa, nem de classe social, cor, religião, sexo, etc.

Finalizando nosso estudo sobre as disposições da lei, lemos no Artigo 2º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional:

"A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho".

Cremos não haver dúvida quanto aos deveres do Estado e da sociedade em promover uma educação de qualidade para todos, sem nenhum tipo de distinção, através de escolas públicas e particulares em todos os níveis de ensino. Se isso não acontece, não é simplesmente porque existem preconceitos contra negros e índios, contra pobres e estudantes da rede pública de ensino, mas sim porque cultivamos, há séculos, o egoísmo e o orgulho, a hipocrisia e a vaidade através da educação, gerando, na prática, extratos culturais preconceituosos e discriminatórios, a favor de quem manda, de quem tem o poder o quer manter a todo custo, do que dão provas os famosos "currais eleitorais".

Em muitos estados brasileiros a percentagem de diretores escolares apadrinhados e indicados por políticos locais, nas escolas públicas, é da ordem de 30% a 50%.

Sabemos que a porcentagem do PIB aplicada à educação deve ser da ordem de 6% a 8%, e não os 4,4% atuais. Temos consciência da necessidade de uma Lei de Responsabilidade Educacional, criminalizando prefeitos, governadores e secretários de educação, que vivem desviando verbas e não cumprindo com os programas educativos em sua esfera de ação.

Diante de tudo isso, nossa conclusão é que cotas e bônus para ingresso na universidade são um paliativo que empurra para frente, quem sabe daqui há dez ou vinte anos, a solução, com um agravante: tudo estará mais complicado.

Por isso afirmamos: não se trata de ser a favor ou contra. A questão vai muito além: trata-se de cumprir a lei e fazer educação de qualidade para todos, dando oportunidades iguais e considerando toda pessoa da mesma forma, sem nenhuma distinção. Isso é papel da educação. É dever do Estado, e também da sociedade.

Vídeo - O Jovem e a Dinâmica Educacional

O vídeo sobre educação espírita O Jovem e a Dinâmica Educacional aborda a importância da participação do jovem no processo ensino-aprendizag...